NARRADOR
O evento proporcionado pela RBB nessa nova inauguração era de fato o que as revistas esperavam parar vender todos os exemplares. As matérias seriam das mais diversas, o ator que bebeu demais e saiu com algum mulher, alguma falha técnica, crítica dos funcionários, a arrogância de algum convidado. O mesmo tipo de fofoca que todos sabem que acontecem e mesmo assim fingem um espanto exagerado quando obtém, e recomeçaria toda a comoção contra uma figura pública, afinal, do que seria daquela boa e tradicional sociedade coreana sem algum nome para perseguir e projetar suas próprias frustrações. Era em eventos assim que pequenas sementes eram plantadas, mas também era desses mesmos jornais mesquinhos que novos nomes surgiam, como Kang Seulgi a jovem fotógrafa, um verdadeiro achado de Bae Irene, introduziu ao evento todo ar novo que sua perspectiva trouxe. Suas fotos desfocadas trouxe a impessoalidade necessária para se adaptar em qualquer cenário, seu nome rodaria o intermeio dos fashionistas, mesmo que esse não fosse o caminho que a rebelde Kang pretendia seguir, seu espírito artístico e teimoso não a permitiria seguir aquela carreira decadente. Mas esse não seria o único nome de destaque da noite, Kim Jisoo estreava as passarelas impactando por sua beleza, pouca idade e confiança. Esbanjando carisma, a mulher deu seu nome na noite, recebeu as rosas de Jennie e gerou especulações entre os CEOs. Hwang nunca esteve mais certo sobre a contratação da dupla Jennie e Irene, elas tinham um bom olho para o negócio, foi por seu risco contratar duas mulheres jovens, e dado machismo daquele meio empresarial pensou em desistir da contratação. Teve um pequeno incentivo do senhor Bae, é claro, não poderia deixar passar um sobrenome tão forte, mas as indignações de todos os sócios foram supridas de estação em estação, que era o momento das novas linhas saírem, e o momento que a RBB deslanchava nas ações.
Mas o dia de amanhã ainda não tinha chegado, a festa seguia seu percurso mais claro, bilionários se empanturrado de álcool e cigarro, discutindo futuras negociações e uma pergunta recorrente. Onde está Irene? A mulher não apareceu no fim do desfile, um hábito que tinha desde sempre era subir e agradecer novamente com um discurso ainda mais longo que o primeiro. Mas dessa vez Hwang cumpriu esse papel.
Jennie andava por todos os cantos, talvez procurando Irene, ou talvez só estivesse cumprindo as tarefas que criava em sua mente para se manter ocupada, assim não gastaria seu tempo com alguma conversa desinteressante, esse papel era de Irene e por nada no mundo ela desejava roubar seu posto. Jisoo pendia entre um jornalista e outro, as perguntas eram as mesmas, a menina não era ingênua e as respondia com muita segurança, foi bem treinada para o momento e dificilmente cometeria algum deslize depois de repassar as prováveis duzentas perguntas mais feitas para uma modelo. Jennie as vezes deixava seu posto de chefona para breves conversas com a modelos, ambas tiveram um afeto espontâneos, Jennie sentia facilidade em falar com a mulher o que era difícil porque a Kim mais velha aceitava que era alguém quase impossível de lidar, ela tinha puxado demais do seu pai. Jisoo por sua vez tinha um interesse estranho pela mais velha, talvez fosse o jeito meio metido da mulher, mas aquilo divertia a modelo. Jennie tinha uma visão interessante sobre tudo e sempre expunha uma opinião forte sobre tudo, Jisoo se divertia na companhia da mais velha, e era uma amizade que estava disposta a cultivar.
Wendy procurava por suas amigas em todos canto, foi difícil deixar seu habit natural para voltar ao grande centro econômico da Coreia, não gostava nenhum pouco de Seul, odiava estar no meio de tantas pessoas, por isso se dava bem com Seulgi. A mulher era simples, não exigia conversas profundas sobre a existência humana, mas não chegava a futilidade de gastar seu tempo falando sobre homens. Ela era uma amiga para se estar, assistir algum filme e ter longas conversas sobre fotografias e suas novas expedições. Seulgi era paciente, sabia ouvir e não tinha necessidade de falar enquanto isso, quando não queria um encontro apenas dizia, mas raramente recusava algumas canecas de cerveja. Entre um cigarro e outro, as vezes, ela deixava escapar alguma insegurança ou insatisfação com a falta de apoio dos pais, talvez se Wendy não a conhecesse por tanto tempo, não entenderia a história da mulher, Seulgi era alguém pra se juntar nas entrelinhas. Não a pegaria no flagra em uma grande reclamação sem fim, mas sim nesses súbitos insatisfatórios movidos a álcool e cigarro e uma melancolia profunda. Era engraçado para Wendy pensar no encontro entre Seulgi e Irene, porque enquanto Seulgi vivia nessa inconstância de não saber quem era, Irene colocava tudo metodicamente em ordem. Ela era a mulher de todos horários e boas negociações, poderia falar sobre qualquer assunto e até mesmo se interessar por eles, suas habilidades sociais eram extraordinárias. Wendy conheceu a mulher por acaso em uma aula, mas se tornaram amigas de imediato, a companhia de Irene era uma sequência de risadas e vinho, mesmo que nenhuma das duas gostasse de vinho, elas simplesmente pensavam que combinavam com o momento. Seulgi era um bar na madrugada com prováveis vômitos em um beco, enquanto Irene era uma tarde em um conversível com um rock popular para embalar o momento.
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As Cores da Liberdade
FanfictionSeul é o palco para uma história de descoberta com um pouco de encontros e desencontros, um cenário comum àqueles que já se apaixonaram à primeira vista. O caminho do amor nem sempre é aquele que imaginamos, mas é traçado. De um jeito ou de outro. E...