Capítulo 4

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Outubro de 2021, San Francisco, CA.

Anahí estava atrasada para o trabalho, seu domingo tinha sido uma confusão de coisas. Depois da notícia de que Alfonso estava chegando na cidade, sua cabeça tinha entrado em parafuso. Obrigou Dulce a ir com ela na Bed, Bath and Beyond para comprar novas roupas de cama para o quarto de hóspedes. Deu risada ao lembrar da amiga falando "Quem você quer enganar, Anahí, ele vai dormir na sua cama".

Passou por um Starbucks e pediu um chocolate quente, tinha pulado o café da manhã. San Francisco já estava no modo inverno, (apesar de ainda ser outono) uma grossa camada de neblina cobria a cidade e o vento gelado obrigava todos a usarem casacos mais pesados.

Anahí estava com um vestido roxo de mangas longas, uma bota de cano alto, meia calça mais grossa e um sobretudo preto. Os cabelos estavam soltos e o vento os jogavam para todos os lados. Ela estava a uma quadra do prédio onde trabalhava quando uma mão puxou seu braço.

Era Velasco. O coração dela gelou, ele estava com roupas de frio também, o rosto branco levemente avermelhado pelo frio. Ela puxou o braço da mão dele, se soltando.

– Difícil falar com você, ultimamente, Anahí – Ele tinha um sorriso no rosto, como se acabasse de ter escutado a piada mais engraçada do mundo.

– Impossível, considerando que eu não quero falar com você. – Anahí tomou um gole do chocolate quente, o corpo tremendo, sem ser por causa do frio.

– Eu tinha razão quando dizia que você é uma criança mimada, não é mesmo? Você acha que eu tenho tempo para esses seus joguinhos de chamar atenção? – Ele tinha abaixado o tom de voz e o sorriso sumiu do rosto.

– E você acha que eu me importo com o que você pensa sobre mim? Você é extremamente patético! Eu não quero chamar sua atenção, eu não quero nem lembrar que você existe, agora com licença que eu já estou atrasada.

Ela deu as costas para ele e voltou a caminhar, mas novamente foi puxada e ele a segurou bem perto, os rostos tão próximos que ela podia sentir a respiração dele batendo em seu nariz.

– Acabou essa palhaçada, você vai me desbloquear e nós vamos conversar. Para de ser infantil! – Ele passou a mão pelo cabelo dela devagar e Anahí sentiu o estômago embrulhando.

– Vou tentar te explicar mais uma vez, porque pelo visto você não entendeu. – Ela passou o nariz pelo dele devagar e sentiu ele hesitar – Eu não quero falar com você, não quero ver você, não quero saber nada sobre você e se você morrer agora eu vou estar feliz.

Enquanto ela falava ele a soltou, se afastando.

– Deixa de ser ridículo e some da minha vida, eu não tenho a menor intenção de seguir nesse ciclo doentio que você criou, mas pode ter certeza de que seu ver sua cara por perto de mim outra vez, eu vou chamar a polícia, e mais, vou te expor! Assim todo mundo vai ficar sabendo o grande filho da puta que você é!

Ela deu as costas sem esperar uma resposta e dessa vez ele não tentou impedi-la. Entrou no prédio com o coração disparado e foi direto para a sala de Dulce. A amiga já estava no escritório, e Christopher estava com ela.

Anahí fez o melhor que pôde para não chorar, mas não conseguiu, no momento que se viu segura ela desabou. Dulce saiu de trás da própria mesa para socorrer a amiga. Christopher a alcançou primeiro, a segurando em um abraço.

– O que foi Anahí? – Ele perguntou a segurando

– Velasco, ele estava na rua, me pegou desprevenida.

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