Novembro, 2021, San Francisco, CA.
Anahí teve o resto do dia ocupado, ela teve que deixar todos seus projetos nas mãos de outros colegas. Organizou sua agenda, cancelou reuniões e garantiu que tudo estava organizado. Faltando meia-hora para terminar seu expediente ela foi até o RH para assinar sua suspensão. Ela imaginou que algum funcionário a atenderia, mas Dulce a estava esperando. Anahí respirou fundo antes de entrar na sala da amiga.
– Suspensão? – Ela nem mesmo cumprimentou Anahí.
– Oi Dulce, tudo bem?
– Você sabe o quão difícil foi conseguir esse emprego para você? É ASSIM QUE VOCÊ ME PAGA, ANAHÍ GIOVANNA?
– Calma, tá tudo bem. – Anahí tentou apaziguar, mas Dulce estava furiosa com ela.
– Não-está-tudo-bem! Você não deveria ter feito isso! Anahí, você arriscou seu futuro para se vingar daquele verme nojento? Qual é o seu problema?
– Ok, esse é o seu limite. – A postura dela ficou séria, Dulce recuou. – Eu sei muito bem o que estava em risco, e eu sei exatamente o que eu fiz. Eu não sou uma criança perdida que todo mundo acha que tem que cuidar. Eu sou completamente capaz de diferenciar o certo do errado e o bem do mal.
– Te digo que não parece! Sua atitude foi inconsequente. E porque? Para uma vingança boba.
– Boba para quem? – Anahí se levantou. – Você não faz ideia de tudo que eu perdi, você conhece um pedaço da história Dulce, tem tantas coisas que aconteceram que você nem imagina. Coisas que eu me envergonho de contar, até mesmo para você. Coisas que eu não tenho coragem nem de pensar sobre! Ele me tirou tanto, e eu vou tirar dele o que eu puder e você não vai me impedir. Nem que eu tenha que explodir essa cidade.
Dulce ficou calada. Ela não conhecia esse lado de Anahí, ela geralmente era o tipo de pessoa que não deixava que soubessem como ela se sentia. Guardava para si tudo que podia, não dividia quase nada. Aquele lado vingativo era assustador, mas ela entendeu que não deveria provocá-la. Aliás, aquela Anahí não era aberta a questionamentos.
– Onde eu tenho que assinar? – Anahí, perguntou impaciente.
Dulce entregou os papéis e Anahí assinou sem voltar a sentar. As duas em completo silêncio. Anahí terminou de assinar e guardou sua cópia na bolsa. Saiu da sala sem se despedir.
Dulce sentia as têmporas pulsando, para ela toda essa situação somada com seus sentimentos por Christopher a faziam sentir sem ar. Ela saiu de sua sala, ainda tinha alguns documentos para assinar, então não iria embora tão cedo. Foi até a saída de incêndio, um dos poucos lugares onde ela conseguia respirar. Ao chegar lá deu de cara com Christopher, ele fumava um cigarro. Ela se preparou para dar meia volta quando ele a chamou.
– Pode ficar, eu já estou de saída.
O dia lá fora estava cinza, nublado e com cara de chuva, mesmo que ela soubesse que não iria chover. Ela fechou a porta e se encostou na mesma parede que ele, olhando os prédios em volta. Ele ofereceu o cigarro e ela aceitou, geralmente Dulce não fumava, mas estava tão estressada que acho que seria uma boa.
– Porque você está fumando? O que te deixou preocupado? – Dulce sabia que Christopher só fumava quando estava preocupado.
– Muitas coisas na cabeça, precisava relaxar por cinco minutos, ficar em silêncio.
– Então te atrapalhei. – O clima entre eles estava muito estranho, Dulce não o encarava.
– Não, você nunca atrapalha. – Christopher a encarou e ela continuou olhando o horizonte, fumando o cigarro. – O que te trouxe aqui? Se quiser falar, é claro.
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Only One
FanfictionAnahí Portilla é uma mulher de 28 anos que mora em San Francisco. Ela tem no passado alguns traumas e alguns arrependimentos. Depois de quase 5 anos longe de casa, seu passado está de volta e ela vai precisar fazer uma escolha: Seguir alimentando u...