Capítulo 5: Herói

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Fiquei acordado até o dia clarear. Por incrível que pareça, não era Sirius que estava na minha cabeça. Precisava fazer alguma coisa. Não é como se eu tivesse muito a perder. Não tenho pais de verdade, nem um irmão de verdade. Se minha vida for o que precisarei dar para pará-lo, que assim seja. Se não posso parar Pettigrew, então pararei quem puxa suas cordas.

Lord Voldemort.

Passei todos os anos da minha vida com medo. Porque sabia que ir contra o que meus pais acreditavam era uma sentença de morte. Por muito tempo, eu quis isso, porque fui ensinado que Lord Voldemort era o único caminho para a grandeza. Tive inúmeras brigas com Sirius por causa disso, ele dizia que eu era bom e que eu não queria isso de verdade. Eu, honestamente, não acho que eu seja uma boa pessoa. Não gosto que me defendam, que demonstrem afeto por mim ou até mesmo que cheguem perto demais porque eu realmente não acho que eu mereça esse tipo de coisa. Mas Sirius não estava totalmente errado. Eu não queria isso de verdade.

Eu fantasiei uma ideia na minha mente por toda a minha adolescência do que eu seria quando finalmente recebesse a minha marca. De quem eu escolheria ser. Mas a verdade é que eu nunca tive escolha nenhuma. Porque depois da marca, eu me vi preso à uma vida que eu não queria de verdade. Garoto idiota. Eu achei mesmo que eu me encontraria, como Sirius se encontrou.

Estou tão longe disso quanto estou de fazer ele acreditar no que eu digo.

Sirius vive em meio ao amor, à liberdade e à amizade. O meu mundo é repleto de mentiras, mortes, torturas e traições. Principalmente traições. Ontem foi a gota d'água. Se até mesmo Pettigrew é capaz de trair as pessoas que foram leais à ele por tanto tempo, por que os comensais acham que Voldemort hesitaria em matar algum de nós se isso signficasse que ele se beneficiaria? Eles são tão burros assim?

A minha ficha caiu ontem para algo que eu estava me negando a querer ver.

Dei um salto da cama e peguei um pedaço de pergaminho e uma pena na cabeceira ao lado e comecei a escrever.

"Pandora,

Precisamos conversar. Vi Sirius esta madrugada. Preciso de ajuda em uma coisa muito importante. Não é seguro falar o assunto por aqui, como você deve imaginar. Mas irei até à sua casa no fim desta tarde. Me retorne se estiver tudo bem para você.

Espero que você esteja bem.

Com amor,

R.A.B"

Enrolei o pergaminho no pé da coruja e mandei. A carta chegaria rápido porque Pandora não mora longe daqui. E eu espero de verdade que ela responda, porque não vou conseguir fazer isso sozinho. Na verdade, eu não teria chegado tão longe se não por fosse ela. Ela entendia que não escolhi a vida que tenho, às vezes, podia parecer que sim, mas não escolhi. E sempre que eu estava de volta à Hogwarts depois das íncriveis férias de verão na mansão dos Black's com meus pais, Pandora estava lá. Perdi a conta de quantos machucados meus ela ajudou a sarar.

Ela dizia que não se importava com a marca no meu pulso porque conhecia a marca no meu coração. E que acreditava em mim o suficiente para saber que quando chegasse a hora, eu faria a coisa certa. Ela acreditava em mim.

Ela era a irmã que não me abandonou.

Assim que começou à clarear lá fora, Kreacher entrou no meu quarto. Não o via desde antes da reunião aqui em casa. Foi bom ver alguém que eu gostava depois de confrontar Pettigrew e ir parar na casa dos Potter no meio da madrugada.

Light and Darkness - Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora