Encaro o meu iphone por um tempo. Faz alguns dias que eu não entro no Instagram. Não com a mesma frequência de antes. Receosa, clico no ícone colorido e me deparo com notificações e mensagens acumuladas.
Jogada no sofá, eu vejo o feed composto de gente sorrindo e expondo seus corpos, vejo frases prontas de autoajuda e pessoas sendo gratas a coisas aleatórias. Procuro pelo perfil da Amber, não tem nenhuma publicação recente a não ser um story. Ela compartilhou uma publicação que diz:
"Na vida, eu sigo as leis da física e a principal delas é: toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade."
Que clichê! Alguém ainda se importa com a publicação de indiretas?
— O que está fazendo? — eu dou um pulo do sofá e meu coração se acelera. Damian chegou muito de repente.
— Credo Damian! Que susto!
Ele dá uma gargalhada.
— Não esperava te dar um susto, mas isso foi um bônus!
— O que você quer? — fico séria e cruzo os braços.
— Estressadinha! — ele zomba e em seguida também fica mais sério — só queria dizer que, aparentemente, o pai da Amber está vindo. A mamãe soube pela tia Carly que ele entrou em contato ontem.
— Nossa! Será que ela está bem?
— Não sei, ela não responde. Ah, sei lá! Parece que ela tem se afastado cada vez mais...
— Desde o dia em que contamos sobre o pai dela? Talvez devêssemos ir até lá. — digo.
— Você acha que ela vai te atender? Ela está nos ignorando mesmo na escola. Ela é escorregadia, é ótima em manter a distância, por mais que eu tente falar com ela.
— Não sei, mas tenho que tentar. Bom, não pode ser amanhã, vou ao Timmy's com Juan.
— Hum... vai sair com o namoradinho — meu irmão debocha.
— Não seja invejoso e vai procurar alguém para você.
Damian mostra o dedo do meio enquanto ri, eu faço o mesmo e saio da sala.
♫♫♫♫♫♫♫♫♫♫
Antes de sair, pego o ofício que minha mãe fez para mim. Assim que cheguei em casa depois da escola, falei com ela sobre o que faríamos e ela achou uma boa ideia.
Já de frente a construção com um letreiro em vermelho, atravesso a porta e olho em volta, procurando o garoto que vim encontrar.
— Nossa, o trânsito me atrasou! — digo.
— Sem problemas — Juan sorri e percebo que seu olhar me analisa.
Às vezes, vale a pena se atrasar por ter ficado duas horas se arrumando. O atendente chega até nós e entrega uma caneca ao Juan, ele diz que pediu um chocolate quente enquanto esperava, até me oferece, mas estou ansiosa demais para pensar em pedir algo agora. Em seguida, o garoto pede para o atendente chamar o gerente. O homem chega apressado, com passos firmes e não perde tempo em perguntar:
— Em que posso ajudá-los? — Um jovem adulto de cabelo alaranjado nos aborda.
— Opa! Então, nós estamos sofrendo com um stalker na nossa cola e não sabemos quem é. Desconfiamos, por conta de algumas evidências, que essa pessoa pode ter passado por aqui num momento que estivemos. Poderia me mostrar suas câmeras para eu poder levar na polícia?
— Nossa, que horrível! Mas, não podemos simplesmente dar acesso às câmeras.
Caramba! Quase me esqueci do documento.
Abro minha bolsa e retiro o ofício de dentro dela, entregando o papel ao homem. Ele olha desconfiado, mas vê que é sério e concorda em nos ajudar.
O homem nos acompanha até próximo ao computador e acessa a câmera.
— Você poderia me dizer a data e um intervalo de horário?
Eita, nem passou pela minha cabeça checar a data. Qual foi mesmo o dia em que nos encontramos aqui?
— Dia 19 de setembro, era de tarde... — Juan diz e parece pensativo.
— Sim, ainda estava claro, mas talvez entre três e cinco da tarde? — falo.
— É, acho que sim.
— Nossa, vocês demoraram mais de um mês para vim atrás dessas filmagens? — O homem nos analisa em julgamento.
Eu e Juan nos entreolhamos.
— É mais complicado do que você pensa. Eu realmente espero que as filmagens possam nos ajudar a descobrir o stalker. Essa pessoa vem infernizando minha vida com calúnia e difamação.
— Sim, é alguém que deve ser parado e punido o quanto antes. — Juan não tira os olhos do monitor, ainda que esteja falando.
O gerente dá de ombros e continua a mexer na configuração das filmagens.
Para ser mais rápido, o homem acelera a reprodução da imagem. Vemos pessoas entrando e saindo do estabelecimento, inclusive nós. A imagem é boa, conseguimos distinguir os elementos de forma decente.
Minha cervical já começa a doer quando, no vídeo, vemos uma menina indo me pedir uma foto.
— É aqui! Pode deixar mais devagar! — eu digo e vemos a filmagem. Não percebo nada de suspeito.
— Você pode passar esse trecho para o meu celular? — Juan pede para o gerente, ele baixa o trecho no computador e após pegar o número do Juan, o envia um link com o arquivo.
Nós agradecemos e saímos do espaço reservado para irmos sentar numa mesa. Nós ficamos lado a lado ao ponto em que sentimos quando nossos joelhos se esbarram. Juan abre o vídeo no celular dele e me aproximo eu aproximo meu rosto para ver.
Pausamos os vídeos várias vezes, o gerente havia mandado vídeos de três câmeras diferentes, com ângulos variados. Consigo ver uma pessoa segurando um celular apontando para a gente e peço para Juan pausar.
Viro o rosto para falar com ele que também vira o seu na mesma hora. Até então não tinha percebido que estávamos tão próximos a ponto de agora sentir sua respiração e visualizar tão bem a dilatação de sua pupila.
O barulho do sino da porta tocando me tira do transe e voltamos a encarar a tela do celular. Juan aumenta a imagem e nós olhamos a garota com cabelos colorido de vermelho da mesma cor da capa do celular, o rosto não é tão nítido, mas ao dar continuidade a gravação e ver a fã se aproximando da nossa paparazzi amadora, não tenho dúvidas que se trata da Lily, uma das amigas da Annie.
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CANCELADA |
Teen FictionDesde o início de sua vida, Helena demonstra um talento artístico natural e sempre foi incentivada por seu pai a investir no seu sonho de ser uma estrela. Desde que seus pais se separaram, Helena, mora com o pai em Nova York conciliando seus estudos...