Camila
Lauren e eu pegamos o elevador para o apartamento dos pais dela, que ficava no décimo segundo andar.
— Não toque em mim. Nem mesmo olhe para mim de maneira inapropriada — avisei.
— Posso ter pensamentos supersacanas?
Fiz que não com a cabeça.
— Isso não está ajudando. Ai, estou enjoada.
— Minha mãe é legal. Contei para você o que ela disse sobre nós. Só relaxe.
Michael Jauregui ligara para o celular de Sofia no dia de Ano-Novo. Quando o nome apareceu no identificador de chamadas, pensei que fosse Lauren, mas, quando falei alô, Michael me cumprimentou e perguntou se eu não queria jantar lá na noite seguinte.
— Eu e Clara queremos conversar algumas coisas com você.
Por favor, que não seja uma delas o fato de eu dormir com a sua filha.
— Claro, Michael. A que horas?
— Lauren disse que pode pegar você às seis.
— Tudo bem. Vejo você amanhã à noite.
Passei as vinte e quatro horas seguintes à ligação de Michael achando que fosse vomitar. Eu não conseguia decidir se levava flores ou uma vela para Clara, então levei as duas coisas. Agora, no elevador, meu nervosismo ameaçava tomar conta de mim. Entreguei a sacola de presente e o buquê para Lauren e enxuguei na saia minhas mãos úmidas.
A porta do elevador se abriu. Lauren me beijou e disse:
— Vai ser bom.
Inspirei profundamente e o segui.
O apartamento dos Jauregui na Lake Shore Drive era decorado com bom gosto em tons de bege e creme. Em um canto da ampla sala de estar, havia um piano de cauda de pequenas proporções, e pinturas impressionistas decoravam as paredes. Um sofá aveludado, um sofá de dois lugares, cadeiras combinando e pilhas de almofadas ornadas com borlas circundavam uma grande mesa de centro.
Michael serviu os aperitivos na biblioteca. Eu me sentei em uma poltrona de couro segurando uma taça de vinho tinto. Lauren se sentou na cadeira perto de mim. Michael e Clara estavam do lado oposto a nós no sofá de dois lugares, Clara saboreando uma taça de vinho branco e Michael bebendo alguma coisa que parecia uísque.
— Obrigada por me convidarem — falei. — A casa de vocês é linda.
— Obrigada por vir, Camila — disse Clara.
Todos tomaram um gole. O silêncio encheu a sala.
Lauren — a única pessoa relaxada — tomou um gole grande da cerveja de que ela mesmo havia se servido e dispôs um braço sobre as costas da minha poltrona.
— A imprensa perguntou se você e Lauren dariam uma entrevista coletiva — comentou Michael. — Em troca, eles parariam de incomodar vocês.
— O que você acha, Camila? — perguntou Lauren.
A ideia me apavorava, mas eu estava cansada de lutar para passar pelos repórteres. Talvez se respondêssemos às perguntas, eles nos deixassem em paz.
— Seria televisionada? — perguntei.
— Não, eu já disse a eles que teria que ser uma entrevista coletiva fechada. Eles fariam na estação de TV, mas não televisionariam.
— Se os repórteres concordarem em nos deixar em paz, eu faço.
— Eu também — concordou Lauren.
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On The Island
FanfictionUma ilha deserta e ensolarada, com vegetação luxuriante e banhada por um mar cristalino pode ser o cenário de um sonho. Ou de um pesadelo... Camila é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicag...