Capítulo 7 - Uma saída ou um encontro

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No mundo, existe todo tipo de dilema. Desde como acabar com a fome até em como aproveitar o final de semana durante as baixas temperaturas. Pensando bem, diante dessa comparação, a segunda opção parece um tanto egoísta, mas é exatamente o que estou passando.

— Amber, já fizemos muitas tarefas durante a semana! Por que não podemos sair, tomar um chocolate quente ou qualquer outra coisa. Eu preciso sair!

— Então vai você! Lena, está fazendo 15° graus!

— Isso é o de menos, daqui alguns meses já vai nevar!

Sento na cama com o celular ainda em mãos, vendo a expressão entediada da Amber do outro lado da tela.

— Eu já disse, você pode vir aqui e até dormir na minha casa. Mas eu não vou sair de casa!

— Chata!

Tive que me conformar com a decisão da minha prima e até mesmo o meu irmão me trocou por seu vídeo game. Acho que estou precisando aumentar meu círculo de amizades que já não é muito grande em Nova York, o que é irônico, pois conheço pessoas e me dou bem com elas, mas não são relações do tipo que eu divido meus pensamentos. E para ser sincera, nenhuma pessoa a qual fiquei jamais me fez sentir como está descrito nos muitos romances por aí e isso não quer dizer que não tenha gostado, apenas que não fizeram o coração bater mais forte.

Diante da falta do que fazer, publico uma caixa de perguntas no stories: "O que fazer no tédio?" Alguns minutos depois já tinham respostas como: ler, desenhar, assistir filmes, escrever e uma me chamou mais atenção, está escrito: "Busco estar em boas companhias. Topa sair?"

Então, clico no ícone colocando a pergunta e começo a gravar a resposta:

— Olha só finalmente uma boa proposta!

Eu estou animada pelo convite, não aguento ficar tanto tempo em casa e se Juan está propondo não vejo porque não. Somos duplamente colegas, preciso conhecer gente nova e acima de tudo é uma oportunidade de ganhar a confiança não só dele como de seu melhor amigo.

Após postar, já recebo um direct do Juan e combinamos que ele passará aqui daqui a meia hora para sairmos. Nós iremos ao Timmy 's, uma lanchonete bastante popular por aqui. Corro para trocar de roupa e escolho uma calça jeans escura, com um all star preto e uma blusa cropped de manga comprida coral. Depois de fazer uma maquiagem básica, pentear o cabelo e pegar alguns acessórios estou pronta e ouço uma movimentação no hall de entrada.

Encontro minha mãe socializando com o Juan, educada até demais, mas o seu olhar não me engana e seus braços cruzados entrega que ela vai dar uma de "supermãe" a qualquer momento.

— Helena, você não me falou que iria sair hoje! — Ela diz e me analisa de cima a baixo.

— Ah, decidi de última hora e não tive tempo! — E é claro que eu esqueci, meu pai não é tão controlador quanto a minha mãe.

— Não se preocupe, Senhora Martin, garanto que a trago sã e salva. Te passo meu número se quiser e claro, a senhora já sabe quem são meus pais, a vi várias vezes no restaurante, muito elegante se me permite dizer.

Minha mãe pisca algumas vezes antes de responder ao "Don Juan". Esse garoto está jogando charme na minha mãe e eu mal posso acreditar, também não consigo segurar o riso.

— Tudo bem! Volte antes das oito. — A advogada decreta e eu acompanho o Juan até o lado de fora, onde me deparo com uma moto. Caramba! Meu cabelo vai ficar uma bagunça!

— Pronta para se aventurar?

O garoto me entrega o capacete e me ajuda a subir antes de fazer o mesmo. Fico sem saber o que fazer com as mãos, ele parece perceber e colocar minhas mãos em sua cintura. Sinto minha respiração levemente desregulada, nunca andei de moto ainda mais com um quase desconhecido. Juan acelera e eu sinto vontade de segurar mais forte, mas me recrimino antes de fazer isso. Finge plenitude, Helena! Você não precisa ser uma garota frágil.

Paramos em frente a lanchonete, a moto é estacionada bem em frente e eu desço rapidamente antes do Juan com as pernas um pouco bambas.

— A Billy te assusta? — Ele pergunta enquanto caminhamos em direção a Timmy's.

— Billy?

— Sim! A moto.

Não me aguento e solto um riso diante dessa situação inusitada deixando o medo anterior ir embora.

— Eu não acredito que a moto tem nome!

— Por que não teria? — Juan sorri e não pude deixar de reparar nas covinhas que se formaram e aumentam seu charme.

Encontramos uma mesa vazia para nos sentarmos, eu peço um capuccino e um donut, e o Juan pede um pedaço de torta doce e chocolate quente. Passamos o tempo conversando sobre banalidades de como era morar em Nova York, sobre as viagens do Juan ao México, a escola.... Seus olhos brilham ao falar sobre música.

— Eu imaginava que você nem olharia na nossa cara como o Damian. Éramos amigos no colégio.

— Só porque o Castiel é ex da Amber? Eu entendo que ela esteja chateada e acho estranho como ele ficou com a Annie tão rápido, mas não posso julgar — Tomo o último gole da minha bebida.

— Sabe, nem tudo é o que parece. Toda história tem dois lados! — Ele fala sério e olhando nos meus olhos, mas, de repente, volta a sorrir. — Mudando de assunto, tem chocolate no canto da sua boca.

Rapidamente pego um papel e limpo enquanto sou observada, ia comentar sobre o meu desastre quando sou interrompida por uma desconhecida.

— Com licença, desculpe atrapalhar vocês! Helena, tira uma foto comigo?

A garota não deve ter mais que 13 anos e suas bochechas estão coradas. Prontamente aceito e me posiciono, a garota tira uma self e sai sorridente depois de agradecer. Quem dera todo mundo fosse calmo assim para pedir fotos, não que eu seja tão reconhecida assim, mas quase fui derrubada na rua por um fã.

— É sempre assim?

— Em Nova York é mais comum eu encontrar algum seguidor, meu maior público é de lá.

— Quando te vi no teatro, sabia que parecia familiar e quando a vi cantar pela primeira vez, em acapella, fiquei... surpreso.

— Sua voz também é linda, fico feliz que estejamos nessa juntos!

Continuamos conversando até que percebemos que a temperatura caiu ainda mais e decidimos voltar para casa antes que o tempo decida que está na hora de chover conforme a previsão do tempo marcou pela manhã.

Ao chegar na minha casa, descemos da moto e eu entrego o capacete para que Juan o guarde, nos encaramos e eu não sei o que dizer. Parece que ele também perdeu as falas, então só me resta dizer o óbvio mesmo com a sensação de que falta algo.

— Eu vou entrar ou vou congelar. Nos vemos na segunda?

— Claro!

Me viro na direção da porta e caminho até entrar em casa, o que parece uma eternidade. Antes de fechar a porta o vejo acenar para mim, aceno de volta e só tranco a casa quando vejo a moto ganhar as ruas.

Vou direto para o meu quarto. Me jogo na cama e solto um suspiro, algumas memórias recentes invadem minha mente e eu resolvo checar minha rede social que não vejo há algumas horas.

Vejo que tem várias pessoas me marcando em uma publicação e vou olhar. O @bafosdoensinomedio ataca novamente dessa vez destacando o meu story de hoje, sob o questionamento: "Helena Martin está namorando? Veja nos stories

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