Capítulo 40: Sobrevivência

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TW: Não sei se isso que vai acontecer nesse capítulo se enquadra em assédio, mas de qualquer forma, o aviso está aqui porque é sempre importante.

A última vez que estive tão magro, ainda morava na mansão dos Blacks e minha mãe queria desesperadamente que eu emagrecesse. Mas a questão é que eu sempre fui magro, do tipo sem músculo nenhum. Está na genética dos Blacks, eu acho. A pele pálida. Os cabelos negros. Os olhos cinzas. Magérrimos. Traços marcados. O ar de elegância aristocrática que refletia na personalidade.

Então, se você nasce magro, como a opinião de alguém poderia ser tão avassaladora a ponto de você enxergar outra coisa quando se vê no espelho? E o que havia de tão errado se eu engordasse, afinal? A gordura parecia vir como uma placa de 'ei, você envergonha a sua família'. E adivinha só, mamãe, eu envergonhei e continuo magro.

Acho que acabei fugindo do ponto. O que tem acontecido muito ultimamente, agora que a única pessoa que tenho para conversar sou eu mesmo. Então, que se dane se eu me perder no que estou falando. Ou pensando, sei lá.

Continuando, estou comendo mal para caralho. Barty traz comida sempre, é claro. E estou começando a achar que ele não tem a menor coragem de me matar ou me deixar morrer naturalmente, mas ainda prefiro não arriscar. A questão é que não sinto fome. Não sinto quase nada o dia todo.

Acho que vou acabar morrendo de insanidade se isso continuar. Não tenho a menor coragem de tentar fugir, porque Barty pode não querer me matar, mas está esperando apenas uma brecha para acabar com alguém que eu amo se eu o irritar. Todo dia ele aparece e faz a mesma pergunta 'E então? Se decidiu?', eu balanço a cabeça ou às vezes, nem mesmo respondo. Ele revira os olhos e me deixa sozinho outra vez. Então, é. Não tenho esperanças de sair daqui.

Pelo menos não até aquela manhã. Pensei em Sirius e se ele estava perto de achar a última horcrux. Ou Pandora, que é definitivamente mais inteligente. Eu saindo daqui vivo ou não, eles precisavam encontrar. Talvez com Voldemort morto, esse pesadelo acabaria. Ou quando Barty descobrisse que matamos o seu senhor, ele finalmente tivesse coragem de cortar a minha garganta do jeito simples e trouxa. E foi pensando nisso que me toquei de algo que mudou o rumo da minha esperança.

Se eu morresse, o que aconteceria com James, Lily e Harry? Se o feitiço fosse quebrado, como eles saberiam que não estavam mais sob proteção até alguém avisá-los? E se ninguém soubesse que eu havia morrido e eles ficassem desprotegidos por tempo o suficiente para Voldemort matar os três? Deus, como eu estava pensando em morrer com a vida deles dependendo de mim?!

Não era como a última vez. Eu não podia apenas escrever cartas de despedida e ir embora. Não, pessoas estavam contando comigo. Eu estava contando comigo. Eu precisava sobreviver. E precisava arranjar um jeito de sair daqui. Por eles e por mim. Claro que por mim. Porque, honestamente, estou cansado de achar que mereço coisas ruins, porque não mereço. Não mereço nada disso. Essa droga não é culpa minha, então por que eu deveria cruzar os braços e esperar me matarem?

Não! Não vai acontecer! Por eles, por mim, por eles, por mim...

"Odeio lugares cercados por água." Barty entrou pela porta naquele dia e se jogou no sofá, a roupa um pouco molhada. "Me lembram aquela prisão dos infernos."

Nos dias em que eu estava disposto a ser inteligente, eu era gentil com ele. Porque nada distraía Barty mais do que eu o tratando como ele queria ser tratado.

"Quer chá?" Perguntei, em um tom amigável. Merlim, me ajude a fazer isso parecer ser verdade.

Barty franziu as sobrancelhas, me olhando por cima do ombro. "Está de bom humor hoje, raio de sol! Posso saber o motivo?!"

Light and Darkness - Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora