Capítulo 23 - Água-viva.

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Lauren

Eu estava na mata no momento em que Camila gritou. O grito veio de onde ficava a casa e, quando saí do meio das árvores, corri na direção do som.

Ela cambaleou e desmoronou no chão. Ofegante, disse:

— Água-viva.

Os contornos dos tentáculos haviam deixado marcas vermelhas nas pernas, barriga e peito de Camila. Eu não sabia o que fazer.

— Tire isso de mim! — gritou ela.

Quando olhei para baixo, vi alguns tentáculos translúcidos ainda grudados na barriga e no peito.

Puxei um, que me feriu.

Corri para o coletor de água e peguei o recipiente de plástico no chão perto dele. Enchi-o, corri de volta para onde Camila estava e joguei a água fresca em cima dela. Os tentáculos não soltaram, e ela gritou de dor, como se a água fresca piorasse.

— Lauren, tente água do mar — disse ela. — Rápido!

Ainda segurando o recipiente, disparei até a beira do mar e enchi o vasilhame. Voltei correndo e, dessa vez, quando joguei a água do mar em cima dela, Camila não gritou.

Ela choramingava no chão enquanto eu tentava descobrir o que fazer em seguida. Eu sabia que ela ainda sentia dor, pela maneira como se movia para a frente e para trás, lutando para achar uma posição confortável.

Eu me lembrei da pinça e corri para a mala de Camila para pegá-la. Quando voltei, tirei os tentáculos o mais rápido que consegui. Ela fechou os olhos e gemeu.

Eu havia tirado quase todos quando a pele de Camila começou a ficar vermelha, não só onde ela havia sido ferida, mas por toda parte. Suas pálpebras e lábios incharam. Entrei em pânico e joguei mais água do mar nela, mas não ajudou. Seus olhos se fecharam de tão inchados.

Corri para a cabana, peguei o kit de primeiros socorros, voei de volta para a areia perto dela e abri a tampa, jogando tudo para fora. Quando peguei o frasco com o líquido vermelho dentro, ouvi sua voz na minha cabeça.

Isso pode salvar sua vida. Faz parar uma reação alérgica.

A essa altura o rosto de Camila lembrava um balão, e seus lábios estavam tão inchados que a pele havia rachado. Tive que brigar com a tampa à prova de crianças, mas, assim que a tirei, coloquei meu braço embaixo de Camila, levantei sua cabeça e joguei antialérgico dentro da sua garganta. Ela tossiu e cuspiu. Eu não fazia ideia de quanto tinha lhe dado.

A parte de cima do seu biquíni saiu do lugar quando eu a levantei. Estava muito grande, já que ela tinha perdido peso, e, quando olhei, vi alguns tentáculos do lado de dentro, ainda ferindo sua pele.

Arranquei a parte de cima, assustando-me com as marcas nos seus seios. Eu a deitei novamente, joguei o resto da água do mar nela e tirei os tentáculos com a pinça.

Tirei minha camiseta e cobri Camila.

— Você vai ficar bem, Mila. — Então segurei a mão dela e esperei.

Quando sua pele não estava mais tão vermelha e o inchaço havia melhorado um pouco, olhei o conteúdo do kit de primeiros socorros jogado no chão. Depois de ler todos os rótulos, escolhi um tubo de pomada de cortisona.

Comecei nas pernas dela e fui subindo, passando a pomada nos ferimentos.

— Isso melhora?

— Melhora — sussurrou ela. Seus olhos não estavam mais tão inchados, mas ela não os abriu. — Estou tão cansada.

Eu não sabia se podia deixá-la dormir, com medo de talvez ter-lhe dado uma overdose. Quando verifiquei o frasco do antialérgico, ainda havia bastante do remédio lá, e a bula dizia que ele poderia causar sonolência.

— Tudo bem, pode dormir.

Ela desmaiou antes que eu terminasse a frase.

Passei a pomada na barriga dela, mas, quando cheguei nos seios, hesitei. Acho que ela não tinha reparado que eu havia tirado a parte de cima do biquíni dela, ou talvez não tenha se importado.

Levantei a camiseta que a cobria e me encolhi.

Seus seios estavam horríveis. Feridas em alto-relevo se espalhavam sobre a sua pele, algumas já formando crostas com o sangue seco.

Eu me mantive focada, pensando apenas em ajudá-la, e apliquei a pomada cuidadosamente com a ponta dos dedos. Quando terminei, chequei para ver se deixara passar alguma ferida.

A cor da pele dela estava normal de novo, e o inchaço havia desaparecido. Esperei mais um pouco, depois a levantei e a carreguei para o bote salva-vidas.

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