Capítulo 42: Família

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Admito que houve momentos que eu não achei que fosse voltar a ver a minha casa. Meu quarto. Minha cama. Meus amigos.

Há um mês atrás, parecia impossível.

Assim que chegamos, Marlene se dispôs prontamente a cuidar dos meus machucados. Ela me levou até o meu quarto, impedindo que qualquer um falasse comigo antes, e mandou que eu não fizesse muito esforço pelo menos até o Halloween.

"Mais uma pancada na sua cabeça e não sei se eu conseguiria consertar isso, Black." Ela passava a varinha pela minha cabeça, murmurando feitiços de cura.

"Você conserta qualquer um, Marls." Sorri amigavelmente. Marlene usava uma jaqueta de couro, muito parecida com as que Sirius gostava de usar, mas a dela era vermelho sangue, contrastando com o cabelo loiro dela. Era realmente muito bonita. "Gostei da sua jaqueta, aliás."

A expressão dela mudou um pouco. Não era triste, era mais como se ela estivesse se lembrando de algo que sentia muita falta. Ela abaixou a varinha, e olhou para a jaqueta, "Foi ela quem me deu. Dorcas."

"Oh," Fui pego de surpresa. "Mm, eu não cheguei a... hm, conhecer ela muito bem." Marlene continuava olhando para a jaqueta. "Me conte dela."

Ela sorriu, os olhos brilhando, "Ah, ela... ela era a melhor pessoa que eu já havia conhecido na vida! Não havia ninguém como ela. Ela era alegre, engraçada, inteligente... Também era teimosa e nunca, nunca me deixava comer o último pedaço da pizza!" Ela gargalhou, com o olhar distante. E eu sorri, porque era contagiante.

"Você a amava." Disse. "Não é?"

"E como eu poderia não?" Ela sorriu fracamente, voltando a olhar para a jaqueta. "Como eu conseguiria não amar Dorcas Meadows?"

"Eu sinto muito," Franzi o cenho, tentando achar as palavras. "Pelo o que aconteceu com ela. Ela não... Vocês duas não mereciam."

"Vou contar uma coisa," Ela disse, de repente, passando um antisséptico em alguns machucados no meu braço. "No começo do seu namoro com Mary, eu a disse para não se apegar a você."

"O que?! Por que?!"

"Porque eu não confiava em você." Ela deu de ombros.

"Uau." Franzi os lábios. "Obrigado pela sinceridade."

"Não, não estou falando que não confiava em você como quem diz "Você era um comensal da morte."," Ela revirou os olhos, sorrindo. "Estou falando como quem diz "Ele é um metido à herói que deixaria você morrer para salvar o mundo, se for preciso."

"Meu Deus, Marls, que horror."

"Sei disso," Ela deu de ombros. "Dorcas achava que um dia ela mesma colocaria um fim na guerra. Ela tinha esperança. Muita esperança. E quando a perdi, a parte de mim que também tinha essa esperança se perdeu também. Então quando percebi que minha melhor amiga estava apaixonada pelo cara que declarou guerra oficialmente à Voldemort, eu fiquei assustada."

"Você deve ter me odiado quando foram atrás dela por minha causa."

"Eu não odeio ninguém, Regulus," Marlene sorriu. "Essa é uma das muitas coisas que aprendi com a garota que eu amava. Mas é, naquela época, eu realmente preferia que você ficasse longe dela. Não conte isso para ninguém."

"Por que não?"

Ela suspirou, levantando os olhos para me encarar, "Porque eu estava errada. Você nunca deixaria nada acontecer com ela. Você é uma pessoa boa e fico feliz que Mary ame alguém como você."

"Certo." Assenti, levando a mão à cabeça, fazendo um gesto militar. "Não vou decepcionar você, general."

Nós gargalhamos, e ela voltou a curar meus machucados. Marlene pediu para eu tirar a camisa para facilitar e eu fiz. Ela franziu o cenho quando me viu, "Você está todo roxo, Reg... Não deu tempo dele machucar seu corpo todo assim, a não ser que o desgraçado estivesse batendo em você durante todo o último mês!"

Light and Darkness - Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora