Lauren
A chuva caía lateralmente. Trovões estrondeavam, raios iluminavam o céu. O vento balançava o bote salva-vidas, e eu estava preocupada, achando que ele pudesse nos deslocar a caminho da praia.
Fiz uma anotação mental: Encontrar algo para ancorar o bote salva-vidas amanhã.
— Você está acordada? — perguntei a Camila.
— Estou.
A tempestade mostrou sua ira durante horas. Nós nos aconchegamos uma na outra cobrindo nossas cabeças com o cobertor. O fino náilon que cobria o teto e descia pelas laterais do bote salva-vidas era toda a proteção que tínhamos contra os raios, ou seja: proteção nenhuma. Não falamos muito, apenas esperamos que a tempestade passasse e, quando isso finalmente aconteceu, voltamos a dormir, ambas exaustas.
Na manhã seguinte, Camila trouxe diversos coquinhos verdes que caíram da árvore com a tempestade. Nós os abrimos. A carne tinha um sabor adocicado, e a água não era tão amarga quanto os cocos castanhos.
— São tão bons — disse Camila.
A cabana tinha desabado, e nosso fogo se extinguira. Por isso, tive que fazer outro, desta vez usando meu cadarço. Eu o amarrei às extremidades de uma vara curva. Dando um nó no cordão, enfiei outra vara de forma que ficasse perpendicular ao pedaço de madeira onde eu a apoiava.
— O que está fazendo? — perguntou Camila.
— Vou usar isso aqui para rodar a vara. Foi isso que o cara na TV fez.
Ajustei a tensão na corda e mantive a vara em ângulos diferentes. Levei um tempo para conseguir fazer a vara girar na velocidade certa. Mas, quando isso aconteceu, obtive fumaça em cerca de quinze minutos, e as chamas, logo depois.
— Uau! — exclamou Camila. — Ótima ideia.
— Obrigada.
Empilhei o material combustível e observei o fogo crescer. Camila e eu recolocamos a cabana no lugar. Enxuguei o suor dos olhos e disse:
— Espero que não haja tempestade pior que essa. — Inclinei a última vara contra a cabana. — Porque não sei o que vamos usar como abrigo se houver uma mais forte.
* * *
Camila se afastou para tomar um banho. Vasculhei a mala dela, tentando encontrar a camiseta do REO Speedwagon. Ela me disse que eu podia usar, assim como a da Nike: as duas cabiam em mim. Não encontrei a camiseta, mas encontrei duas caixas de absorventes internos enfiados por baixo de uns shorts.
O que será que ela vai fazer quando os absorventes acabarem?
Remexi um pouco mais nas coisas e reparei nos sutiãs, dobrados e empilhados com cuidado. O preto estava em cima. Peguei um frasco de loção de baunilha, abri a tampa e cheirei.
É por isso que às vezes ela cheira a cupcakes.
Abri um recipiente redondo de plástico. Continha pílulas bem pequenas, com um círculo marcando os dias da semana. Faltavam cinco pílulas. Levei um tempo para perceber que eram anticoncepcionais. Encontrei mais dois pacotes fechados.
Camila não se importava que eu mexesse na mala dela: eu guardava as minhas roupas lá também, porque usávamos minha mochila para carregar a lenha. Mas ela provavelmente não queria que eu mexesse em todas as coisas dela. Eu já ia fechar a mala quando descobri as calcinhas. Estavam no fundo, perto dos tênis. Olhei por cima do ombro, depois apanhei uma calcinha rosa e levantei.
Será que daria para ver através desta calcinha quando ela estiver usando?
Coloquei de volta no lugar e peguei uma preta, fio dental.
Muito sexy. Mas deve ser desconfortável à beça.
Toquei uma calcinha vermelha e olhei com mais cuidado um lacinho preto no meio do elástico da cintura.
Uau. Isso seria um tesão de presente.
Aí apanhei um amontoado de cinco ou seis calcinhas de uma vez só, levei até o meu rosto e cheirei.
— O que você está fazendo? — perguntou Camila.
Eu me virei rapidamente.
— Nossa, você me deu o maior susto!
Meu coração estava aos pulos, e meu rosto parecia pegar fogo.
Há quanto tempo ela estava ali?
— Estou procurando a sua camiseta do REO Speedwagon.
Eu ainda segurava uma calcinha, que deixei cair de volta na mala.
— Verdade? Porque está me parecendo que você está brincando com a minha roupa de baixo. — Ela colocou o sabonete e o xampu na mala.
Ela não parecia zangada, então puxei o fio dental, levantei para ela ver e disse:
— Isso aqui me parece totalmente desconfortável.
— Devolva isso.
Ela tirou da minha mão e jogou de volta na mala enquanto apertava os lábios e tentava não rir.
Quando percebi que ela não tinha ficado brava comigo, sorri e disse:
— Sabe de uma coisa, Camila? Você é legal.
— Fico contente de você pensar assim.
— Eu realmente estava procurando a sua camiseta do REO Speedwagon, mas não consegui encontrar.
— Está pendurada na corda. Já deve ter secado.
— Obrigado.
— Por nada. Mas não fique cheirando minha roupa de baixo de novo, está bem?
— Você viu, não foi?
— Vi.
Vergonha alheia 🗣️🗣️
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On The Island
FanficUma ilha deserta e ensolarada, com vegetação luxuriante e banhada por um mar cristalino pode ser o cenário de um sonho. Ou de um pesadelo... Camila é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicag...