Capítulo 46: A Batalha de Godric's Hollow

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Existe um mito grego que conta como Hades, o deus do submundo, raptou Perséfone para viver com ele no submundo. Então a mãe dela, a deusa da natureza, confrontou Hades e Zeus exigindo que tivesse a sua filha de volta e que ela não pagasse pela vaidade do deus do inferno.

Hades, por sua vez, concedeu à Perséfone a chance de voltar para a sua mãe, contando que passasse a metade do ano com ele no Mundo Inferior. Ele a coagiu a comer quatro romãs do lugar, o que, em algum termo mitológico, significava que ela seria obrigada a voltar, mesmo se não quisesse.

Hades era louco por fazê-la passar por tudo aquilo. Mas penso que Perséfone era ainda mais. Porque ela ainda o amou, apesar de tudo que foi forçada a abrir mão.

Me pergunto se quando comecei a ser procurado por Comensais da Morte e coloquei a vida de todos que estavam perto de mim em risco, não estava agindo igual Hades. E se a romã fosse o meu próprio amor? E ele fosse o que condenasse todos que o tem ao inferno? Meu medo de ficar sozinho, minha vaidade, minha romã. Não condenam as pessoas que eu amo?

Hades foi amado de volta, afinal. Eu fui amado. Mas a que preço?

Se Hades morresse, Perséfone seria feliz novamente? Ela poderia voltar para a sua mãe e, por mais que perdesse o seu amado, nunca mais teria que passar pelo Mundo Inferior.

Tudo seria melhor no final?

Não estou dizendo isso porque quero morrer. Nunca mais senti vontade desde que comecei a viver com Sirius. Pelo contrário, quero desesperadamente viver. Tanto que me deixa sem fôlego, tanto que me faz querer gritar. Mas preciso contar uma coisa.

Posso não sair vivo desse lugar.

Eu nunca diria isso à Mary, Pandora, Remus. Ou Sirius. Eles querem que eu viva. E eu quero viver. Nunca quis tanto algo na vida como quero isso agora. Mas executei o plano na minha cabeça tendo como objetivo levar Voldemort até Godric's Hollow, porque seria burrice contar com a misericórdia dele para que eu sobreviva.

Preciso saber se sou Hades. Se as pessoas que amo são Perséfone. E se meu amor por cada uma delas é a romã. Preciso saber disso porque se eu acabar morrendo hoje, preciso saber que as pessoas que me amam vão superar e encontrar outras coisas pelo o que lutar.

A vida de Perséfone não acaba se Hades se for, ela tem a mãe e a natureza. A guerra não acaba se eu for também, eles precisam continuar lutando.

E ali, enquanto me ajoelhava aos pés de Voldemort, comecei a entender o motivo de Perséfone passar pelo próprio inferno depois de se apaixonar por Hades.

Não era por isso tudo o que fazemos? Não é esse o grande motivo?

Amor.

Voldemort pousou os olhos em mim antes de olhar para qualquer um que estava na sala e soltou uma risada, aquela sua risada aguda, fria e sem alegria.

"Quão corajoso você é para se atrever a aparecer na minha frente sozinho?" Murmurou ele, fixando seus olhos em mim, "E quão tolo você é para acreditar que pode lutar contra mim e viver?"

Fiquei parado, levantando apenas os olhos para ele e deixando a minha cabeça ainda inclinada para baixo. Voldemort começou a andar de um lado para o outro diante de todos os Comensais, seus olhos parados em mim todo o tempo.

"Milorde..." Bellatrix sussurrou, aos pés dele, "Pegamos... Pegamos o garoto."

"Pegaram o garoto? Vocês não chegaram nem perto!" Ele vociferou, "Ele estaria amarrado se isso fosse uma captura, não ajoelhado como vocês, bando de inúteis."

Bella gemeu tristemente, "Sim, Milorde."

Ele parou na minha frente, e esboçou um sorriso cruel, deformando seu rosto pálido, "Regulus Black teve a gentileza de se reunir à nós novamente nesta noite de Halloween. Poderíamos até chamá-lo de meu convidado de honra."

Light and Darkness - Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora