Capítulo 41 - Nós duas.

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Lauren

Camila me entregou o celular do médico. Digitei o número da minha casa e esperei alguém atender.

Atenda, atenda, atenda.

— Alô?

Era a minha mãe. Uma onda de emoção percorreu o meu corpo quando ouvi a voz dela. Até aquele momento, eu não tinha percebido o quanto eu sentira a falta da minha mãe. Meus olhos se encheram de lágrimas, e pisquei para afastá-las. Camila passou o braço em torno de mim.

— Mãe, é Lauren. Não desligue. — No outro lado da linha, só havia o silêncio. — Camila e eu não morremos no acidente de avião. Ficamos em uma ilha. A Guarda Costeira nos resgatou depois do tsunami, e estamos num hospital em Malé.

— Lauren? — A voz dela soou estranha, como se estivesse em um transe. Ela desatou a chorar.

— Mãe, passe o telefone para o papai!

— Quem está falando? — gritou meu pai no telefone.

Senti uma segunda onda de emoção quando ouvi a voz do meu pai e quis me apegar a ela, mas meu desejo de fazer alguém entender o que tinha acontecido foi maior. Minha voz estava mais firme quando falei:

— Pai, é Lauren. Não desligue. Apenas ouça. Camila e eu conseguimos ir até uma ilha depois do desastre. A Guarda Costeira nos tirou do oceano depois do tsunami. Estamos no hospital, em Malé. E estamos bem. — Do outro lado da linha, também só o silêncio. — Pai?

— Ah, meu Deus! — exclamou ele. — É você mesmo? De verdade?

— Sim, pai, sou eu mesmo.

— Você estava viva esse tempo todo? Como?

— Não foi fácil.

— Você está bem? Está machucada?

— Estou bem. Cansada, sentindo um pouco de dor e com fome.

— Camila está bem?

— Está, sim, está sentada do meu lado.

— Não sei o que dizer, Lauren. Estou emocionado. Preciso de um minuto para pensar. Preciso ver um jeito de tirar você daí.

Pela primeira vez em um longo tempo, eu não sentia nenhum peso sobre os ombros. Meu pai tomaria as rédeas e nos levaria para casa.

— Pai, Camila quer que você ligue para a irmã dela. Ela quer ter certeza de que a irmã vai estar a par de tudo o que você estiver providenciando.

Camila me disse o número de telefone da irmã, e repeti para o meu pai.

— A última coisa que quero fazer é desligar, Lauren, mas são oito da noite aqui, e preciso começar a dar uns telefonemas antes que fique tarde demais. Colocar vocês em um avião pode ser difícil por causa do Onze de Setembro. Se eu não conseguir arranjar lugar para você e Camila em um voo comercial, vou fretar um avião. Provavelmente só vou conseguir tirar você daí amanhã. Vocês dois estão liberados para deixar o hospital?

— Acho que sim.

— Alguém pode levar vocês para um hotel?

— Posso ver isso. Talvez alguém possa nos dar uma carona.

— Assim que você chegar ao hotel, telefone para mim. Vou passar para eles o número do meu cartão de crédito.

— Tudo bem, pai. A mamãe está bem?

— Está, sim. Está aqui do meu lado. Ela quer falar com você.

Quase não consegui entender a minha mãe. Assim que ela ouviu minha voz, começou a chorar de novo.

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