Seulgi não sabia de onde vinha tanta raiva de repente, mas sabia que quando sentia isso era melhor ficar sozinha, ou arrumaria confusão com quem estivesse por perto. Ela era demais do seu pai, e assim como ele, não sabia colocar suas frustrações em palavras, apenas deixava tudo se acumular e queimar por dentro até o momento da combustão, quando ela explodia que afetava sem intenção quem era importante, igual uma bomba relógio. Ela sabia que não precisava estar assim, mas era tão inútil repetir essas palavras em sua cabeça. Como era boba essa nova Seulgi, possessiva e ciumenta, e todo esse arsenal de sentimentos novos que a confundia e atormentava sua cabeça, ela sentia raiva mais não sabia o porquê.
Ela sabia distinguir algumas como a raiva por Sehun, porque de algum modo ele parecia algo que ela não poderia ser, alguém que estivesse ao lado de Irene na rua com todos olhando, e ele também podia ser um pedido de namoro público. Sentia raiva porque durante toda vida ela carregou esse orgulho em não ter sido igual ao outros, mas agora ela só queria segurar a mão da mulher que ela admitiu gostar. O mundo nunca foi justo, Seulgi bem sabe, mas agora ele era mais que isso, havia algo de sufocante que apertava em suas veias, nesse medo compulsório de ser o que não entendia, de querer demais alguém em segredo.
Irene. Ela a deixou como uma idiota, tudo bem que se arrependeu na primeira esquina, mas era uma merda de uma egoísta que não conseguia pisar no próprio orgulho. Ela queria não sentir aquele sentimento traiçoeiro de que Irene não confiava nela o bastante para contar sobre o que estava acontecendo na sua vida, e a história de que ela é agora uma figura pública conhecida, tudo só parecia se complicar. Estava se tornando complicado antes de terem assumido qualquer compromisso, e essa talvez fosse alguma resposta do universo para a loucura que ambas estavam quase se entregando. Elas eram diferentes. Se Seulgi não aguentou o sentimento de insegurança e precisou sair correndo por ser medrosa, Irene nem ao menos tentou chamar seu nome, nenhuma das duas pareciam ter a força necessária para se manter de pé no menor problema que aparecia.
Com o quarto tão desarrumado quando o habitual, ela percebeu que deixou o notebook aberto sobre a cama, ao tirar algumas camisetas que o cobriam parcialmente, ele ascendeu e seu olha inevitavelmente foi direto pra no canto da tela. Ela sabia bem o que estava ali e sabia que aquela era a maior prova de que fazia tempo que já estava totalmente atraída pela jovem executiva. Seulgi queria não cair na tentação de olhar aquelas fotos, mas nunca de fato as olhou, apenas descarregou sua câmera ali e tentou fingir que a pasta não existia, e agora era definitivamente o pior momento pra espiar as várias Irenes que ela capturou durante seus dias na RBB. Claro que ela não iria admitir na época, não admitiria nem para si se fosse necessário. Ela se convencia que estava treinando um ângulo, ou a colocação, ou só queria incomodar a Bae. Mas nunca apagou nada, e agora era tentador porque sabia que tinha magoado a outra, mas ela só queria de alguma forma não dita estar perto da mulher mais um pouco.
(imagens no link das notas finais)
O tempo se arrastou em uma contagem desnecessária que no momento e parou de importar, porque Seulgi ia de foto em foto rindo como uma boba para as Irenes que iam aparecendo. Sim, Seulgi se sentia uma adolescente que desenha coração no próprio caderno com as iniciais do garoto popular, mas era tão difícil não ser agarrada pelo olhar brilhante da Bae, que diziam tanto mesmo desfocados, mesmo sem a intenção de dizer nada. A boca vermelhinha que fazia uma linha reta quando ela se concentrava uma em alguma coisa, e levemente inchadas depois de a ter pressionado tanto. Como poderia alguém não se apaixonar por aquela mulher?
Ela sabia que era muito tarde quando pegou o celular para checar as horas, e sentiu o coração pulou algumas batidas com o nome da Bae estampado na sua tela ao lado das mensagens não lidas. A fotógrafa não tinhas muitas conversas, porém todas tinha alguma mensagem que seria ignorada por mais algum tempo. Menos aquela com o nome da mulher que amargurava Seulgi em um desespero contínuo, de certo modo havia um receio de ter levado um fora, e mesmo nos milésimos de segundos em que pensou ter perdido a mulher, seu coração doeu como nunca experimentou dor antes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Cores da Liberdade
FanficSeul é o palco para uma história de descoberta com um pouco de encontros e desencontros, um cenário comum àqueles que já se apaixonaram à primeira vista. O caminho do amor nem sempre é aquele que imaginamos, mas é traçado. De um jeito ou de outro. E...