DEVIDO LUGAR

CAPÍTULO I

   Um trio de amigos estavam correndo adentro do bosque, o tempo estava nublado e eles estavam discutindo sobre algo:

   - Eu já falei Luke! Eu NÃO vou com você!

   - Você precisa vir comigo, Wallace. Eles prometeram que iriam te ajudar, você não vai precisar mais ficar se escondendo.

   Luke corre atrás dele e segura em seu braço, o garoto se solta e diz com mais fúria ainda:

   - Eu NÃO estou me escondendo Luke! - Wallace disse com uma respiração ofegante - você que sempre quis me prender, desde antes da descoberta dos meus poderes você sempre quis que eu ficasse distante de todos, e agora que eu sou "especial" - diz isso em um tom irônico, fazendo aspas com os dedos - você quer acabar com isso... Com a minha única parte que me torna diferente de todos.

   - Wallace... - intervém Jenny, amiga de ambos, na tentativa de acalmar o estresse dos dois - você não precisa fazer isso se não quiser. Somos seus amigos, e continuaremos sendo, aconteça o que acontecer.

   Jenny pega na mão do menino e o pede para ficar calmo, Luke chega por trás e a empurra para o lado:

   - Cachinhos negros, dá licença por um minuto - então começa a discutir novamente com o amigo - escuta aqui! Nós somos amigos, mas esse título só vai continuar se você vier CO-MI-GO.

   - LUKE! Deixa ele em paz! você nem conhece aquela mulher e já está tão empenhado em seguir as ordem daquela estranha. Ela te ofereceram o quê em troca da felicidade do nosso amigo? Dinheiro? Drogas?

   - Jenny, se ela estiver certa, Wallace irá me agradecer no futuro!

   - Exato, se estiver. Nem você tem certeza disso. E pare de estressar ele, você sabe que isso só vai piorar a situação.

   - Por favor, não nos atrapalhe. - expressou tentando manter a sanidade - você sempre querendo ser a certinha.

   - E você sempre querendo ser o chefe e mandar na vida alheia. - cruzou os braços 

   - Pessoal, só parem de discutir... - Wallace disse já de saco cheio

   - Então me dê uma resposta!

   - Eu já disse que não quero!

   - Ok. Tudo bem. Você não quer, certo!? Melhor para mim, mas não somos mais amigos a partir de agora. - Luke olhou bem fundo nos olhos do garoto - você é um bruxo, sua mãe morreu para te proteger. O seu pai provavelmente morreu tentando te proteger. Esse seu ''dom'', só vai trazer mais fardo para os outros do que para si mesmo, e eu NÃO vou morrer tentando proteger você!

   Os olhos de Wallace ficaram surpresos, e encheram de lágrimas:

   - Tudo bem... Eu nunca pedi que você fosse meu guarda-costas, ou algo do tipo. Eu só queria um amigo. Alguém que eu soubesse que poderia confiar nele... Mas agora sei que essa pessoa não é você.

   Luke fechou a cara e começou a caminhar em frente, Jenny estava entre os dois, sem saber se iria embora ou ficava e consolava seu outro amigo.

   Wallace começou a se angustiar e a gritar. Jenny ao ver aquilo, gritou por Luke, que parou no caminho e ao ver o estado do ex-amigo voltou. Os dois se aproximaram perguntando se ele estava bem e Jenny começou a discutir com Luke dizendo que era culpa dele. O garoto que estava angustiado começou a não ouvir mais nada, apenas um zunido e sua visão foi ficando turva, ele gritou a plenos pulmões e a última coisa que ele conseguiu ver foi o clarão de um raio que acertou o lugar onde eles estavam.

   - Argh! Minha cabeça tá horrível. - Wallace acorda deitado no chão frio de madeira com vários jornais, livros e cartazes de desaparecidos espalhados ao redor - esse maldito sonho de novo! - o garoto pega um cartaz de desaparecido. Esses cartazes por mais bem armazenados, dava para notar que as folhas já estavam amareladas e pareciam estar lá um pouco mais de 10 anos:

   - Luke A. Lake - leu em voz alta - desaparecido há 2 dias, após a noite de quarta-feira desta semana; Ultima vez visto, em branco... - ele suspira e olha o cartaz de Jenny, que está no mesmo estado. - talvez eu tenha uma parcela de culpa nisso. Eu matei eles, eu tenho quase certeza que eu matei eles... Aquele raio que me atingiu, deve ter os atingido também mas, eu sobrevivi, mas eles não tiveram o mesmo destino e agora, tenho essa cicatriz no meu braço direito. - observando a cicatriz, cerrou os olhos - é o mínimo que eu mereço por ter matado eles!

