Camila
Já estávamos na ilha havia pouco mais de um ano quando o avião sobrevoou.
Eu estava juntando cocos naquela tarde, e o ranger dos motores, tão alto e inesperado, me assustou. Larguei tudo e corri para a praia.
Lauren irrompeu das árvores. Ela correu na minha direção, e acenamos com os braços para a frente e para trás, observando enquanto o avião voava exatamente acima das nossas cabeças.
Gritamos, nos abraçamos e pulamos, mas o avião virou à direita e continuou voando. Ficamos ali, parados, ouvindo o som dos motores, cada vez mais fraco.
— Ele inclinou as asas? — perguntei a Lauren.
— Não tenho certeza. Inclinou?
— Não consegui ver. Talvez sim.
— Ele tinha flutuadores, não tinha?
— Era um hidroavião — confirmei.
— Então poderia ter pousado lá? — perguntou ela, fazendo um sinal em direção à laguna.
— Acho que sim.
— Eles nos viram?
Lauren usava um short esportivo cinza com uma linha azul fina na horizontal de cada lado e estava de sutiã azul, mas eu estava usando meu biquíni preto, que devia ser visível contra a areia branca.
— Claro. Quer dizer, você não notaria duas pessoas abanando os braços?
— Talvez — disse ela.
— Mas eles não devem ter visto nosso fogo. — Ela apontou para a fogueira.
Não tínhamos derrubado a cabana nem jogado folhas verdes nas chamas para criar mais fumaça. Eu nem tinha certeza se tínhamos folhas verdes na cabana.
Ficamos sentadas na praia pelas duas horas seguintes, sem falar, nos esforçando para ouvir o som de motores de avião se aproximando.
Finalmente, Lauren se levantou.
— Vou pescar. — Sua voz parecia desanimada.
— Tudo bem.
Depois que ela saiu, andei até o coqueiro e juntei os cocos que eu havia deixado cair no chão. Parei na árvore de fruta-pão no caminho de volta, peguei duas e coloquei tudo na cabana. Aticei o fogo e esperei por Lauren.
Quando ela voltou, limpei e cozinhei o peixe para o nosso jantar, mas nenhuma de nós duas comeu.
Eu piscava para afastar as lágrimas e suspirei de alívio quando Lauren foi andar na mata.
Eu me deitei no bote salva-vidas, enrolada como uma bola, e chorei.
Toda a esperança a que eu me apegara desde que nosso avião caíra se estilhaçou em um milhão de pedacinhos naquele dia, como se alguém tivesse martelado um bloco de vidro com um malho. Pensei que, se conseguíssemos ficar na praia quando o próximo avião passasse, seríamos resgatados. Talvez eles não nos tivessem visto. Ou talvez tivessem, mas não sabiam que estávamos desaparecidos. Mas agora não importava mais, porque não iam voltar.
Minhas lágrimas acabaram, e fiquei pensando se finalmente tinham esgotado.
Engatinhei para fora do bote. O sol já havia se posto, e Lauren estava sentada perto do fogo, a mão direita apoiada, sem vida, na coxa.
Olhei mais de perto.
— Ah, Lauren... Está quebrada?
— Provavelmente.
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On The Island
FanfictionUma ilha deserta e ensolarada, com vegetação luxuriante e banhada por um mar cristalino pode ser o cenário de um sonho. Ou de um pesadelo... Camila é uma professora de inglês de 30 anos desesperada por aventura. Cansada do inverno rigoroso de Chicag...