Capítulo 8 - Decidida

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"Ainda nesse sábado, @LenaMartin publicou no seu story uma caixa de perguntas onde recebeu um convite para sair, depois de algumas horas apareceu novamente mostrando o donnut que estava comendo. Até então não tínhamos ideia sobre a possibilidade de quem a estava acompanhando até que uma seguidora nos mandou algumas fotos. (Veja as provas nos stories!) Beijinhos da Candy"

Meu coração acelera e meu corpo trava no lugar enquanto leio a postagem sobre mim. Não esperava que algo tão simples iria repercutir tanto, essa tal Candy resolveu ficar no meu pé e dá uma de stalker?

Vou até os stories verificar o que estava exposto e vejo uma foto minha descendo da garupa da moto do Juan e a outra foi uma foto tirada do momento em que eu tirei uma self com uma fã. Essa pessoa se aproveitou da nossa distração e o pior é que não faço ideia de quem pode ser o fotógrafo. Não me lembro de nenhum rosto familiar no Timmy's.

Eu gosto de ser conhecida, mas ter alguém invadindo minha privacidade por conta própria já é demais. Acho melhor ignorar e ver se eles esquecem isso, afinal, é só um Instagram de fofoca.

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Muitos alunos, assim como eu, estão entrando na escola e consequentemente os corredores estão bem movimentados. Não posso deixar de notar alguns olhares indiscretos. Eu ajeito o meu casaco e continuo andando até chegar ao meu armário.

— Por que sumiu o domingo inteiro?

— Bom dia para você também, Amber!

Minha prima sorri antes de responder:

— Bom dia! Você sumiu ontem, me surpreendi que em 24 horas não postou nem ao menos um bom dia.

— Foi o meu momento detox, todos precisamos disso em algum momento.

— Isso é por causa daquele instagram fofoqueiro do colégio?

— Ah! Então você viu?

— Sim! A situação em si não tem nada demais. Só me surpreendeu que você estava saindo logo com o Juan!

— E qual o problema? Somos colegas de elenco e de turma.

— Sim, mas ele é amigo do Castiel! — Ela diz como se fosse óbvio que eu não deveria falar com ele por esse motivo. — Eu espero que não esteja usando ele para o seu plano que por sinal, decidi que não aprovo. É melhor esquecer tudo e seguir em frente.

Caramba! Como ela pode dizer isso? Amber foi humilhada por toda essa escola e ela não quer nem ao menos devolver na mesma moeda? Quer saber? Ela é boazinha demais, estava na cara que não iria aceitar, mas isso não importa! Eu vou expor a podridão daquele garoto e ela vai me agradecer por isso!

— O sinal já vai tocar, nos vemos na próxima aula!

Mal entro na sala e já posso notar o garoto de cabelos castanhos. Castiel está segurando um lápis usando-o para rabiscar alguma coisa no caderno, quando chego perto para me sentar na cadeira mais próxima, ele nota a minha presença e fecha o caderno rapidamente.

— Seja o que for! Já percebi que não é da minha conta. — Alfineto, enquanto olho o caderno e desvio o olhar para ele.

— Ah! Isso? Não é nada, só adiantando algumas atividades.

— Imagino! Então, além do basquete, o que mais você faz? Afinal, esse é um colégio especializado em artes.

— Eu faço artes visuais, inclusive eu já te vi na aula de drama. Por um momento achei que você escolheria música.

— Fiquei na dúvida, mas... — Sou interrompida pela voz do professor que cumprimenta a turma e inicia sua aula nos impedindo de continuar nossa conversa.

Alguns minutos depois, Castiel estica a mão me estendendo um pedaço de papel, o qual eu pego e ao abrir, está escrito:

"Estava mais interessante falar sobre artes do que sobre Maquiavel!"

Olho para o lado e encontro o olhar do garoto. Mantenho o sorriso no rosto, mas por dentro quero realmente entender o que acontece com ele. O que tenho que fazer para que ele me revele o monstro que é?

As próximas aulas se passam tranquilas, após o intervalo, antes de ir para a sala de aula, passo no meu armário para pegar a atividade avaliativa que foi passada.

— Alguém pode recolher os trabalhos, por favor!

A Annie se oferece para pegar e vai passando de carteira em carteira quando passa por mim, pega o meu trabalho estampando um sorriso zombeteiro e segue para a carteira de sua amiga que está atrás de mim. Eu só não esperava que após pegar o próximo trabalho, Annie tropeçaria nos próprios pés indo de encontro ao chão e os papéis se espalhariam. A garota começa a juntar novamente todas as atividades enquanto alguns riem e suas amigas a ajudam a organizar tudo novamente. A garota termina o serviço designado e volta para sua cadeira de queixo erguido, me surpreende que ao invés de vergonha sua expressão seja composta por um sorriso discreto e olhar pleno, mas, não tenho tempo de pensar sobre isso quando estou tentando entender a fórmula de bháskara.

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De volta aos ensaios da peça, sou uma das últimas a chegar e apesar de ainda não estar no horário, alguns colegas já estão aquecendo a voz e repetindo falas de diversas maneiras.

Juan está encarando os papéis do que parece ser o roteiro e sua testa franzida denuncia sua concentração. Antes que eu possa pensar em me aproximar a Caytlin pede silêncio para que possa falar. Juan nota minha presença e acena para mim enquanto a professora dá as instruções.

—... Nesse fim de semana tive uma surpresa maravilhosa, um estilista se dispôs a fazer nossos figurinos num preço acessível condizente com o nosso orçamento apertado. No início fiquei desconfiada por ele não mostrar o rosto, mas...

— Como assim? Ele é anônimo?

— Sim, Helena, mas hoje de manhã encontrei a prova de que esse artista é sério!

Caytlin continua a falar sobre o estilista anônimo Ângelo Christi. Ele entrou em contato com a mulher ainda no dia de nosso ensaio anterior e após algumas negociações combinaram que ele entregaria ao menos uma peça para que ela pudesse comprovar sua seriedade e assim aconteceu. Esse tal estilista também tem redes sociais e mais tarde, após chegar em casa — exausta, visto que Caytlin não nos deu um segundo de sossego — pude dar uma olhada em seu perfil que contém diversos desenhos de roupas femininas e masculinas, além de roupas prontas. Por que alguém tão talentoso precisa esconder sua verdadeira identidade? 

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