On The Island

Capítulo 56 - Garota.

Camila

Dinah e eu pedimos uma garrafa de vinho no bar enquanto aguardávamos uma mesa.

- Então Lauren foi visitar a amiga neste fim de semana? - perguntou ela.

- Foi. - Olhei para o relógio: oito horas e três minutos da noite. - Meu palpite é que elas estejam indo a toda velocidade para ficarem doidonas neste momento. Pelo menos espero que sim.

- Você não se importa se ela ficar bêbada?

- Você se lembra do que fazíamos na universidade?

Dinah sorriu.

- Como é que nunca fomos presas?

- Saias curtas e muita sorte. - Bebi um gole de vinho. - Quero que Lauren tenha essas experiências, para que não fique com a sensação de ter perdido essa época da vida.

- Você está tentando convencer a si mesma ou a mim?

- Não estou tentando convencer ninguém. Só não quero prendê-la.

- Rob e eu queremos conhecer Lauren, se ela é importante para você, gostaríamos de nos encontrar com ela.

- Obrigada. Isso é muito legal da sua parte, Dinah.

O barman colocou mais duas taças de vinho na nossa frente.

- Essas são dos rapazes sentados no canto.

Dinah esperou um minuto e depois pegou a bolsa pendurada nas costas da cadeira. Tirou um espelho e um batom e virou-se de costas.

- E então?

- Eles são bonitos.

- Você é casada!

- Não vou para casa com nenhum deles. Além disso, Rob sabia que eu gostava de flertar quando se casou comigo. - Ela passou o batom e usou um guardanapo para tirar o excesso. - E ninguém me manda uma bebida desde o meio da década de noventa, então, cale a boca.

- Temos que ir até lá e agradecer ou podemos simplesmente ignorar? - perguntei.

- Você não quer falar com eles?

- Não.

- Tarde demais. Lá vêm eles.

Olhei por cima do ombro enquanto eles se aproximavam.

- Oi - saudou um deles.

- Oi, obrigada pelo vinho.

O amigo dele puxou conversa com Dinah. Revirei os olhos quando ela jogou o cabelo e deu uma risadinha.

- Meu nome é Drew.

Ele tinha cabelo castanho e usava terno e gravata. Parecia ter entre trinta e cinco e quarenta anos. Era atraente se você gosta do estilo mauricinho.

- Camila.

Trocamos um aperto de mãos.

- Reconheci você da foto no jornal. Aquela foi uma experiência difícil. Mas você deve estar cansada de falar sobre isso.

- Estou.

A conversa travou, então tomei um gole do vinho.

- Vocês estão esperando uma mesa? - perguntou ele.

- Estamos. Já deve estar quase pronta.

- Talvez possamos nos juntar a vocês.

- Desculpe-me, mas hoje não. Quero passar um tempo com a minha amiga.

- Claro. Eu entendo. Talvez eu possa pegar seu número de telefone.

- Acho que não.

- Ah, vai - disse ele, sorrindo e fazendo charme. - Sou um cara legal.

- Estou com outra pessoa.

- Nossa, essa foi rápida - Ele me olhou de modo estranho. - Espere, você não quer dizer aquela garota, não é?

- Ela não é uma garota.

- É, sim.

Dinah deu um tapinha nas minhas costas.

- Nossa mesa está pronta.

- Obrigada mais uma vez pelo vinho. Com licença.

Peguei minha bolsa e meu casaco, deslizei do banquinho do bar e segui Dinah.

- O que ele disse para você? - perguntou Dinah quando nos sentamos à mesa. - Você não parecia muito animada com ele.

- Ele descobriu que eu não era solteira. Então chamou Lauren de garota.

- O ego dele provavelmente estava um pouco ferido.

- Lauren é jovem, Dinah. Quando as pessoas olham para ela, não veem o que eu vejo. Eles veem uma garota.

- E o que você vê?

- Eu só vejo Lauren.

* * *

Ela voltou para casa no domingo à noite, cansada e de ressaca. Colocou a mala no chão e me puxou para os seus braços. Eu lhe dei um longo beijo.

- Uau! - exclamou ela.

Ela pegou meu rosto e me beijou de volta.

- Senti saudade de você.

- Também senti saudade.

- Como foi?

- O quarto dela no dormitório é um buraco, uma garota quase vomitou em mim, e alguém fez xixi no elevador.

Torci o nariz.

- É mesmo?

- Sinceramente, não fiquei nada impressionada.

- Provavelmente você pensaria diferente se tivesse ido para a universidade direto do colégio.

- Mas não fui, Camila. E ainda estou atrasada.