Capítulo 4 - As malditas (ou benditas) borboletas...

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Impressionante como existem arquiteturas que dão sensações diferentes. Eu paro em frente a construção que me lembra algo mais antigo, mas não deixa de estar bem preservado. Ver o teatro me causa um frio na barriga, essa é uma oportunidade que poderá me abrir muitas portas. Tenho que fazer valer todos os anos de estudo.

Já estou dentro do local quando vejo uma borboleta enorme e de asas roxas que invade o teatro. É linda! Preciso gravar esse momento, por isso, eu pego meu celular e tento filmar um storie, andando sem prestar muita atenção por onde passo. Ela encosta numa pilastra e ao me posicionar melhor para tirar uma foto, vejo que tem alguém invadindo minha câmera ao lado da borboleta. Ia pedir licença, mas o meu foco muda para o ser diante de mim, ele mantém-se recostado na pilastra com as mãos dentro do bolso de seu moletom. Seus olhos castanhos me analisam.

— Se continuar com a boca aberta aquela borboleta vai entrar! — ele sorri levemente e eu sinto meu rosto queimar. Como assim meu rosto está queimando, eu devo estar vermelha. Socorro! E agora, Jesus?

— Me chamo Helena! — Me recomponho e estendo a mão, ele a encara por alguns segundos e a aperta de volta. Sua mão está gelada, talvez devido ao frio.

— Juan¹. — Ele diz e eu permaneço imóvel até que ele faz menção de sair. — Acho que estão nos chamando. — Ele aponta para o palco onde vejo uma mulher de meia idade usando roupas extravagantes, com uma mão na cintura e a outra fazendo gestos nos chamando.

— Venham todos! Vamos começar!

Vamos andando e como em pouquíssimas vezes em toda a minha vida, eu não sei o que falar. Minha perturbação mental é interrompida pela voz melodiosa da mulher que anteriormente nos chamou.

— Vamos formar uma roda, jovens. Meu nome é Caytlin Johnson, sou atriz e cineasta e irei acompanhá-los em sua jornada ao estrelato. Agora quero que vocês se apresentem e digam o porquê estão aqui.

Animada eu levanto a mão para falar primeiro.

— Meu nome é Helena Martin, sou atriz, cantora e desde os nove anos venho aprendendo alguns instrumentos musicais. Meu sonho principal é estrelar um filme de Hollywood.

— Oh! Senhorita Martin, finalmente nos vemos pessoalmente. Tenho certeza que a peça pode te abrir algumas portas, mas existe um longo caminho pela frente.

Mais cinco pessoas se apresentaram: Emília, Dakota, Genevieve, Audrey e Kevin. Até que finalmente chega a vez de Juan.

— Meu nome é Juan Hernández, eu me inscrevi na peça porque vejo como uma oportunidade de mostrar minhas habilidades musicais, eu toco desde criança e componho desde os 11 anos.

— Hérnandez? Você é canadense?

— Sim, tenho nacionalidade canadense! Meus pais são mexicanos e moro aqui desde bebê.

— Como já sabem, eu já escolhi a protagonista que será a Helena.

— Como assim, professora? Isso não é justo, todos teremos que passar pela seleção de papéis, por que ela não? — Genevieve, uma garota baixinha e de bochechas avantajadas, contesta.

Entendo o questionamento dela, acho que faria o mesmo ao ver alguém ter mais privilégios, sem contar que ela não me conhece. Só espero que não fique com raiva de mim por eu ter acabado de chegar e já ter toda essa atenção.

— Apesar de ser tão jovem quanto vocês, Helena já tem um currículo bem apresentado, já vem construindo carreira há algum tempo.

Depois de amaciar meu ego, a senhora Johnson manda todos se organizarem, e analisa um por um.

O Juan canta uma música em espanhol, sua voz parece mais rouca que o normal diante da canção, ele canta de olhos fechados enquanto a luz que passa pelo vidro da janela ilumina seu rosto um pouco mais do que o ambiente.

Mal percebo quando a apresentação acaba e a próxima pessoa já se prepara para começar.

— Atenção! Vamos a escalação. Os pais serão Dakota e Emília; Genevieve será dona do restaurante, Juan será Pietro....

Juan me olha brevemente me lançando um sorriso enquanto a Senhora Johnson continua com a escalação e em seguida recebemos orientações sobre os dias e horários dos nossos ensaios e somos todos dispensados. Pego o transporte público e chego em casa depois das cinco da tarde.

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O dia amanhece e a rotina se repete, será que dessa vez eu vou me cansar da rotina mais devagar ou depressa?

— Finalmente temos uma aula juntas, e é ciências— Amber dá um sorriso singelo.

— Pois é, mas não fique surpresa — aviso antes de confessar. — Eu gosto dessa matéria.

Do nada, Amber fecha a expressão e dessa vez já imagino quem seja, vejo que acertei sobre a minha prima ter visto seu ex, mas meu queixo vai ao chão quando, logo atrás do Castiel, vem Juan conversando com ele, os dois riem de algo e sentam em cadeiras próximas um do outro.

Uma ideia passa pela minha cabeça, e concluo que está na hora do jogo começar.

¹ Lê-se Ruan

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