Capítulo 43 - Avião.

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Acordei antes de Camila e pedi ovos, panquecas, salsicha, bacon, torrada, bolinhos de batata, suco e café. Quando o café da manhã chegou, eu a beijei até ela acordar.

Ela abriu os olhos.

- Estou sentindo cheiro de café.

Eu lhe servi uma xícara. Ela tomou um gole e suspirou.

- Ah, como é bom.

Comemos na cama e, logo em seguida, Camila foi tomar um banho. Fiquei perto do telefone para o caso de meu pai ligar. Assim que ela terminou, entrei. Saí minutos depois, me enxugando com uma toalha.

O telefone tocou às onze manhã. Meu pai tinha fretado um jato e disse que precisávamos estar no aeroporto em uma hora.

- A não ser pelas paradas para reabastecimento, vocês voam direto para casa. Vamos esperar por vocês no aeroporto de O'Hare.

- Pai, Camila tem tentado falar com a irmã. Você conseguiu entrar em contato com ela?

- Falei duas vezes. O telefone dela tem ficado ocupado, mas o nosso também, Lauren. As notícias correm rápido. O aeroporto tomou medidas especiais, e vão nos deixar ficar no portão de desembarque quando vocês pousarem, mas a imprensa também vai estar lá. Vou fazer o que estiver ao meu alcance para manter a imprensa a uma distância razoável.

- Tudo bem. Acho melhor eu ir, para chegarmos ao aeroporto na hora.

- Eu amo você, Lauren.

- Também amo você, papai.

Vesti a camiseta e o short que tínhamos comprado na loja do hotel. Camila colocou o vestido azul. Tirei o cartão do homem da firma de fretamento de aviões do bolso do short antigo e joguei nossas roupas velhas e sujas no lixo. Colocamos todo o resto das coisas em sacolas plásticas que encontramos no quarto.

Depois de acertarmos tudo na recepção, tomamos o transporte do hotel para o aeroporto. Camila não conseguia ficar quieta. Eu ria e a abraçava.

- Você está pilhada.

- Eu sei. Estou ansiosa e tomei muito café.

O ônibus parou na entrada do aeroporto para descermos.

- Está preparada para ir embora daqui? - perguntei, pegando a mão dela.

Ela sorriu e disse:

- Sem dúvida.

A tripulação do avião - piloto, copiloto e uma comissária - deram vivas e nos aplaudiram quando Camila e eu entramos na aeronave. Trocamos apertos de mãos, sorrimos e nos apresentamos.

Examinei o avião. Havia sete assentos; cinco poltronas separadas por um corredor estreito e duas poltronas contíguas. Ao longo da parede, havia um sofá estreito. Eu não conseguia imaginar quanto isso devia ter custado ao meu pai.

- Que tipo de avião é este? - perguntei.

- É um Lear 55 - respondeu o piloto. - É um jato de porte médio. Vamos ter que parar algumas vezes para abastecer, mas devemos aterrissar em Chicago daqui a mais ou menos dezoito horas.

Camila e eu colocamos nossas sacolas de plástico no compartimento superior e nos acomodamos nos assentos de couro, contíguos e reclináveis. Diante de nós, havia uma grande mesa presa ao chão.

A comissária de bordo se aproximou assim que afivelamos os cintos de segurança.

- Olá. Eu me chamo Susan. O que gostariam de beber? Tenho refrigerantes, cerveja, vinho, coquetéis, água mineral, suco e champanhe.

- Escolha primeiro, Camila.

- Vou querer água, champanhe e suco, por favor - disse ela.

- Gostaria que eu preparasse um mimosa? Temos suco natural de laranja.

Camila sorriu para Susan.

- Eu adoraria. Obrigada.

- Eu vou querer água, cerveja e Coca - pedi.

- Claro. Volto num instante.

Tínhamos tolerância zero para álcool e logo ficamos meio bêbadas. Camila bebeu dois coquetéis, e eu tomei quatro cervejas. Ela não parava de dar risadinhas, e eu não conseguia parar de beijá-la. Nós fazíamos muito barulho, também, e Susan se empenhava fantasticamente em fingir que não notava. Ela trouxe um enorme prato de queijo, biscoitos e frutas, provavelmente na esperança de que isso nos deixasse mais sóbrias. Devoramos tudo, mas não antes de eu tentar jogar diversas uvas na boca aberta da Camila. Errei todas as vezes, o que nos divertiu muito.

Quando escureceu, Susan trouxe mantas e travesseiros.

- Ah, que bom - disse Camila, em meio a um soluço. - Estou um pouco sonolenta.

Estiquei as mantas sobre nós duas e enfiei minhas mãos debaixo do vestido da Camila.

- Pare com isso - ordenou ela, tentando afastar minhas mãos. - Susan está logo ali.

- Susan não vai se importar - falei, puxando a manta por cima das nossas cabeças para que pudéssemos ter um pouco de privacidade. Mas era só brincadeira, porque cinco minutos depois eu tinha desmaiado.

Acordei com dor de cabeça. Camila ainda dormia, a cabeça apoiada no meu ombro. Quando ela acordou, nos revezamos em escovar os dentes no banheiro. Susan colocou um prato de sanduíches de peru e rosbife na mesa com batatas fritas e Coca-Cola. Também me deu dois comprimidos de analgésico e duas garrafas de água.

- Obrigado.

- De nada - disse ela, me dando um tapinha no ombro.

Engolimos os comprimidos com um gole de água.

- Que dia é hoje, Camila?

Ela pensou por um minuto antes de responder:

- 28 de dezembro?

- Quero passar o Ano-Novo com você - falei. - Até lá, já vou estar morrendo de saudades.

Camila me deu um beijo rápido.

- Combinado.

Comemos os sanduíches e as batatas fritas e passamos o resto do tempo conversando.

- Pensei neste dia por tanto tempo, Lauren. Posso imaginar minha mãe e meu pai, Sofia, David e as crianças, todos me esperando enquanto eu corro para eles de braços abertos.

- Também já pensei muito neste dia. Eu tinha medo de que nunca acontecesse.

- Mas aconteceu - disse Camila, sorrindo para mim.

O céu clareou, e avistei pela janela os campos congelados do Meio-Oeste. Quando descemos para pousar em Chicago, Camila apontou e falou:

- Olhe, T.J., neve.

Aterrissamos em O'Hare pouco antes das oito da manhã. Camila abriu o cinto de segurança e se levantou antes que o avião parasse completamente.

Pegamos nossas sacolas de plástico do compartimento superior e atravessamos o corredor do avião depressa, até chegarmos à frente do avião. O piloto e o copiloto apareceram.

- Foi um prazer trazê-las de volta para casa - disse o piloto. - Boa sorte para vocês duas.

Nós nos voltamos para Susan.

- Obrigada por tudo - agradeceu Camila.

- De nada - respondeu Susan, nos dando um abraço.

Alguém abriu a porta do avião.

- É agora, Lauren. - disse Camila. - Vamos.

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