   Wallace se levanta e pega uma xícara de café e se senta em sua escrivaninha. A sua mesa está rodeada de papéis rabiscados e livros grifados. - isso está uma bagunça. - pensou ele revirando os olhos e dando um gole no seu café - será que é realmente possível voltar no tempo? Talvez se meus poderes tivessem alinhados eu conseguiria fazer algo. - colocou sua cabeça apoiada em sua mão - talvez eu só devesse jogar todos esses anos de estudo fora e esquecer que viagens no tempo são impossíveis, principalmente para um bruxo que não consegue alinhar seus chacras - e ele debocha de si mesmo. - Eu deveria apenas descansar um pouco, essa sobrecarga não está me fazendo bem...

   Assim que termina suas palavras, alguém toca sua campainha. O bruxo se assusta e derruba café em cima de seus papéis na escrivaninha. - argh merda! - ele se atrapalha e se enrola entre suas bagunças, enquanto repete que já está indo, cada vez mais emburrado. Ele abre a porta com um sorriso e seus cabelos bagunçados :

   - Sinto muito pelo meu estado, houve alguns imprevistos - o seu sorriso simpático não dura muito, pois não há ninguém além dele próprio. Sob seus pés havia apenas uma caixa, sem remetente. Wallace pega a caixa e a leva para dentro. - O que será que há aqui? Ela é bem leve... - disse balançando a caixa. O garoto pegou e ao abrir a caixa viu que tinha apenas um colar e um bilhete:

   " Querido Wallace Winter,

   Este colar é algo que foi difícil de conseguir, mas eu espero que ele possa te ajudar de alguma forma. Com ele, você terá uma vida normal. Isso ajudará a sentir com o coração, sem precisar se preocupar se seus poderes vão perder o controle. Me desculpe por não estar presente, mas saiba que eu, mesmo longe, sempre estive cuidando de ti. Espero que possamos nos reencontrar algum dia. ''

   - Nossa que garrancho horrível! - O bruxo reclamou após terminar o bilhete - mas quem fez isso? e por quê? Será que este colar vale a pena mesmo? - examinou o objeto com cautela, era verde e tinha uma pedra quartzo que parecia brilhar nele. Wallace colocou o colar no seu pescoço e tentou lançar um feitiço, que foi bem sucedido, ele pula de felicidade:

   - Agora eu posso me concentrar em melhorar meus feitiços, sem precisar me preocupar se eu irei destruir toda a casa... No caso mais do que ela já está - emitiu observando desanimado o cômodo em volta.

   O bruxo motivado novamente, se dedicou mais aos estudos para tentar encontrar alguma forma de voltar no tempo, na época do grande desastre. conforme estudava ele tentou lançar diversos feitiços grandes, todos malsucedidos, mas mesmo falhando ele sabia que não era a hora certa de desistir e continuou persistindo por dias. Após semanas, Wallace parecia cansado e cheio de olheiras, mas sua determinação e litros de cafeína o impediam de dormir. Com uma expressão confiante, ele respirou fundo e apertou sua mão em volta do colar, ele finalmente tinha algo que poderia dar certo. Ao se levantar da sua escrivaninha, o bruxo se posicionou em frente e se esforçou a conjurar muitas vezes o seu plano que falhou miseravelmente:

   - Não! Droga... - limpou seu nariz que sangrava - eu não posso desistir agora. Eu cheguei tão, mas tão perto; isso tem que dar certo! - lembrou-se de uma de suas últimas memórias daquele momento tão trágico, analisando bem o lugar em sua volta e tentou com suas ultimas forças abrir novamente algum tipo de portal. Um feixe de luz verde foi surgindo e se abrindo lentamente, o garoto que se mantinha em pé com dificuldades, sorriu, e seus olhos se iluminaram por aquela luz. O portal após abrir, começou a fechar aceleradamente, Wallace ficou espantado e começou a correr em direção do feixe, o mais rápido possível e, pulou em direção do portal, que se fechou segundos depois dele conseguir se jogar lá dentro.