Se você soubesse...

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Rafa não sabia se a sensação de tontura era devido à quantidade montanhosa de chocolate que acabara de consumir, ou se foram os toques frequentes de Gizelly durante o passeio. Tinham acabado de fazer uma visita incrível ao “Mundo do Chocolate”, uma espécie de museu onde todas as peças eram feitas de chocolate, e que incluía a maior Torre Eiffel de chocolate do mundo, com mais de quatro metros. A precisão das peças havia impressionado a cupido, pois até então via o doce simplesmente como algo gostoso e comestível, não esperava que obras de arte poderiam ser feitas com ele. Mas estava errada, pois não só era possível, como as obras continham detalhes que só pensara ser possível nas esculturas feitas pelas mãos mais talentosas do planeta. Estava verdadeiramente encantada.

Não bastasse a beleza e os feitos surpreendentes com o doce, ao final do passeio ainda puderam assistir como uma fruta se transformava naquela delícia marrom. Gizelly não pareceu muito afetada pelos métodos utilizados, mas Rafaella estava extremamente interessada, e fazia diversas perguntas para os trabalhadores do local. A capixaba chegou a pensar que a loira tentaria usar seus novos conhecimentos, tamanho seu interesse, mas logo esqueceu disso, pois foram direcionadas para a parte onde ficava a loja do lugar, e quase perdera a maior de vista tamanha sua empolgação com tudo.

Foi assim que saíram do museu com três sacolas imensas preenchidas com os mais diversos tipo de chocolate. Rafa a havia convencido que seria um crime não querer experimentar tudo que havia ali, pois alguém os teria fabricado com todo o cuidado, uma vez que eram chocolates artesanais, e ela não tentou argumentar. Afinal, quem negaria aquela quantidade de seu doce favorito?

Após isso, a morena acabou deixando a cupido nervosa, pois mencionou um lugar especial em que gostaria de levá-la, atiçando a curiosidade da mesma. O que ela não sabia é que o nervosismo de Rafa com isso pouco tinha a ver com curiosidade, e sim com o brilho em seu olhar no momento em que contou do tal lugar. A felicidade que emanou, somada à intensidade com que a encarou, sinalizava o que a loira vinha tentando ignorar, mas que ficava mais difícil a cada momento que passava ao seu lado. Havia algo ali, que não deveria existir, e a única coisa que impedia sua existência completa era a relutância da maior, assim como sua consciência de que ceder seria machucá-la novamente. Era por isso que resistia, com toda força que conseguia, pois sabia o que teria que acontecer no momento em que cedesse às suas vontades. Sim, já havia entendido que elas existiam e o que queriam, mas estava determinada a vencê-las e completar sua missão como cupido. Seria mais forte que seu desejos.

- Ok, estamos chegando e eu já aviso que talvez você não esteja preparada para se deparar com a beleza desse lugar – Foi despertada de seus pensamentos por uma morena implicante, que fingia não observá-la pelo canto do olho.

“Eu me deparo com a SUA beleza todo dia e sobrevivo...”

- É tão bonito assim? – Já havia visto lugares belíssimos nas menos de vinte e quatro horas que estavam em Gramado, então Rafaella estava um pouco incrédula quanto a esse próximo local.

- É o MAIS bonito. Meu lugar favorito no mundo... - Havia um pouco de reverência na voz da morena, o que despertou a curiosidade da cupido, que agora não via a hora de chegarem.

- Então mal posso esperar para conhecê-lo – A engenheira ainda estava perdida em alguma lembrança que lhe atingira, e sequer ouviu a resposta da maior.

“Se ela está tão envolvida assim, esse lugar deve ter algum tipo de magia envolvida, caso contrário como alguém seria afetado dessa maneira?”

Rafa não sabia aquela resposta, mas não demoraria a descobrir. Também não demoraria a encontrar seu lugar favorito no mundo, e então compreenderia a reação de Gizelly com a simples menção do “seu lugar”.

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