As Cores da Liberdade

Algumas tonalidades de azul

Joohyun mal acabara de acordar e dava de cara com uma Taeyeon totalmente acelerada sentada na mesa da cozinha passando papeis de um lado para o outro, com marca textos de todas as cores anotando números gigantes em uma folha em branco e o telefone na outra. Ainda sonolenta a prima mais nova ficou admirando o trabalho intenso que Taeyeon fazia com os olhos levemente arregalados.

- Lembra que eu prometi dá uma olhadinha geral pela administração? – Taeyeon disse quando percebeu que estava sendo observada.

- E isso tudo é parte da sua olhadinha? – Joohyun disse olhando os milhares de papeis que cobriam a mesa de jantar gigante que Yoona tinha na cozinha.

Em um canto isolado onde os papeis não escondiam por completo o vidro, Joohyun conseguiu uma garrafa de café, e depositou um pouco em uma xícara enquanto observava Taeyeon se concentrar em mais uma pasta com o logo desconhecido de uma das prováveis filiais do avô.

- Como conseguiu tudo isso?

- Não foi difícil, meio que eles têm que obedecer se a neta do dono pede os últimos relatórios, e era um trabalho bem comum quando eu atuava no setor. O vovô me fazia revisar isso feito uma louca.

- Mas esse não é bem o meu trabalho, não é? – Joohyun perguntou esperançosa com a negativa, não queria ficar sentada nas próximas semanas olhando carregamento de caminhão.

- Não, seu trabalho é ir em reuniões, assinar documentos e ter encontro com velhos chatos que gostam de golfe – Ela corria o olho de um canto ao outro em uma velocidade absurda e Joohyun achava impossível que ela estivesse de fato conseguindo ler alguma coisa – Eu gostava de manter a ordem, era mais fácil controlar em cima se a base da pirâmide segue ajustada, mas não sei se continuaram com isso desde que saí.

Esse não é bem o tipo de documento que pararia fácil nas mãos do CEO, ficaria entre o terceiro e quarto setor onde o embarque e desembarque de matéria prima é controlado, as vezes nem ao menos chega até a sede, sendo concentrado nas filiais que se espalham pelo país. Mas desde que assumiu o cargo como presidente interina, até que tudo pudesse ser passado pelo tio, ela sabia que precisaria da ajuda de alguém que confiasse e que entendesse como funcionava as coisas ali dentro, e Taeyeon era essa pessoa de confiança, por isso pediu para que ela exercesse um pouco do cargo que tinha antes de deixar tudo.

Joohyun se sentou olhando a paisagem exterior, o jardim de Yoona era incrível com muito verde de flores coloridas, mas ela sentia falta do seu apartamento e sua vida calma. Sentia falta das ligações de Amber e resolver problemas da RBB se preocupando apenas em organizar grandes eventos de moda, era o que ela fazia de melhor. Mas isso era um mundo novo e muito mais complicado de entender, no telefone tinha todas as ligações da sua nova assistente que a atualizava sobre a agenda do dia.

A Bae ainda estava presa em casa, não era necessário mais manchetes com seu nome, tudo que devia fazer era seguir a programação imposta e esperar que os dias passassem até transferir a empresa para o nome do tio. Mas Joohyun sabia que apesar de ser sua maior vontade abandonar aquilo, ela precisava saber quem era o tio e o porquê ele nunca foi uma opção para o avô, e principalmente entender porque tinham pessoas a seguindo para todo canto.

- Esses números não batem, veja só, aqui tem o gasto de quinze milhões de wons – Taeyeon cortou o silêncio indo em direção da prima – Nesse dia era esperado treze descarregamentos, só chegaram cinco.

- E? – Joohyun franziu o cenho ainda saindo dos pensamentos avulsos e tentando concentrar no que a outra dizia.

- Ou esse valor está muito inflacionado, o que é ridículo porque o vovô conseguia tudo a preço de banana, ou mais da metade desse dinheiro simplesmente não foi entregue em mercadoria.