Capítulo 27 Avante!

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"Lá vem o sol, lá vem o sol

E eu digo que está tudo bem(...) The beatles

O tilintar da chave ao abrir a porta, me deixa em alerta e sinto meu estômago queimar em expectativa que minha mãe atravesse a porta de entrada. E lá está ela, segurando sua bolsa e a maleta de documentos, ela entra, coloca tudo no aparador e tira os saltos, suspirando em seguida.

— Mãe! Finalmente! Preciso saber, descobriu quem é a pessoa por trás do IG?

Ela me olha e vem na minha direção, a tensão em sua testa, denuncia que ela está com vários pensamentos em mente. Ela se senta no sofá e eu faço o mesmo enquanto a encaro, esperando sua resposta.

— Não foi possível identificar o endereço. — minha mãe diz e eu bufo em frustração.

— Como assim?

— O id é da escola, não tem como saber exatamente quem foi.

— E agora, o que faremos?

— Se pelo menos pudéssemos ver alguma filmagem, diminuir a lista de suspeitos... — minha mãe parece tão desanimada quanto eu.

— Tudo bem. Acho melhor ir pro meu quarto.

Ao chegar no quarto, olho em volta e fico parada sem saber o que fazer. É tão angustiante essa sensação de que tem que agir, mas parece que se esqueceu como.

Numa das paredes, pendurado em um suporte, vejo o meu primeiro violão pequeno e rosa. Isso me traz uma nostalgia e vou pegá-lo, as cordas são de náilon e agora, meus braços parecem muito compridos para ele. Ainda serve, só precisa afinar um pouco.

Visto um casaco e com o instrumento na mão, vou até o quintal de casa. O quintal não é muito grande, na parede tem uma cesta de basquete e no outro lado tem uma pequena área coberta, com dois balanços pendurados no teto. Eu era viciada nisso.

Sento no balanço e tenho a impressão de que ele diminuiu, mas na verdade sou eu quem cresci. A madeira não está igual, mas ainda parece seguro de sentar e a corrente que sustenta também tem alguns desgastes do tempo.

Começo a tocar algumas notas avulsas, testando o som até finalmente poder tocar uma canção. Here comes the sun sai de mim enquanto balanço e sinto o vento congelar minhas bochechas. Não sei dizer em que momento fechei os olhos, mas quando abro, encontro meu irmão me olhando.

— Você está bem? Fiquei sabendo que não foi dessa vez que pegamos a fofoqueira de plantão.

— Estou bem. Só um pouco — penso um pouco — ...perdida.

— Nós vamos parar essa pessoa, ela não vai se esconder para sempre. — Damian diz com convicção.

Nós ficamos em silêncio. Cada um com seus pensamentos.

Observo o meu irmão, ele olha em volta e morde os lábios.

— Você quer me contar alguma coisa? — eu pergunto e ele me encara.

— Bem, na verdade, sim. Eu ainda não falei com ninguém sobre isso. — ele passa a mão na nuca e evita me olhar nos olhos — eu estive pensando, acho que vou tentar começar com os esportes paraolímpicos.

— Uau! Isso vai ser demais, você adora esportes. — eu me animo com a novidade, mas Damian encolhe os ombros. Parece incerto. — Qual o problema?

— Ah, sei lá. Fiquei tanto tempo parado e agora é diferente. Não será como antes.

— Nada precisa ser como antes, Damian e isso não é algo ruim. Você vai fazer algo que ama, certo? — ele balança a cabeça positivamente. — Então será o melhor e todos estaremos aqui para te apoiar.

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