É VOCÊ // Dotae

"roda de hamster"

✿ Lee Taeyong ✿

— Taeyong — Assim que me aproximei do Kim ele me puxou para um abraço me deixando surpreso.

— Estava sentindo tanta saudade assim?

— É claro, foi horrível suportar meus pais sem ter você para escapar — Ele abriu um sorriso e eu senti aquelas malditas borboletas no estômago — Vamos sair hoje?

— Para onde? — Pergunto abrindo a porta do carro para ele entrar.

— O que acha de um cineminha? Eu deveria ir para a empresa mas já deixei o Jaehyun no meu lugar.

— Isso vai acabar dando um problemão 'pra você, sabia?

— Não se preocupa com isso não, enquanto meus amigos estiverem me ocupando na empresa ninguém vai perceber que não irei.

— Eu espero mesmo porque meu emprego também está em jogo nisso, Doyoung.

Eu dirigi até o cinema e no caminho conversamos sobre todos os filmes que estavam em cartaz, ele escolheu por um filme de terror e eu concordei mesmo não gostando muito. Geralmente assistia com o pessoal lá em casa, com bastante gente acabava nem sentindo medo e só ria dos gritos do Jungwoo e Haechan, mas agora é apenas eu e ele numa sala escura, não sei se fico com coração acelerado de paixão ou de medo.

Ele foi quem comprou os ingressos e a pipoca mesmo eu dizendo que não precisava, ele tinha que escolher logo o fundo da sala do cinema, a cada passo que dava para subir os degraus meu coração balançava mais, quando nos sentamos o filme demorou apenas alguns minutos para iniciar, as primeiras cenas já deixavam aquele suspense e mistério no ar que despertava curiosidade em qualquer pessoa.

Foi apenas algum tempo para que a história realmente começasse a ir para o lado aterrorizante, eu não vou mentir, estava morrendo de medo, não era a mesma coisa que assistir com os meninos gritando e escutando a risada escandalosa do Xioajun, o ar frio e o ambiente escuro deixava tudo mais assustador para mim.

Foi quando a primeira morte aconteceu que, por impulso, eu agarrei a mão de Doyoung e apertei firme, o medo nem deixava eu sentir vergonha do que estava fazendo, só queria sentir que ele estava lá para me proteger.

— Está com medo? — Ele pergunta e eu escutei sua risada baixinha.

— Está rindo de mim?

— Não, só estou achando fofo, por que aceitou assistir se tem medo? Podíamos ter escolhido um filme de aventura.

— Eu achei que não fosse sentir medo — Voltamos a prestar atenção no filme e eu achando que nada pior podia acontecer, vem outra morte ainda pior que a anterior e muito mais nojenta. Eu senti o coração acelerar de medo, eu fechei os olhos e escondi meu rosto no pescoço no Kim.

Ele levou um braço para abraçar meus ombros e com a outra ainda segurava a minha mão, eu escutei sua respiração tranquila e a risadinha baixa que dava, provavelmente rindo da minha cara por ser medroso.

— Não precisa ter medo, estou aqui para te proteger — Ele diz próximo do meu ouvido.

De novo, o flash do sonho em que escutava ele dizer que eu estava sozinho passou pela minha cabeça, mas o Doyoung de agora não era igual o do sonho. Aquele era frio, não se importava comigo, parecia se divertir com a minha angústia, mas esse aqui, ele está me protegendo, se preocupa, ele não me deixa sozinho.

— Tae, o filme acabou — Ele sussurrou mais uma vez e finalmente pude me afastar e cair na realidade, ao ver nossas mãos unidas eu senti minhas bochechas esquentarem e tentei afastar mas ele segurou minha mão mais firme — Por favor, não solte, vamos... Ficar assim por mais um tempo.

Eu não respondi nada e também não me afastei, assim que saímos da sala de cinema, nós caminhamos um pouco juntos até voltarmos para carro. No caminho de volta ele comentava algumas coisas que gostou no filme e eu apenas escutava tudo com um sorriso no rosto, ele dizia tudo com tanta animação, extremamente fofo.

Como não tinha mais nada na agenda dele, nós nos despedimos e eu voltei para a minha casa, o caminho todo pensando em como foi divertido o dia com o Doyoung, mas por mais que tentasse aqueles malditos pensamentos não me deixavam em paz, aquele sonho que parecia tão real, o que a senhora Choi e Chittaphon disseram, tudo isso me deixava pensativo demais, Ten não mentiu, realmente é estranho alguém mudar do dia 'pra noite.

Doyoung, o que você quer comigo? Por que tanto interesse pelo motorista? O que eu poderia oferecer para ele? Não tenho tempo, não tenho dinheiro, não sou bonito igual os outros homens que ele conhece, sou de uma família extremamente grande e com alguns problemas a serem resolvidos, por que então fazer o que está fazendo?

Kim Doyoung, você está me bagunçando tanto, tem tantas coisas em jogo aqui, principalmente meu coração, eu tenho medo de me entregar realmente e acabar como antes, naquele estado deplorável onde eu não conseguia nem sair da cama e só sabia chorar por causa de um idiota, tenho medo de me entregar de corpo e alma e Doyoung me fazer de brinquedo como já fizeram, mas ao mesmo tempo, eu não queria negar o desejo que crescia dentro de mim.

Queria ser egoísta, pensar em mim e me entregar para essa nova paixão, fazer loucuras como os outros jovens faziam, eu sempre parecia estar correndo em uma roda de hamster preso em uma gaiola, e sabe o pior? Ninguém me colocou lá, eu me coloquei, eu me coloco essa pressão, eu quero ser o melhor de mim todos os dias pelos outros e mesmo não querendo assumir eu me deixo de lado.

Mas não posso mudar quem sou, não posso parar de pensar na minha família, principalmente agora, estou em um tremendo dilema. Deixar a paixão de lado pelo dinheiro que preciso agora ou me entregar a paixão e correr o risco de perder o emprego.

E entre essas duas opções, eu não consigo pensar duas vezes, minha família sempre estará em primeiro lugar, não importa a hipótese.

☆☆☆

Tadinho do Tae, ele está tão confuso...