Capítulo 11 - Vazio.

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Lauren

Não comemos nada além de coco e fruta-pão nos dezoito dias seguintes, e nossas roupas estavam largas. O estômago de Camila roncava enquanto ela dormia, e eu sentia uma dor constante na barriga. Eu duvidava de que ainda estivessem nos procurando, e um sentimento vazio, oco, que não tinha nada a ver com fome, se juntava à dor nas minhas vísceras sempre que eu pensava na minha família e nos meus amigos.

Pensei que fosse impressionar Camila se conseguisse caçar um peixe com o arpão. Em vez disso, consegui furar meu pé, e isso doeu para cacete, mas fingi não ter doído tanto.

— Quero colocar pomada antibiótica no machucado — disse Camila. Ela aplicou a pomada de leve no corte e cobriu com um Band-Aid. Ela disse que a umidade da ilha era perfeita para os germes e que pensar em um de nós dois pegando uma infecção a deixava em pânico. — Você vai ter que ficar fora da água até isso sarar, Lauren. Quero que você mantenha a ferida seca.

Ótimo. Sem pescar e sem nadar.

Os dias passavam lentamente. Camila ficou quieta. Ela dormia mais, e eu a pegava enxugando os olhos quando eu voltava depois de catar lenha ou explorar a ilha. Um dia a encontrei sentada na praia, olhando o céu.

— É mais fácil se você parar de pensar que eles estão voltando — falei para ela.

Camila olhou para mim.

— Então só devo esperar que um avião sobrevoe a ilha algum dia por acaso?

— Não sei, Camila.

Eu me sentei ao lado dela.

— Podíamos ir embora no bote salva-vidas — falei. — Encher de comida e usar os recipientes de plástico para coletar água da chuva. Apenas começar a remar.

— E se a comida acabasse ou alguma coisa acontecesse com o bote? Seria suicídio, Lauren. Obviamente não estamos na rota de voo para nenhuma dessas ilhas habitadas, e não há garantias de que um avião vá nos sobrevoar. Essas ilhas estão espalhadas por milhares de quilômetros de água. Não posso enfrentar isso. Não depois de ver o John. Eu me sinto mais segura aqui, na ilha. E sei que eles não vão voltar, mas dizer isso em voz alta parece uma desistência.

— Eu costumava me sentir assim, mas não me sinto mais.

Camila me examinou.

— Você se adapta fácil.

Concordei com um gesto de cabeça.

— Nós moramos aqui, agora.

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