Joohyun tentou ligar, mas estava tão trêmula que só conseguiu depois de errar o número muitas vezes seguidas, e de repente, como se o relógio tic taqueasse lentamente, seu corpo ia saindo de sintonia e tudo foi se tornando desfocado, aquela a mensagem parecia com algum comercial de televisão, longe e sem qualquer nexo com a realidade. Ela correu até o banheiro onde jogou água no rosto, talvez tudo aquilo era um pesadelo bobo. Mas quando ela olhou no espelho, continuava presa naquela realidade fajuta.
Kang Seulgi não tinha o direito de ser tão idiota como tinha sido agora, era tudo que Joohyun pensava. Nada daquilo fazia o menor sentido na sua cabeça, tudo estava bem, muito mais que bem, tudo estava perfeito. Pela primeira vez, tudo estava perfeito e ela tinha o que queria, na mais perfeita ordem. Ela não tinha Jennie. Ela mentia para família. Aparentemente, ela não tinha Seulgi também.
Agora quando ligava caia direto na caixa postal, então ela tentou ligar para Jennie porque de uma maneira muito boba pensou que a amiga talvez fosse atender e explicar para ela tudo que estava acontecendo, mas ela também não foi atendida, claro que não.
Em uma dor completamente nova ela ia se afogando aos poucos, um vazio que ia se tornando maior ao passo que os segundos corriam. Talvez fosse o vazio de não ser realmente amada por ninguém, talvez ela fosse apenas alguém fácil demais de ser deixada, e isso era algo a ser simplesmente aceito.
No meio da melancolia dos fatos, Joohyun se lembrou da prescrição do seu médico, correu até o guarda roupa e pegou o pequeno vidro amarelo. As vezes quando tinha dificuldade pra dormir, tomava um ou dois, e era o que precisava agora, porque sentia seu corpo ficar completamente descontrolado. Ela destampou o vidro e pegou alguns comprimidos, se encheu de calmante porque não queria mais existir naquela madrugada.
Resolveria o que precisasse ser resolvido na manhã seguinte, porque agora ela não fazia ideia de onde Seulgi poderia estar, ou quem além de Wendy poderia ter essa informação. Assim, quase como um desmaio, ela se entorpeceu e caiu em um sono profundo, tão profundo que nenhum sonho lhe ocorreu. No sono, Seulgi não tinha mandando nenhuma mensagem perturbadora, não tinha colocado um ponto final no que mal começaram, não pulou fora do barco que ela se comprometeu em velejar.
Devia ter permanecido dormindo, mas um barulho muito alto rompeu o silêncio das paredes melancólicas daquele apartamento.
Joohyun sentia seu corpo pesado, como se um caminhão tivesse acertado em cheio. Sem ao menos se dar conta de tudo que estava acontecendo, e apenas reproduzindo movimentos automáticos, ela caminhou até a porta. Seus sentidos ainda afetados pelo remédio, e como efeito ela estava apática do mundo. Bae Yerim entrou quando ela abriu.
- Hyunnie, onde você estava aqui esse tempo todo?
- Ahn?
- Não foi trabalhar hoje? – Yeri agora notava que a irmã parecia um pouco passada – Unnie, você está de pijama três horas da tarde sendo que devia estar trabalhando, por acaso tá doente?
- Calma – Joohyun pediu fazendo um gesto com as mãos – Você está falando muito rápido – E assim se sentou.
- Joohyun – Yeri segurou o pulso da outra que andava lento – Você parece drogada – Insinuou a irmã, e por fim viu que na mesinha tinha um pote de remédios. Não eram tão fortes, apenas pra ajudar o corpo a relaxar, mas a irmã ficava um pouco abobada quando os tomava.
Bae Yerim entendeu muito rápido que algo não estava bem, primeiro porque sua amiga Sooyoung não tinha ido para escola, e quando mandou mensagem a menina disse que estava ajudando a irmã fazer as malas, aparentemente ela ia às pressas para a Austrália. Então a Bae menor tentou falar com a irmã, mas não conseguiu nenhum contato, na RBB ninguém sabia dela, mas o porteiro afirmou que ela tinha chegado em casa na noite anterior e não tinha voltado a sair. Yerim se sentiu mais tranquila vendo a irmã, mas obviamente a tranquilidade não permaneceu por muito tempo, alguma coisa aconteceu entre Seulgi e Joohyun.
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As Cores da Liberdade
FanfictionSeul é o palco para uma história de descoberta com um pouco de encontros e desencontros, um cenário comum àqueles que já se apaixonaram à primeira vista. O caminho do amor nem sempre é aquele que imaginamos, mas é traçado. De um jeito ou de outro. E...