Capítulo 14 - Amigos...

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Eu subo no palco improvisado para cantar, a plateia está ali esperando enquanto comem seus lanches ou simplesmente observam o show. Eu pego meu violão e me posiciono diante do microfone, mas, nenhum som sai da minha boca.

Me sinto sufocada....

.... aos poucos começo a sentir a maciez da minha cama, percebendo que acabei de ter um sonho. Demorei bastante para dormir, pensando no show e agora me vem isso.

Pego meu iphone na mesinha de cabeceira e vejo que é pouco mais de seis horas da manhã. Deito a cabeça no travesseiro, fecho os olhos e minha mente me leva a revisar todas as músicas que tenho que tocar hoje.

O frio da manhã, me impede de ter a coragem de sair debaixo das cobertas. É sábado e minha ansiedade não me deixa dormir novamente. Melhor eu ir mesmo, daqui a pouco Lindsay e Cristian chegam.

Esses dois disseram que não perderiam a chance de conhecer minha casa no Canadá. Sendo assim, eles pegaram o primeiro voo disponível de Nova York para cá. As melhores saídas em Nova York, certamente, foram com eles e não posso negar que estava com saudade do furacão "LinTian". Eu mesma criei um shipp pros dois, eles mantêm um relacionamento aberto a quase um ano e se gostam muito.

O chocolate quente com panquecas cai muito bem no início da manhã. No resto do meu tempo livre, aproveito para fazer exercícios vocais e afinar os meus instrumentos.

— Helena, pelo amor de Deus, são 9 da manhã num sábado! Para de fazer barulho! — Ouço os gritos do meu irmão e fecho a porta na tentativa de abafar o som.

Passa-se um tempo até a campainha tocar. Dou uma rápida olhada no espelho, arrumando meu cabelo e corro para a porta. Mal abro a passagem e já ouço os gritos histéricos da Lindsay.

— Amiga! — Ela pula na minha direção, me abraçando forte e eu retribuo. — Senti tanta saudade! Você sumiu várias vezes, sua vadia louca!

— Lindsay! — Ouço a voz grave do Cris tentando repreender a garota ruiva e a mesma revira os olhos.

Lin me larga, dando espaço para o garoto me cumprimentar com um abraço mais contido. Percebo que minha mãe olha toda a cena e o meu pai, que tinha se oferecido para trazer os dois, espera uma oportunidade de entrar.

Meu pai me dá um beijo na testa e volta para o lado de fora.

— Nos vemos mais tarde, estrelinha! Vou resolver algumas pendências e deixar tudo perfeito para você.

Ele pergunta pelo Damian que ainda está em seu quarto e após se despedir de todos, vai embora.

— Nossa, amiga! Não canso de dizer que seu pai é um gato e hoje vi que sua mãe também é linda. — ela olha em volta observando a casa.

— Não se assuste com a Lindsay, Senhora Martin. Ela é bem hiperativa!

— Não é problema nenhum para mim. Helena, os leve para o quarto de hóspedes.

Chamo os dois para subirmos as escadas em direção ao quarto de hóspedes, que nada mais é do que o nosso antigo sótão. Ele é bem aconchegante, tem uma cômoda e uma cama de casal.

— Nossa! Eu amei sua casa, é bem grande! — Lindsay não para de falar e observa tudo, no nosso caminho até aqui.

Esses dois são Yin e Yang. A garota é muito extrovertida e o garoto é bem mais tranquilo, porém ambos têm a mente aberta e amam rolês aleatórios. Certa vez, eles me convenceram a entrar num velório de um desconhecido e em outro momento a Lin já me convidou para fazer leitura de tarot.

Ajudo eles a se acomodarem e conversamos bastante, até sermos chamados para o almoço. Todos sentamos à mesa farta e meu irmão é o último a chegar.

— Lena, seu irmão é mais bonito pessoalmente. — Lin sussurra próximo a mim.

Eu sorrio para ela e os apresento.

— Caramba! E esse tempo todo você não foi a Nova York? — Cris pergunta ao meu irmão, enquanto nos servimos.

— Poucas vezes! Principalmente para assistir aos jogos. — Damian responde.

— Sério? O que você gosta? — Cris parece interessada em saber.

— Bem, basquete, futebol...

— O Damian era capitão do time de basquete. Não entendo nada de jogos, mas a galera ia a loucura nos jogos escolares.

Eu me meto na conversa dos dois, enquanto Lin enche minha mãe de perguntas sobre o trabalho dela e sua vida social. Acho que minha mãe vai correr daqui a qualquer momento, seu sorriso que não chega aos olhos não nega.

— Cara, antes de eu ir, nós temos que jogar juntos!

O Cris parece empolgado com a ideia e acaba contagiando meu irmão a jogar. Faz um bom tempo que ele não pratica, desde seu acidente. Quem sabe o meu amigo, ajuda o meu irmão a restabelecer sua ligação com o esporte?

♫♫♫♫♫♫♫♫♫♫

O tempo passa e quase duas horas antes do horário do show, começo a me arrumar. Eu, Lin e Cris fazemos uma limpeza de pele simples, a ruiva me ajuda com o meu cabelo e faz questão de fazer minha maquiagem — ela é praticamente uma profissional — e claro, a garota não deixa de me atualizar sobre as notícias mais recentes.

— Menina, você não vai acreditar em quem ficou grávida...

Enquanto isso, Damian e Cris estão jogando videogame. Parece que os dois estão se dando bem.

Enfim, pego o vestido que ganhei e lembro do Castiel. Quem imaginaria que aquele playboy faz roupas tão bonitas? Difícil de acreditar. Pelo menos, agora sei o porquê ele cedeu aos caprichos da Annie e talvez, ele não seja tão mal assim. Mas, ainda é um covarde, ele magoou a minha melhor amiga e vai ter que resolver isso.

A Annie vai quebrar a cara por todo o mal que causou, aquela garota só ama ela mesma, não tem empatia por ninguém.

Meu pai chega faltando trinta minutos para o horário o qual devemos estar no Timmy's. Ao chegar na lanchonete, vejo bastante gente no local, principalmente meninas, com aparência de pré-adolescentes. Aceno para todos e entro para não atrasar o show. No final, terá um momento para fotos, então está tudo em ordem para ser perfeito.

Cris, Lin e Damian se acomodam na mesa vip, enquanto meu pai me ajuda a testar o som. Não demora, vejo minha mãe atravessar a porta junto a tia Carly e Amber, as três vão se juntar aos outros membros da família.

— Está esperando alguém, filha? Toda hora olha para a porta!

— Na verdade, sim. Um amigo! Ele vai cantar uma música comigo, eu te falei. Lembra?

— Ah, claro! — Ele sorri e volta sua atenção à mesa de som.

Olho mais uma vez na direção da porta, finalmente vejo aqueles olhos castanhos-claro me encarando e automaticamente, sinto meus lábios sorrirem. Um frio percorre meu interior e sinto que prendo a minha respiração quando o garoto me encontra com o olhar e vem na minha direção. Está até mais bonito do que o costume. Mal posso esperar para ouvir sua voz numa canção outra vez.

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