"eu realmente não me importo"

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✿ Lee Taeyong ✿

Eu tenho que dar um jeito nesse coração idiota, Deus eu tinha pedido para não deixar Doyoung quebrar minhas barreiras, mas a cada dia parece que ele só tira mais um tijolinho, e vai chegar um dia que não terá mais tijolos, e é disso que eu tenho medo.

Medo de me apaixonar, medo de me machucar, medo de perder meu emprego por conta de um sentimento indesejado, preciso lembrar sempre o que me fez chegar nessa situação, é pela minha família, eu larguei a faculdade por eles, estou trabalhando como motorista particular por eles, estou tendo péssimas noites de sono e passando pouco tempo com eles, mas é por uma boa causa.

Não estava nos planos Kim Doyoung bagunçar meus sentimentos, e o pior é que ele não me afasta quando ficamos próximos demais, ele não demostra estar incomodado comigo perto, solta aquelas frases que mexem comigo, ele mudou tão de repente que mal tive tempo de me acostumar com esse novo Doyoung, e não sei se vou me acostumar.

— Lee? Está tudo bem? — Volto a realidade ao escutar a Sra. Kim me chamando, desencostei do carro e fingi o meu melhor sorriso que dizia "claro que está tudo bem, nem estou apaixonado pelo seu filho".

— Está sim, só estou um pouco aéreo hoje mas nada que atrapalhe no trabalho.

— Isso é ótimo, só queria te avisar que amanhã é o dia do seu primeiro pagamento então depois de cumprir a agenda do Doyoung passe na minha sala — Graças ao pai, uma notícia boa finalmente.

— Claro, mais alguma coisa?

— Sim, eu também queria agradecer pelo que está fazendo com o meu filho, estou percebendo uma mudança na personalidade dele, para melhor, como está fazendo mais do que devia, eu resolvi dar um aumento, para compensar o tempo que você gasta colocando ideias decentes na cabeça do Doyoung.

— Oh Deus, isso é ótimo mas não precisa, de verdade.

— Você merece, sabia que não errei quando te contratei – Ela sorriu e eu retribui um pouco envergonhado, realmente não sei lidar com esses momentos.

— Obrigado, Sra. Kim.

— Pode me chamar de MinJung, querido, agora irei resolver coisas do trabalho e você pode voltar ao que estava fazendo.

Ela me deixou sozinho novamente e eu peguei meu celular para ligar 'pra minha mãe.

— Mamãe, tenho duas boas notícias — Conto assim que ela atende.

— Fala filho – Escuto um barulho alto e passos — Desculpa o barulho, domingo é o dia do desfile que Yves e Sanha querem fazer, elus estão fazendo todo mundo ajudar a arrumar o quintal — Soltei uma risada imaginando o caos que devia estar em casa.

— Eu entendo, vai ser divertido, eu queria contar que a patroa veio falar comigo agora e disse que vou receber o salário amanhã — Escutei um gritinho fino dela no outro lado da linha.

— Isso é ótimo filho, a ajuda que isso vai dar aqui em casa vai ser ótimo.

— E tem mais mamãe, eu vou receber um aumento por estar fazendo uns favorzinhos aqui.

— Taeyong isso é maravilhoso, nossa, eu estou tão orgulhosa de você menino, seu pai também está, o pessoal vai surtar quando eu contar.

— Muito obrigado mamãe, o apoio de vocês é tudo que eu preciso.

— Somos uma família, estamos sempre aqui para você, mas agora vou precisar desligar porque o Xiaojun e Lucas estão fazendo guerra de tinta e vai acabar manchando o cabelo das meninas — Eu me despedi dela e desliguei a chamada.

Encostei na porta no carro com um sorriso no rosto, já tinha planos com o que fazer com o primeiro salário, uma grande parte iria para pagar as contas obviamente, e a outra estou pensando em guardar para ajudar a reformar a casa, também precisamos disso. Tenho quase certeza que meus pais não vão deixar eu deixar tudo para isso e vão pedir para mim pegar uma parte para algo 'pra mim, mas isso pode esperar.

— Alguém está felizinho hoje — Me assustei ao ouvir a voz de Doyoung, ele estava na porta da garagem com um sorriso no rosto — Qual o motivo da felicidade?

— Amanhã eu recebo o primeiro salário, meus pais estão felizes com isso — Conto abrindo a porta traseira — Vamos indo?

— Claro, qual o destino de hoje? — Entramos no carro.

— O que acha de visitar uma ong de cachorros e gatos?

— Parece interessante mas o que faríamos lá?

— Aprender sobre amor com as criaturinhas que mais entendem disso.

°

— Meu Deus Taeyong, eles são tão fofinhos — Abro um sorriso ao ver Doyoung agachado brincando com um cãozinho marrom, nem se importava se estava sujando sua blusa.

— Eu sei, animais são as criaturas que sentem o amor mais puro e genuíno do mundo, com eles você não precisa duvidar dos seus sentimentos, ou eles te amam ou eles te odeiam e deixam na cara isso, sem falsidade — Falo pegando um gatinho preto no colo, pequenino e assustado — Como se sente recebendo essas lambidinhas de amor?

– Me sinto... Revigorado? Eu não sei dizer, brincar com os bichinhos está me fazendo bem — Ele pega um filhotinho no colo e faz um carinho na sua cabeça.

— Doyoung, você nunca brincou com um bichinho antes?

— Meus pais não gostam de animais, por isso não deixavam eles próximos de mim.

— Pelo visto você não viveu direito, por isso não entende o que é amar direito, sorte que eu apareci na sua vida — Dou um sorriso convencido e ele ri — Está rindo por quê? Eu estou falando sério.

— Está mesmo, obrigado — Nossos olhares se encontraram e eu senti meu coração acelerar, eu queria negar esses sentimentos e dizer que ele não está tirando os tijolos do meu coração, mas aqui estou eu, querendo me aproximar e tomar uma atitude impulsiva que provavelmente faria eu perder meu emprego.

Um cachorro maior veio correndo e pulou nas costas de Doyoung o derrubando, eu comecei a rir e outro cachorro me pegou desprevenido me derrubando, caindo ao lado dele.

— Sua mãe vai te matar quando te ver todo sujo — Falo olhando para os seus olhos.

— Eu realmente não me importo, Taeyong — Ele riu levantando a mão na minha direção para bagunçar meu cabelo.

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É VOCÊ // DotaeOnde histórias criam vida. Descubra agora