"entender o meu lado"

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✿ Kim Doyoung ✿

— Mas você é muito cara de pau mesmo — Mark diz assim que entro na sua sala — Além de estar iludindo o Taeyong ainda roubou a ideia dele para ajudar o bairro.

— Olha o jeito que você fala comigo, seu tonto — Falo já começado a ficar irritando, por que ele sempre voltava nesse assunto — Sim, eu conversei com meu pai sobre mas deixei claro que a ideia foi totalmente do Taeyong, você acha mesmo que eu seria capaz de levar os créditos de outra pessoa?

— Bom, eu achava que você jamais seria capaz de iludir alguém e olha só, eu estava enganado, tudo por conta do seu ego e orgulho idiota.

— Você não faria o mesmo no meu lugar?

— Primeiro que eu nem bebo ao ponto de ficar bêbado, e segundo que eu jamais faria isso com outra pessoa pois sei como dói, não lembra como eu fiquei quando aquele garoto do internato fingiu gostar de mim para fazer ciúmes para outro? — É, eu lembrava, Mark praticamente não vivia, apenas se arrastava pelos os cantos com medo de encontrar o ex, e lembro o quanto ele chorava, era todos os dias.

Imaginei a cena de Taeyong no seu quarto chorando e se rastejando pelos cantos, sem aquele sorriso encantador e sua energia fantástica, mas... Ele já passou por isso, não iria doer igual, não é?

— Mark, ele já passou por isso, já está acostumado então não vai sofrer tanto.

— Mas você é um lesado mesmo, Doyoung, por ele ter passado por isso aí sim que ele teria dificuldade em ficar com alguém e está se entregando aos poucos para você, ou seja, você esta sendo ainda mais cruel e provavelmente estará magoando ainda mais ele.

— Para de me tratar como um monstro, isso é horrível.

— Se não quer ser tratado como monstro então para de agir como um, o que você está fazendo com Taeyong parece que é como se fosse comigo, e eu espero que de tudo que é capaz, magoar seu melhor amigo não é uma dessas coisas, não é?

Eu revirei os olhos e levantei da cadeira, saindo da sua sala com a cabeça doendo, eu só queria um alívio, algo para me salvar desse cansaço que estava sentindo, é muita pressão para mim, e por mais que Taeyong esteja sendo um ótimo escape para mim não posso simplesmente agarrá-lo para me salvar da exaustão, então, só sobra uma pessoa que posso recorrer agora.

— Eu estava com saudades, Dodo — Sihyeon diz se sentando no meu colo. Eu havia chamado ela para vir até a empresa, era a única que eu podia fazer o que quiser e ela ainda estaria atrás de mim me apoiando. Eu segurei sua cintura e a puxei para se aproximar e enfim tocar nossos lábios.

Não tinha graça beijá-la, não era lento e cheio de desejo, apenas da parte dela, da minha só tinha tédio e o único desejo era que isso acabasse com a minha exaustão.

Enquanto nos beijávamos eu acabei me deixando levar por pensamentos que, por algum motivo, se tratavam de Lee Taeyong, eu comecei a imaginar como se fosse ele ali no lugar de Sihyeon. Ele no meu colo, nos meus braços, tão entregue como ela é, ouvindo a voz grossa dele no meu ouvido e desejando por mais e mais.

Com esse pensamento nem percebi que já estava beijando Sihyeon com mais vontade, ela parecia estar gostando, mas coitada, mal sabe ela que só estou assim porque estou pensando em outro. Oh Deus, eu nem devia estar pensando nele, Lee Taeyong é apenas o meu motorista particular e nada mais.

— Doyoung, você está bem? — Ela pergunta acariciando meu cabelo.

— Estou ótimo, por que não estaria?

— Você nunca me chamou para vim na sua sala e está mais agitado hoje, algo aconteceu para estar assim.

— Só estou exausto, querida, não é nada demais.

Eu a puxei para outro beijo só para que ela não comentasse mais nada, só mais tarde, quando já estava anoitecendo que eu decidi ir embora da empresa, não estava com vontade de ir para casa, só queria encontrar com Taeyong e passar um tempo com ele, sabia que ele é o único no momento que não iria me criticar por nada como meus pais e até mesmo meu melhor amigo estão fazendo.

Eu me aproximei do carro e me sentei no banco do passageiro, ele estava mexendo no celular quando eu entrei, assim que coloquei o cinto ele guardou o celular e colocou o cinto também.

— Como foi seu dia? — Ele pergunta já dando partida no carro.

— Cansativo, Taeyong eu não quero ir para a casa ainda, o que acha de jantarmos juntos?

— Pode ser, onde quer jantar?

— Gosta de comida mexicana?

— Nunca comi na vida.

— O quê? Taeyong, você precisa comer, eu conheço um restaurante incrível aqui perto, nós vamos lá.

Já estávamos o restaurante, que graças a Deus não estava tão cheio então ninguém ali me reconheceria. Taeyong deixou que eu escolhesse o prato para nós dois, eu escolhi dois que eu pensei que ele fosse gostar.

— Esse aqui é o Cochinita Pibil, é um prato delicioso feito com carne de porco marinada com laranja amarga e outros vários condimentos — Conto assim que os pratos chegam na mesa — E esse é o Pozole, uma sopa feita de milho e carne de porco ou galinha, escolhi esses que eu pensei que você fosse gostar mais.

— Os dois parecem uma delícia — Ele fala.

Nós dois começamos a comer e eu não pude evitar o sorriso ao ver a reação dele provando os dois pratos, os olhos brilhando e ele comia como se fosse a comida mais gostosa do mundo, Taeyong é fofo, eu não posso negar isso, ele se empolgava com pouco e parecia sempre estar feliz. Como poderia ser tão alegre sendo que vive em um bairro pobre e tem vários irmãos? Ele deve ter uma vida complicada e ainda assim sorri o tempo todo.

Isso fazia com que eu sentisse um pouco de pena por estar fazendo isso com ele, mas sei que Taeyong é um homem compreensível e vai entender o meu lado também.

☆☆☆

É VOCÊ // DotaeOnde histórias criam vida. Descubra agora