𝟑𝟖.

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Apoiei alguns livros de alquimia que tinha achado espalhado pelas estantes e me sentei em uma mesa individual, próximo a janela coberta de neve, na biblioteca do castelo.

Peguei o primeiro livro da pilha, o menor e com mais páginas de todos que achei.

A escrita era complicada e as letras eram miúdas o suficiente para um disléxico confundir com a cor do papel. Mas antes que eu mesmo pudesse ler a primeira frase do capítulo, um bater de livros contra a madeira da mesa soou ao meu lado, como se alguém não via que eu já estava na mesa individual.

Me virei pra origem do barulho pronto pra afrontar qualquer que seja o ingênuo a tentar roubar meu lugar.

Os olhos esmeraldas soltaram o veneno no instante em que viu minha cara irritada.

- O que pensa que é? - disse a garota apoiando suas mãos na cadeira em que eu estava sentado, aproximando seu rosto em um gesto ameaçador.

- Que?!

- Não me venha se fazer de desentendido agora, Oxigenado. - ela tirou as mechas negras que cobriam um lado de seu colo, expondo as marcas dos hematomas em seu pescoço.

Exprimi um sorriso. O que só fez ela respirar fundo, para conseguir ter misericórdia em minha morte - rápida e sem dor.

- Você tem sorte por Kate ter saído do dormitório mais cedo, hoje. Porque se ela tivesse visto isso você já estaria morto. - ela apontou para a marca com fúria.

- Não exagere. Nem dá pra ver direito por baixo do seu cabelo.

Um "shhh" foi feito pela bibliotecária, Madame Prince, quando eu disse.

- Está no meio do meu pescoço, Malfoy. - ela sussurrou irritada.

- Então melhor ainda. - seus olhos envenenados me encararam como aviso - Quero que todos saibam que você não está disponível. Além de que não vai demorar mais que alguns dias até as aulas voltarem e outros alunos chegarem, aí não vão ter como supor que fui eu que fiz.

- É. Ai todos vão dar palpites que qualquer outro aluno inútil desse escola, como você, fez isso em mim. - Madame Prince fez "shhh" mais alto para nós dessa vez. - Você não sabe o quanto eu estou me controlando agora, Malfoy.

- Garotas se sentiriam privilegiadas por conseguirem uma marca como essa de mim...

Ela cerrou a mandíbula, exprimindo um riso cínico a mim.

- Saiba que vai ter que se esforçar um pouco mais se quer me fazer sentir privilegiada, então - certificou ela, se erguendo em pé de novo e fazendo caminho até as outras estantes da biblioteca.

Segui os passos da garota com os olhos, até reparar que ela segurava a varinha. Me prontifiquei para pegar minha varinha em troca e fazer qualquer tipo de contrafeitiço que ela possivelmente me atacaria. Mas uma corrente de ar cortante me percorreu, e quando virei até a mesa de volta, ela estava entulhada de neve. Molhando a mesa, livros, penas, tinteiros... Astoria abriu a janela fazendo derramar toda a neve presa nela.

Grunhi como reação, e apenas tentei captar o olhar de Madame Prince sobre mim. E ela já estava vermelha de ira.

***

𝐂𝐫𝐚𝐳𝐲 𝐢𝐧 𝐋𝐨𝐯𝐞 ; drastóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora