Capítulo 30 - Luta livre

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Não sei mais o que pensar, só sei que seja quem for a Candy, sendo realmente a Lily ou não, ultrapassou todos os limites. Agora é guerra e eu vou tirar essa pessoa das sombras.

Encaro minha imagem na tela do celular e então começo a gravar:

— Até dois minutos atrás eu estava muito empolgada com o ensaio geral da peça até descobrir um post de um instagram de fofocas ridículo, acho que não preciso nem dizer quem é né? Só queria mesmo deixar um recado: Meu amor, qualquer hora dessas você vai se engasgar com o próprio veneno. Imagino que você se acha muito esperta por conseguir se esconder, mas acredite, eu vou te achar.

Publico os stories e ainda com raiva, escolho ir tomar um banho.

Enquanto a água cai sobre os meus ombros e atuo no automático, meus pensamentos vão longe.

O acidente do Damian aconteceu há um tempo porque Candy só comentaria sobre isso agora? Em nenhum outro momento vi sequer um comentário sobre ele e apesar das palavras sempre venenosas, nunca cheguei a ser prejudicada até aquela polêmica envolvendo o Castiel. Como se já não bastasse a Amber ter visto aquele maldito post, ela sempre vê, não acho que combina com ela, mas ela sempre esteve atualizada, sabendo quando tinha algo novo até mesmo quando não tinha viralizado tanto. Depois ela se afastou do Damian e...

Desligo o chuveiro ao ponto que meu cérebro faz uma conexão absurda. Amber se decepcionou comigo e em seguida, eu fui cancelada na internet, Damian voltou a falar com Juan e Castiel e em seguida virou alvo de piadas pesadas. Poderia a Amber ser mais um desses "olheiros" que vendem informações para Candy? Ela seria capaz disso? Ela nem quis que eu me vingasse do Castiel.

Afasto os pensamentos e vou terminar de me cuidar para só então descer para jantar com a minha família, conversamos algumas amenidades. Parece que ninguém está afim de falar sobre o ataque ao Damian agora então, após a refeição volto ao meu quarto.

Abro o instagram e percebo várias notificações indicando que fui marcada em uma publicação, o título é: "A blogueira que não suporta verdades"

"Arraste para o lado e vejam a declaração que @LenaMartin fez em seus stories. Não é curioso como ela se acha capaz de censurar os outros por simplesmente não falar sobre coisas do seu agrado?"

Rosno com raiva e fico me encarando através do espelho. Não posso acreditar que exista a possibilidade de a Amber fazer parte disso, mas como posso ter certeza?

♫♫♫♫♫♫♫♫♫♫

Um longo e exaustivo dia de aula passa, sendo sequenciado por mais ensaios para a peça e prova de figurinos. Temos que garantir que as roupas estejam bem ajustadas no dia da estreia.

Mesmo cansada, não posso mais esperar. Me despeço dos meus colegas e pego o próximo transporte público em direção ao CF Rideau. Já é noite, eu enfio minhas mãos no bolso do casaco para aquecê-las enquanto termino o resto do caminho para casa da Amber a pé.

Não preciso andar muito e chegando perto posso ouvir algumas vozes altas vindas de lá de dentro. As cortinas tampam a visão através das janelas e me pergunto se devo seguir em frente e tocar a campainha.

Eu já vim até aqui, não paguei passagem à toa. Me aproximo para apertar a campainha e a obra abre, sem que eu complete a ação.

Vejo Philip passar pela porta todo vermelho, ele anda reto e nem me nota ou finge não notar.

— Tia Carly, — eu me aproximo, chamando sua atenção.

Seus olhos abatidos me olham enquanto percebo pela visão periférica a Amber subir as escadas correndo.

— O que faz aqui a essa hora?

— Ainda é cedo, tia! E eu vim porque tenho algo urgente para falar com a Amber.

— Esse não é um bom momento.

— Por favor! Eu quero ajudar. — Olho para ela me concentrando na minha melhor expressão para convencê-la. Meus olhos até lacrimejam, ela não tem chance.

Ela suspira e cede espaço para que eu possa passar. Eu vou subindo para o quarto da Amber e Tia Carly avisa que vai ligar para minha mãe vir me buscar. A safada está praticamente me expulsando.

O quarto da Amber não tem chave, a Tia Carly acha melhor não ter. Ela não é invasiva ou algo assim, ela sempre bate na porta antes de entrar.

Eu paro em frente a porta e percebo que os adesivos que estavam ali antes, não estão mais. Sobraram apenas resquícios de sua existência.

Escuto um grito abafado e entro no quarto sem pedir licença. Isso chama atenção de Amber, ela tira o rosto do travesseiro revelando suas lágrimas e em seguida, se levanta num rompante vindo em minha direção.

— O que faz aqui? — ela praticamente grita, e pára a poucos centímetros de mim. — Vai embora! — ela me empurra e eu bato as costas na porta atrás de mim.

Eu seguro os braços da minha prima para que ela não me empurre de novo:

— Para, Amber! Precisamos conversar.

— Vai chamar o capeta para conversar, traidora. — ela faz força e eu também, preciso dar um jeito de fazê-la parar.

— Já falamos sobre isso! Mas, hoje eu vim falar sobre você estar passando informações para a Candy, daquele perfil de fofocas.

Ela para de fazer força, sem aviso prévio. Isso é o suficiente para nos desequilibrarmos e caímos no chão. Para piorar, ainda caí em cima dela. Sua quietude repentina me assusta e em desespero, eu grito:

— Fala alguma coisa, Amber.

— Quem você pensa que é para chegar na minha casa e exigir alguma coisa? — ela se mantém sem expressão e agora sua voz é calma. — Você gosta mesmo é de chamar atenção não é? Quer que todos babem aos seus pés quando não passa de uma garota mimada. Deixe o drama para o teatro, meu docinho — Por que isso soa tão familiar? — eu não quero e não preciso que se meta em minha vida. Eu sou capaz de qualquer coisa, Helena. Não preciso de você nem mesmo para me v... — ela para de falar, sua mandíbula tensa denuncia que ela não está tão calma quanto tenta parecer.

Tentando assimilar todas as palavras, eu saio de cima dela e me sento no chão, ainda pensando. Ainda atônita, observo Amber se levantar e ir na direção da mesinha onde está seu iphone. " Meu docinho" onde foi a última vez que ouvi isso? Ou eu li?

Uma ideia ilumina o meu cérebro e me levanto do chão indo em direção a Amber novamente. Se tem um lugar onde posso conseguir provas de qualquer coisa, é no iphone dela.

Eu corto caminho pulando por cima da cama e consigo pegar o iphone primeiro. Ela arregala os olhos e vem para cima de mim. Com minha mão livre, agarro o travesseiro e o acerto bem em sua face, por reflexo, ela se distrai o suficiente para eu subir na cama novamente e passar para o outro lado. É tudo muito rápido, prestes a abrir a porta ela agarra meu cabelo, não posso deixá-la pegar o aparelho. Me estico para abrir a porta e enquanto tento bloqueá-la usando meu corpo, abaixo o suficiente para jogar o iphone de forma que ele deslize pelo chão, sem quebrar.

Amber solta meu cabelo fazendo menção de ir buscá-lo, entretanto eu uso o meu peso a meu favor e a empurro com mais força para que ela caia dando tempo de correr, pegar o iphone no chão e entrar no banheiro. A loira ainda consegue chegar a tempo de segurar a porta e nós duas fazemos força numa disputa. Ouço a voz da Tia Carly perguntando o que está acontecendo. Parece que isso é suficiente para Amber baixar a guarda e eu finalmente consigo me trancar no banheiro.

O que temos aqui para ela guardar com tanta valentia? 

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