Capítulo 33: Natal 1980

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Apesar da guerra, da procura das horcruxes, dos comensais, dos ataques frequentes, da minha cabeça estar literalmente pegando fogo com essa história de profecia e de eu estar a ponto de ter um colapso nervoso por não poder contar para ninguém, Lily ainda conseguia me fazer ficar ansioso pelo Natal. Apesar de eu não saber direito como agir em um, porque o Natal nos Black nunca era normal.

A lua cheia caía exatamente três dias antes do dia vinte e quatro, o que não estava melhorando o humor de ninguém porque, afinal, já era dia dezoito.

"Então," Disse, às oito da manhã, quando todos tínhamos acabado de acordar, enchendo uma xícara inteira de café. Tenho tomado muito café ultimamente. Culpe a vadia da ansiedade, Carter diria. "O que vamos fazer no dia vinte um?"

"Vocês vão ficar em casa, fora de perigo." Remus disse, sem tirar os olhos de um livro, sentado em sua poltrona. "Sou eu que vou me transformar em um monstro, não vocês."

"Ei!" Repreendi, levantando a xícara na minha mão. "Se você falar assim comigo de novo, me acorrento junto com você quando acontecer."

Remus sorriu. "Eu não duvidaria. Você tem um chama para perigo."

"É o meu charme." Sorri de lado, bebendo um gole da xícara.

"Está calor no seu quarto?!" Remus franziu a testa.

"Hm?"

"Você nunca dorme sem camisa." Remus deu de ombros. "E agora está."

"Acho que acabei pegando no sono ontem enquanto lia e esqueci de pôr." Bebi um gole do café. "E Sirius? Não acordou ainda?!"

"Ele acordou quando o dia não havia nem clareado," Respondeu Remus. "Está trabalhando na moto."

Revirei os olhos, sorrindo. "Sirius é apaixonado por aquelas coisas com rodas desde que éramos crianças. Nunca entendi realmente."

"Acho que ele também está usando como distração." Remus disse, olhando para mim finalmente e fechando o seu livro. "Ele está um pouco distante depois de... bom, do que aconteceu."

"Sério?" Franzi as sobrancelhas, me aproximando de Remus. "Quer dizer, eu sei que ele havia realmente sentido aquilo, mas... bom, fazem semanas. E você já está totalmente inteiro."

"Ele se culpa." Remus afirmou, com total certeza. "Por causa de toda aquela coisa de 'era para ter sido eu' e tudo mais."

"Acho que ele também está preocupado com o que você vai fazer daqui a alguns dias." Respondi, Remus abriu a boca para me contrariar, mas eu levantei um dedo. "Hã, hã, você sabe que estou certo, Moony. Você precisa decidir o que vai fazer. Sabe, se nós tivéssemos algum lugar aqui em casa para você se transformar, eu seria o primeiro a me voluntariar para construí-lo, mas infelizmente não temos."

"Sei disso, Reg," Remus suspirou. "Se é disso que Padfoot precisa para relaxar, então acho que terei que visitar o ministério hoje, não é?" Ele sorriu, mas de um jeito muito triste.

"Sirius e Prongs vão dar um jeito de ir com você, eu tenho certeza," Tentei animá-lo. "Eu mesmo iria, mas não sou um animago e, bom, eu não estou mais muito disposto a morrer."

Remus sorriu, mas o sorriso se desfez rapidamente. "Não estou preocupado em ficar sozinho, eu sei que os dois dariam um jeito de irem também."

"Então, o que é?!"

"Se eu me registrar," Remus hesitou. "Todos vão saber. Tipo, todo mundo mesmo. Antigos professores, alunos que estudavam em Hogwarts comigo e achavam que eu era normal. E acho que me acostumei com a minha zona de conforto em que só os meus amigos sabem... não sei se você entende."

Light and Darkness - Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora