Capítulo 14 - Torta de chocolate.

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Camila

O brilho da luz do sol me acordou, iluminando o interior do bote salva-vidas. Lauren já tinha se levantado e saído para apanhar lenha ou pescar. Dei um bocejo, espreguicei os braços e as pernas e engatinhei para fora da cama. Minha mala estava na cabana, e fui até lá. Peguei um biquíni e voltei para o bote para me trocar. Depois de me vestir, levantei as abas de náilon para arejar um pouco. Lauren apareceu com os peixes que pescara para o café da manhã. Ela sorriu.

— Oi.

— Bom dia.

Fui verificar a árvore de fruta-pão e o coqueiro, carregando tudo o que estava caído no chão e trazendo para a cabana. Lauren quebrou os cocos enquanto eu limpava e cozinhava os peixes.

Depois do café da manhã, escovamos os dentes, enxaguando com a água da chuva, e anotei a data na minha agenda. Já era setembro. Difícil de acreditar.

— Quer nadar? — perguntou Lauren.

— Claro.

Na semana passada, Lauren tinha avistado duas barbatanas logo fora dos recifes. Entramos em pânico e saímos da água, mas, enquanto observávamos, eles entraram na laguna. Golfinhos. Voltamos para a água e eles não se afastaram, esperando pacientemente que nos aproximássemos.

— Eles agem quase como se quisessem se apresentar — falei, maravilhada.

Lauren deu tapinhas em um deles e riu quando o golfinho soltou água pelo respiradouro. Eu nunca tinha visto criaturas tão sociáveis. Eles nadaram conosco por um tempo e depois se afastaram de repente, como se houvesse algum tipo de programação marinha.

— Talvez os golfinhos voltem hoje — falei e segui Lauren em direção à praia.

Ela tirou a camisa ficando de top e short, logo entrou na laguna.

— Isso seria o máximo. Eu queria montar em um.

Nós duas divertimos usando um dos recipientes plásticos desmontáveis como máscara de mergulho. Havia cardumes de peixes de cores brilhantes: roxo, azul, laranja e de listras amarelas e pretas. Avistamos uma tartaruga e uma enguia colocando a cabeça acima da superfície do oceano.

Nadei rápido, para me afastar, quando vi aquilo.

— Nada de golfinhos — comentei após Lauren e eu termos nadado por pelo menos uma hora. — Nós nos desencontramos, provavelmente.

— Podemos tentar de novo depois de um cochilo. — De repente, ela apontou para a beira da água. — Camila, olhe lá.

Era possível ver uma pata de caranguejo saindo da areia, a pinça abrindo e fechando. Saímos correndo da água.

— Vou pegar meu casaco — disse ela.

— Rápido! Ele está tentando se enterrar.

Lauren voltou em tempo recorde, enrolou o casaco ao redor do caranguejo e o puxou para fora da areia. Votamos para a cabana, e Lauren o jogou no fogo.

— Ah, meu Deus! — exclamei, pensando por um segundo sobre o fim violento do caranguejo. Superei rapidamente esse sentimento.

Quebramos as patas com o alicate da caixa de ferramentas, nos fartando. A carne de caranguejo — mesmo sem o molho de manteiga derretida — tinha um sabor melhor do que qualquer outra coisa que já tinha comido desde que havíamos chegado à ilha. Agora que sabíamos onde eles se escondiam, Lauren e eu teríamos que verificar a beira da água todo dia. Eu estava tão saturada de peixe, coco e fruta-pão que às vezes mal conseguia engolir esses alimentos. Acrescentar a carne de caranguejo forneceria um pouco de variedade, algo de que nossa dieta precisava desesperadamente.

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