Capítulo XIV

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O frio vinha do sul, enquanto o gigantesco RMS Titanic seguia navegando majestosamente pelo imenso campo de gelo – que estava ao seu redor. 23h30min, o jovem Phillips encerra a comunicação com Cape Race. Às 23h35min, no cargueiro, SS Californian, Evans desliga o aparelho e vai dormir. No cargueiro parado no gelo, mantém-se desperto só o pessoal que está na ponte de comando. Um dos tripulantes tenta contatar pela lâmpada Morse com o navio cujas luzes são vistas pela proa de bombordo. Não há resposta, embora o alcance dos sinais da lâmpada seja de 18km. Enquanto isso, no Titanic, o vigia Frederick Fleet, no cesto da gávea, percebe uma névoa à frente do Titanic. Na asa da ponte, Murdoch também vigia, acompanhado de Moody, mas eles só podem ver aquilo que aparece acima da linha da proa. Um distante ponto de luz branca, a bombordo, que jamais será identificado, chama a atenção dos vigias e dos oficiais e quem sabe os distrai. Talvez seja a mesma e misteriosa embarcação que o Capitão Stanley Lord vê do Californian. Talvez seja o próprio Californian.

— Você sabe me dizer que navio é aquele, senhor Moody?

O oficial olhou e em seguida, retirou uma folha de papel do bolso, onde lá estava marcado cada posição de cada navio que estava ao redor ou longe do Titanic.

— Bom, pelo o que marca aqui no papel, deve ser o cargueiro Californian da Leyland! — Respondeu o sexto oficial. — Provavelmente parado por causa do gelo!

Murdoch analisou e em seguida, puxou do bolso do uniforme um relógio, no qual marcava 23h37min da noite de 14 de abril de 1912. Depois, Moody retornou a ponte de comando e foi seguido pelo primeiro oficial. Enquanto o silêncio reinava pela escura e sombria ponte de comando, Murdoch andava lentamente por ela observando a proa – como se estivesse esperando por algo.

— Calmo e silencioso!

Moody se aproximou.

— O mar hoje se assemelha com um lago! — completou o sexto oficial. — Ou até pior!

Murdoch assentiu enquanto olhava fixamente para a proa.

Mas o pior aconteceu às 23h40min, quando o vigia Frederick Fleet vê do cesto da gávea no alto do mastro da proa, a menos de 500 metros, a massa escura de um enorme iceberg, elevando-se a quase 20m da superfície, e de pronto bate o sino três vezes. As três badaladas chamou a atenção dos dois oficiais e do timoneiro Hichens que estava em seu turno. Fleet apanha o telefone liga para a ponte de comando.

— Sim, diga o que vocês viram? — perguntou Moody educadamente para o vigia.

— Há um grande iceberg na proa! — respondeu Fleet em desespero. — Bem em frente ao castelo de proa!

Moody assentiu.

— Obrigado! — O sexto oficial encerra a comunicação. — Iceberg adiante, senhor!

Murdoch saí da ponte e vai até a asa da ponte de comando no lado estibordo, olha rapidamente o iceberg e corre até a sala do leme, atrás da sala de navegação, onde lá ordena a Hichens que “carregue todo o leme a estibordo.” Já de volta à sala de navegação, gira a manivela do telégrafo, determinando à casa de máquinas parada dos motores e reversão a toda potência. Pelo sistema hidráulico, fecha todas as portas estanques. Deveria acionar previamente o respectivo alarme e esperar dez segundos para fechar. A precipitação o leva a fazer as duas coisas ao mesmo tempo, pois decorrem apenas 15 segundos entre o aviso do vigia e o fechamento das portas. O oficial Boxhall, que em seu alojamento ouviu o sino, larga a xícara de chá, levanta-se e dirige-se à sala de navegação.  A proa começa a virar para bombordo. Vira dez graus, mas não basta: 37 segundos após o aviso do vigia, o Titanic colide em seu costado de estibordo, abaixo da linha d'água e três metros acima da quilha, com a montanha de gelo. O quarto oficial Boxhall, a meio caminho da sala de navegação, sente o baque.

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