Capítulo 3

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Outubro de 2021 - San Francisco, CA

Anahí acordou com a cabeça doendo, como se tivesse levando uma pancada forte. Pelo menos tinha conseguido dormir um pouco. As cortinas blackout a impediam de ter certeza da hora, então pegou o celular: 10:40 da manhã. Considerou tentar voltar a dormir, mas sabia que era uma batalha perdida.

Conferiu as redes sociais e viu as fotos de Dulce na balada com as amigas, ela parecia feliz. Anahí sentiu-se ainda mais vazia. Ela sabia que não encontraria alegria e felicidade em lugares como aqueles. Amava Dulce, a amiga tinha sido parte essencial na sua recuperação, mas a verdade é que nada daquilo fazia parte dela. Ela queria estar em outro lugar, com outras pessoas, em outras festas. Respirou fundo e pensou

"Pague os preço de suas escolhas, Anahí."

Pagar o preço estava sendo extremamente doloroso ultimamente, mas ela gostava de pensar que as coisas eventualmente iriam melhorar. Ela precisava pensar assim, caso contrário só jogaria tudo para o alto e ela não era boa em desistir.

Foi para o banheiro, lavou o rosto e a visão no espelho a deixou triste. Estava magra, os olhos marcados pelas olheiras, o esmalte vermelho das unhas, descascando . Os cabelos também pareciam sem vida. Ela precisava se cuidar, se colocar em primeiro lugar novamente e ter a certeza que ela não perderia mais um dia chorando pelo maldito Ex.

Tomou seu café-da-manhã e desceu até a academia para correr na esteira, o exercício era seu maior aliado, gastar energia e liberar endorfina eram seus melhores remédios e a impediam de surtar. Depois de quase uma hora de corrida ela tomou um banho e hidratou os cabelos.

Estava na penteadeira escolhendo uma cor de esmalte quando o telefone tocou, era Dulce.

– Bom dia amiga! – A voz dela ainda estava rouca e ela parecia ter acabado de acordar, eram mais de meio dia.

– Bom dia, sobreviveu? – Anahí perguntou dando risada quando ela rosnou em resposta

– Te juro que nunca mais vou beber, Jesus, que ressaca – Anahí riu ainda mais alto

– Amiga, você disse isso pelo menos umas 100 vezes desde que a gente se conhece.

– Eu sei, eu sei, mas eu estou ficando velha, não dá! E você? Conseguiu dormir, bela-adormecida?

– Você não sabe quem apareceu aqui, quase uma da manhã!

Anahí então relatou a visita de Manuel e o fato de ela ter ameaçado chamar a polícia.

– Nossa, esse cara realmente é um louco! Você deveria mesmo chamar a polícia, fazer uma queixa dele, isso já passou do normal.

Dulce era sempre leve e divertida, mas sempre que os assuntos eram realmente sérios ela mudava de postura. Era sempre uma leoa quando se tratava de defender quem ela amava. Anahí conseguiu sorrir levemente ao sentir-se protegida por ela.

– Não queria mais ter que me incomodar com nada relacionado a esse cara, mas sinceramente se ele tentar qualquer outra coisa eu vou na polícia.

– Eu iria agora, mas isso é com você. Se precisar de qualquer coisa, me avise!

– Obrigada, Dul, de coração.

– Estamos aqui para isso, princesa!

Anahí escolheu um esmalte nude, as unhas estavam levemente compridas, achou que combinasse, as duas continuaram a conversa. Dulce contando sobre a noite anterior e o cara com quem ela terminou a noite, as duas rindo dos detalhes.

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