Capítulo 4: Retrato

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A casa dos Potter era assustadoramente normal.

James era rico. Eu não sabia bem o porquê, mas ele era. Mas eu também não sabia porque eu era rico, então.

A casa era grande e espaçosa como a minha, mas também era aconchegante e cheirava à biscoitos recém saídos do forno. O que não era nada como a minha. Posso ver porque Sirius gosta tanto daqui. A casa cheira à amor.

Mamãe vomitaria.

Acima da lareira, haviam quatro porta-retratos bem alinhados. O primeiro, da esquerda para a direita, era um de James com uns oito anos, talvez. Ele voa pela sala numa vassoura com os cabelos no rosto enquanto seu pai sorri atrás e a mãe está sentada no chão com cara de preocupada e orgulhosa. E James está com um sorriso tão largo no rosto que eu poderia socá-lo se o visse agora com ele no rosto. Não tenho fotos em casa sorrindo.

A segunda é de James indo para Hogwarts na estação nove três quartos. Ele sorri igual a primeira, seu sorriso não mudou desde os oito anos. Ele segura uma coruja e acena para a foto e aponta para coruja ao mesmo tempo.

A terceira é em um dia de Natal. Estão todos na sala. O senhor e a senhora Potter estão sentados em poltronas, sorrindo. James e os amigos estão em pés ao lado deles. James sorrindo, o que faz eu me perguntar como diabos as bochechas deles aguentam isso o tempo inteiro. Lupin está do outro lado, com um sorriso sem mostrar os dentes, vestido com um suéter marrom e algumas cicatrizes a mais do que a última vez que o vi, mas ele parece feliz.

E Sirius está sentado no chão aos pés da mãe de James enquanto ela o abraça pelos ombros. Ele está radiante, os olhos brilhando, uma tatuagem nova perto do pescoço, um brinco que mamãe faria questão de arrancar sem magia se visse, o cabelo solto com um lado atrás da orelha, um suéter preto e coturnos de couro. Ele está tão diferente. Sirius sempre odiou as roupas que mamãe o obrigava a usar. Ele sempre gostou de roupas mais soltas e descoladas. Nada de blaizers ou gravatas, ou sapatos sociais. Ele era assim. Acho que nunca o conheci de verdade. A senhora Potter abraça Sirius com tanto amor que, se eles não fossem completamente diferentes de aparência, qualquer um juraria que são mãe e filho. Nossa mãe nunca abraçou Sirius assim. Nem a mim.

Pettigrew está em pé do lado de Remus. Maldito Peter. Ele já era.

Antes de eu conseguir ver o que tinha na quarta foto, ouço uma voz vindo dos corredores. Claro que alguém me escutaria chegando às três da manhã pela lareira, não sou idiota de pensar que não. Queria muito que fosse Sirius, para eu apenas contar tudo de uma vez e poder ir embora. Mas não é ele.

"Quem está aí?" Diz a voz de James no escuro. Ele faz um feitiço de luz com a varinha que ilumina a sala de uma vez. Ele pula para trás quando me vê. "O que você está fazendo aqui, Regulus? Você está bem? Isso não é bom... Vou acordar meu pais e..."

"Não! Eu não vim incomodar ninguém, vim apenas para..."

"Olha, Regulus, sinto muito. Mas você não é bem vindo aqui." James diz com firmeza, mas tristeza aparece em seus olhos quando ele os desce até a marca no meu pulso. "Eu não queria ser aquele que te manda embora porque... Bem, eu não sou assim. Queria que você pudesse ficar e que conversássemos como antes, mas... Você está diferente agora. E Sirius vai ter um ataque se ver você aqui, então, se não se incomoda..." Ele diz caminhando para a porta. "Não posso ter um comensal da morte dentro de casa."

"Eu não vou embora, James. Não até falar com Sirius." Digo com firmeza.

"Reg, você não está facilitando as coisas..."

"Você não era assim, James. Não costumava expulsar as pessoas da sua casa."

"Você também não era assim, Regulus." Ele diz decepcionado, me olhando da cabeça aos pés. "Não era."

Light and Darkness - Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora