Dezembro de 2021, San Francisco, CA.
Anahí abriu os olhos lentamente, a luz agredindo sua íris e a fazendo gemer baixinho. Ela demorou a entender onde estava, definitivamente não era sua casa ou seu quarto. Algumas vozes finalmente a alcançaram, era Dulce, mas ela não conseguiu responder, a garganta estava seca demais. Ela tentou se mexer, talvez levantar, mas a dor que sentiu no ombro a impediu. Ela gemeu novamente, querendo ter mais forças para fazer qualquer coisa, mas sentia o corpo anestesiado, como se tivesse sedada, então dormiu novamente.
Demorou mais duas horas até que ela finalmente despertasse, dessa vez a consciência chegando mais clara. Ela viu que Dulce estava sentada ao lado de sua cama, com uma expressão preocupada no rosto. Estava roendo as unhas.
– Já te disse para não roer as unhas. – Anahí falou com a voz mais rouca do que o normal. Dulce se levantou e foi até ela na cama. Segurando a mão de Anahí entre as dela.
– Finalmente! Você está bem?
– Sim, com muita dor de cabeça... O que houve?
Ela quase não conseguiu terminar a frase, as cenas do dia anterior voltando como um raio, a partindo ao meio. Ela sentiu o coração disparar e o ar faltar novamente. Dulce notou o quanto a amiga ficou agitada. Anahí já estava chorando antes de poder dizer qualquer coisa mais.
– Calma, Any, você está bem, está tudo bem. – Dulce apertou a mão de Anahí com carinho, mas as mãos dela estavam geladas.
O choro de Anahí se tornou compulsivo em pouco tempo, então Dulce teve que chamar uma enfermeira, que chamou um médico. Logo ela estava dormindo novamente.
Anahí acordou e a luz que vinha pela janela denunciou que já era quase de noite. Sua cabeça doendo mais do que antes e a garganta, se possível, ainda mais seca. Dulce seguia ao seu lado, e quando notou que Anahí havia acordado ela não permitiu que a amiga falasse nada.
– Any, por favor, por favor, fique tranquila. Não quero que eles te coloquem para dormir de novo, é desesperador te ver aí deitada imóvel.
Anahí ainda estava levemente confusa, mas acenou positivamente com a cabeça. Dulce sorriu para ela e acariciou os cabelos de Anahí, antes que elas pudessem falar qualquer coisa mais, alguém bateu na porta. Era uma mulher. Ela carregava um distintivo no peito.
– Com licença, a Srta. Portilla, eu preciso conversar com você. Estamos esperando você acordar faz algum tempo.
– Acho que ela não está em condições de falar nada, dê um tempo para ela. – Dulce encarou a mulher que parecia ser da polícia.
– Ela mesma pode me dizer se quer conversar ou não, e se você nos dá licença, essa conversa é sigilosa. – A mulher tinha a voz firme, Dulce a encarou, pronta para argumentar.
– Dul... Está tudo bem, eu posso falar. – Anahí falou, algumas lágrimas escorreram pelo rosto dela, mas ela secou com a mão esquerda.
– Se você precisar de alguma coisa eu estou aqui no corredor, só me chamar ok?
Anahí agradeceu, Dulce saiu do quarto. A mulher sentou-se na cama ao lado de Anahí, pegando um gravador e avisando que iria gravar a conversa das duas. Anahí consentiu, as lágrimas teimando em escorrer pelo rosto, mesmo que ela não quisesse chorar mais.
– Eu sou a detetive Muñoz, eu sou a responsável por entender o que aconteceu durante a festa na prefeitura na noite de ontem, dia 11 de Dezembro.
– Eu fui atacada.
– Certo, e quem te atacou? – Ela também fazia anotações enquanto Anahí falava.
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Only One
FanfictionAnahí Portilla é uma mulher de 28 anos que mora em San Francisco. Ela tem no passado alguns traumas e alguns arrependimentos. Depois de quase 5 anos longe de casa, seu passado está de volta e ela vai precisar fazer uma escolha: Seguir alimentando u...