Capítulo 4 - Ilha e lembranças.

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Camila 

Duas imagens borradas de Lauren pairavam sobre mim, e pisquei até que elas se fundissem. Ela tinha cortes no rosto, e o olho esquerdo estava fechado de tão inchado. 

— Onde estamos? — perguntei. 

Minha voz soava rascante e minha boca tinha gosto de sal. 

— Não sei. Em alguma ilha. 

— E John? — perguntei. 

Lauren fez um gesto negativo com a cabeça.

— O que restou do avião afundou rápido.

— Não consigo me lembrar de nada. 

— Você desmaiou na água e, como não consegui acordar você, pensei que estivesse morta.

Minha cabeça latejava. Toquei na testa e gemi quando meus dedos roçaram um grande calombo. 

Alguma coisa pegajosa cobria a lateral do meu rosto. 

— Estou sangrando? 

Lauren debruçou-se sobre mim e afastou meu cabelo com os dedos, procurando a origem do sangramento. Gritei quando ela encontrou. 

— Desculpe-me — disse ela. — É um corte profundo. Não está mais sangrando tanto. Sangrou muito mais quando estávamos na água. 

O medo me dominou, viajando pelo meu corpo como uma onda. 

— Havia tubarões? 

— Não sei. Não vi nenhum, mas fiquei preocupada. 

Respirei profundamente e me sentei. A praia girou. Apoiando minhas mãos abertas na areia, me segurei até que o pior da tontura passasse. 

— Como chegamos aqui? — perguntei. 

— Enrolei meus braços entre as tiras do seu colete salva-vidas e boiamos com a correnteza até chegarmos à praia. Aí arrastei você para a areia. 

E então percebi o que ela tinha feito. Olhei para a água e não falei nada por um minuto. Pensei no que poderia ter acontecido se ela me soltasse ou se os tubarões tivessem aparecido — ou se não houvesse uma ilha. 

— Obrigada, Lauren 

— De nada — disse ela, encontrando meus olhos por apenas alguns segundos antes de olhar para o outro lado. 

— Você está ferida? — perguntei. 

— Estou bem. Acho que bati o rosto na cadeira da frente. 

Tentei levantar e não consegui, dominada pela tontura. Lauren me ajudou, e desta vez fiquei de pé. 

Desafivelei meu colete salva-vidas e deixei que caísse na areia. 

Eu me virei de costas para o mar e olhei em direção à terra. A ilha parecia com as das fotos que eu vira na internet, exceto por não ter um hotel de luxo nem casas de veraneio. A areia branca imaculada parecia açúcar sob meus pés descalços; eu não tinha ideia do que havia acontecido com meus sapatos. A praia dava lugar a arbustos floridos e uma vegetação tropical, e depois a uma área de mata onde as árvores cresciam próximas umas às outras, as folhas formando uma cobertura. Do sol, alto no céu, emanava um calor intenso. A brisa do oceano não conseguia abrandar a minha temperatura corporal, que só aumentava, e o suor gotejava pelo meu rosto. Minhas roupas estavam grudadas na pele. 

— Preciso me sentar de novo. 

Meu estômago revirava, e pensei que talvez estivesse prestes a vomitar. Lauren se sentou ao meu lado e, quando o enjoo finalmente passou, eu disse: 

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