As Cores da Liberdade

Três potes de sorvete e uma boite de bebedeira

Joohyun estava desnorteada por toda empresa, correndo escada a baixo até a entrada do prédio, corria o mais rápido que conseguia na esperança de ainda encontrar Jennie, mas a mulher sumiu como uma pluma. Em seguida, com o telefone na mão, ela ligava e voltava a ligar esperando desesperadamente que a amiga atendesse, mas nada aconteceu. Nada daquilo fazia sentido, tudo parecia confuso, um grande mal entendido ou uma pegadinha idiota, parecia que Jennie entraria mais uma vez por aquela porta rindo da cara de boba que Joohyun tinha agora.

Ela parou, seguiu o banheiro do térreo, onde não tinha mais ninguém, e tentou pensar no que fazer, no que aconteceu nos últimos minutos. Jennie gostava dela. Se isso era verdade, como nunca percebeu? Viveu dez anos do lado da mulher, morando praticamente juntas. Apresentou todos seus namorados, contou todas suas frustrações, e Jennie por outro lado nunca pareceu interessada em nada que tivesse a ver com romance.

Não percebeu que poderia o assim uma amiga tão ruim a ponto de negligenciar dessa forma a outra, para faze-la querer deixar sua vida sem nenhuma conversa sem ao menos ouvir seu lado. E onde o direito de Joohyun sentir raiva, ela também foi enganado por todos esse anos, e se Jennie só fez amizade buscando alguma intenção escondida, ela também tinha o direito de se zangar, também poderia se demitir da vida da pessoa considerou ser sua melhor amiga por tantos anos. 

Seu celular tocou a assustando, e o nome de Wendy apareceu na tela, então ela atendeu ainda desnorteada.

- Hyun.

- Oi – Não conseguia demonstrar qualquer animação, se sentia completamente perdida. Sua única vontade era encontrar Jennie e entender o que estava acontecendo.

- Estava pensando, faz um tempo, talvez fosse bom te encontrar hoje depois do trabalho.

- Na verdade, eu estou indo para casa – Não raciocinava o suficiente para saber o que responder – Não estou me sentindo muito bem, preciso descansar – Apenas o processo de falar, mesmo que não fosse nada relacionado ao que aconteceu, embargou a voz de Joohyun.

- Aconteceu alguma coisa? – A outra voz soou apreensiva.

- Eu preciso ir pensar um pouco – Se limitou a dizer, não queria envolver ninguém nisso agora, porque nem ela sabia o que estava acontecendo – Preciso desligar.

- Me liga se precisar de alguma coisa.

A morena desligou o telefone saindo da empresa direto para o táxi, não sabia o que fazer. Tinha que ser uma piada de mal gosto, mas o aperto no seu coração insistia em mostrar que aquilo era um traço fatídico da realidade, e ser era mesmo isso que sentia, Jennie parecia sentia tanta mágoa dela agora. Nunca imaginou receber aquelas palavras, aquela frieza no olhar. Nunca imaginou poder ter sido a grande causadora de dores tão profundas na melhor amiga, na pessoa em quem mais confiou na vida. Não, era impossível perceber que de um instante para o outro ela se sentisse completamente sem chão.

Talvez devesse ter ido encontrar Wendy, fazia uns bons dias que queria lhe dar uma palavrinha e fazer com que ela e Seulgi deixassem de ser tão infantis e voltasse a estar em bons termos. Mas como ela deveria ditar o relacionamento de duas amigas quando o seu com Jennie foi uma mentira desvalada? Não sabia se devia sentir magoa da amiga também, porque como raios Joohyun deveria saber que a amiga alimentava sentimentos por ela? De todo modo, esses pensamentos deixavam de ter um embasamento lógico porque a própria Bae estava morrendo de medo de contar sobre seu relacionamento com Seulgi, por medo de sofrer alguma rejeição da amiga. Ela entedia o medo de Jennie, entendia muito bem o frio na barriga  dos segredos. Ela se fazia muitos questionamentos agora, todas aquelas brigas que Jennie tinha com a família poderia também ser por conta disso? Realmente Jennie era boa em guardar o mundo para si, isso sempre preocupou Joohyun, mas nunca imaginou em algo desse tamanho.