Capítulo 5 - Aproximando do território inimigo.

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Dizem por aí que adolescentes são dramáticos e reclamam da vida sem ter noção das reais dificuldades dela. Acontece que esses adultos parecem esquecer que um dia já tiveram por volta de 15 anos e sofreram sua primeira desilusão amorosa, entrou em conflito com a própria imagem, tiveram que enfrentar provas difíceis e a pressão pré-vestibular. E isso é só uma parte do que pode acontecer.

Vejo que hoje o dia não começa favorável para mim quando encaro meu olho inchado no espelho e o nariz escorrendo. Poxa, Deus, o que fiz para merecer essa maldita alergia? Talvez seja um sinal para passar o dia em casa!

— Por que ainda está de pijama, Helena? — Minha mãe me para no corredor.

— Não posso ir para escola hoje, estou mal!

Ela põe a mão na minha testa e diz:

— Deve ser só uma crise alérgica! Vou buscar o seu remédio e enquanto isso, você se arruma para ir à escola.

Ela sai em direção a cozinha e eu me arrasto para o meu quarto. Queria que meu pai estivesse aqui, minha mãe não é nada flexível. Pelo menos meu olho não está tão inchado, fazendo uma maquiagem bem feita, ninguém vai notar.

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Corro pelos corredores já atrasada para a primeira aula, mas consigo entrar. O mais difícil é me manter acordada durante os horários por conta dos malditos efeitos adversos da medicação que tomo. Só espero que minha mãe não esqueça novamente e compre a bendita capa antiácaro para pôr no meu colchão e travesseiro.

No intervalo, encontro com Damian e Amber na cantina já acomodados em uma mesa. Conversamos um pouco e antes que a próxima aula comece chamo a Amber para me acompanhar até o banheiro.

— Esse lance feminino de ir em grupo ao banheiro não faz o menor sentido.

Nós rimos da careta do meu irmão e eu puxo minha prima para que não percamos tempo. O banheiro está lotado de garotas, então chamo a Amber até um armário de limpeza.

— O que está fazendo, louca?

— Não quero que ninguém nos escute! Eu tive uma ideia, mas preciso da sua aprovação.

— Minha aprovação? Isso não faz sentido!

— Eu quero seduzir seu ex para me vingar pelo que ele te fez!

— Como? — Ela arregala os olhos.

— Olha, eu sei que ainda é recente e talvez você ainda goste dele, mas ele precisa pagar pelo que fez. E eu posso fazer justiça por você!

— Lena, vingança não é justiça. Quando falou em dar a volta por cima imaginei outra coisa... Fazer isso te tornaria igual a ele.

— Mas, também posso ensinar uma lição. Para que nunca mais iluda nenhuma garota.

— Eu não sei... — Ela cruza os braços e olha para baixo.

— Dá uma chance!

— Eu preciso pensar!

Saímos do armário pouco antes do sinal tocar e cada uma de nós tomou seu rumo. A próxima aula é de inglês e o meu colega de teatro senta ao meu lado.

— Não sabia que você é irmã do Damian.

— Pois é, e eu não sabia que você estudava aqui.

— Sim e também sou do time de basquete.

— Quase um Troy Bolton!

— Não sei quem é, mas espero que seja bonito — sorri e eu desacredito de sua afirmativa. Como alguém não conhece High School Musical? — Tem treino hoje, posso te esperar por lá?

Confirmo, mas depois fico pensativa se fiz a coisa certa, afinal, ele parece interessado em mim enquanto eu estou mais interessada em acabar com o melhor amigo dele.

Meu irmão e prima vão embora enquanto eu permaneço no colégio para acompanhar o treino de basquete masculino. Quando chego eles já estão se alongando e não demora para que Juan me note e acene antes de voltar a prestar atenção no jogo.

Não sei quase nada sobre basquete assim como qualquer outro esporte, mas os garotos acertaram várias cestas então penso que são bons nisso, para ter certeza veremos quando competirem com outra escola. Ele parece muito concentrado quando para numa extremidade da quadra e se prepara para jogar a bola. A bola laranja realiza seu percurso direto para a cesta. O garoto olha na minha direção enquanto sorri e só então percebo que estava prendendo a respiração. Parece que esportes realmente causam tensão. Por morar com meu pai, quase não assisti aos jogos do meu irmão, mas sei que ele era muito bom. Uma pena que ele não pode mais fazer parte do time. Queria que os esportes da escola fossem mais acessíveis.

Após o fim do treino, Juan vem em minha direção.

— Gostou do treino? Temos equipe feminina!

— Não obrigada, prefiro o palco.

— Não é à toa que você é a Dama!

Antes que eu possa responder, Castiel chega perto de nós interrompendo a conversa.

— Oi Cas! Essa é a Helena!

— Sei, irmã do Damian! Ele falava bastante de você, mas nunca nos conhecemos antes.

— Antes tarde do que nunca — Sorri.

— Como a Amber está?

Cara de pau! Logo ele me pergunta isso? Apesar da raiva, como a boa atriz que sou, continuo com um sorriso no rosto.

— Está ótima! Melhor seria impossível. — O olho nos olhos e ele desvia. Fala sério, está se fazendo de triste por que? Com esse olhar distante.

— Olha a hora! — Juan diz. — Melhor irmos, Cas, temos trabalho a fazer. Nos vemos no teatro, Helena?

— Claro! Você deveria ir, Castiel, o teatro precisa de voluntários.

Sabe o que você faz quando uma oportunidade cai no seu colo? Você aproveita porque ela não vai bater à sua porta duas vezes. Uma coisa é fato, Amber ainda não aceitou a minha proposta, mas tenho certeza que mais cedo ou mais tarde ela irá aceitar e começar agora ou depois não fará diferença. 

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