Capítulo XVIII

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Às 02h18min, as luzes do navio piscam uma vez e se apagam. Agora o Titanic é uma ingente massa negra e compacta contra o céu estrelado. A escuridão logo tomou toda a embarcação que continuava a afundar. Os gritos de socorro vindo a bordo do Titanic era grandioso, fazia com que os ocupantes dos botes a distância ouvissem os gritos desesperadores. Muitos sobreviventes queriam voltar, mas já outros recusavam, pois temiam que os estavam na água pudessem virar os botes. Enquanto isso, a bordo do malfadado Titanic, onde o telegrafista Phillips – acompanhado de sua amada – abriga-se na escada da passarela de comando da popa, onde rapidamente ajeita-se sobre a escada e segura-se nela, assim como Anne fez. John agora se encontrava em pleno medo, as suas mãos tremiam e não era por causa do frio. Laura percebeu que ele estava com medo, então pousou a sua mão sobre a dele e abriu um sorriso fraco ao olhar nos olhos dele.

— Acalme-se, John! — Ela disse o tranquilizando. — Vai passar. Logo, logo isso acabará!

George sorriu e em seguida, selou os seus lábios com o dela. Aquele – provavelmente – seria o último beijo entre ele e ela. Foi um beijo doce, calmo e cheio de amor e paixão. Não havia barreiras nele e com isso, eles se sentiam mais seguros quando estavam perto um do outro. Mas, naquela mesma hora, com um ruído e um rugido e ruído ensurdecedor, o Titanic parte-se em dois – a rachadura forma-se atrás da terceira chaminé –, a popa desce até a água, enquanto a proa continua afundando. Logo, a proa separa-se da popa e desce para o fundo oceânico, mas o casco que ficou flutuando começa a se inclinar e logo fica na posição vertical. Mas, a popa balança-se para frente e John escorrega da escada e caí, porém, é seguro pelas mãos de Anne.

— Eu te peguei. Não irei soltar! — Anne disse em pânico, na tentativa de segurar o telegrafista. — Eu não sei se vou aguentar por muito tempo, Jack!

John tentou não se mexer, para que ela o pudesse puxar para cima. Laura tentou e tentou puxar, mas não conseguia. Porém, ela sentia que as mãos dele estava escorregando e que logo ele iria cair. Phillips sabia que se caísse, ele poderia morrer e com isso, o mesmo já se dera conta de que a sua amada não iria aguenta-lo por muito tempo. Então, era o fim. O verdadeiro e triste fim.

— Espero que nos encontramos depois, eu te amo e para sempre lhe amarei, Anne! — os olhos do rapaz ficaram marejados. — Eu te amo, Anne!

As mãos de Jack estavam cada vez mais escorregando, ela não queria soltar. Mas não tinha opção. Ele estava indo embora aos poucos e aquilo fazia com que o seu coração rachasse. Ela já se encontrava em lágrimas.

— Não chore, eu sempre estarei com você! — Ele disse e cada vez mais ele caía. — Adeus, Anne... Adeus! Cuide-se e eu sempre lhe amarei!

Logo depois, as mãos dele se soltaram e ele caiu. Ainda olhando para Anne – que estava com os seus braços esticados para baixo e tentando pegá-lo – ele caiu de costas para o mar. Phillips estava em choque e a sua expressão mostrava que ele iria para um lugar melhor. Laura pôde sentir que ele dizia “adeus” e “espero encontrá-la novamente”, enquanto caía para o mar. Ela queria salvá-lo, mas não podia. Ele, John George Phillips, um jovem de 25 anos e que tinha muitos sonhos e planos pela frente, teve a sua vida ceifada pelo malfadado RMS Titanic. Um rapaz que queria apenas conhecer o mundo e fazer novas amizades, além disso, poder conhecer o amor da sua vida, como fez a bordo do navio. Ele se foi. Para todo o sempre. Jack agora pertencia ao túmulo do oceano, onde descansaria com o Titanic e às 1.500 almas perdidas nele. Ele amou Anne e para sempre lhe amará. John doou a sua vida para ela e ele queria – que pelo menos um dia – pudesse reencontra-la novamente. Como fez na última noite do Titanic.

Às 02h20min, com um rugido monstruoso, a popa começa a mergulhar. As ondas sacodem os botes mais próximos. Aquele prodígio sobre as águas, insígnia da opulência eduardiana, não existe mais, e a deformada carcaça de uma era de esplendor viaja para seu túmulo, num ângulo de 30° e à espantosa velocidade de 75km horários, a 1.600 km da cidade em que Ismay queria aportar na terça-feira a noite. Junto com aquele belo navio, foi descansar os seus tripulantes e passageiros que esperavam chegar em terra firme, como o capitão havia prometido. O Titanic se foi, levando mil e quinhentas vítimas a morte. Enquanto isso, às 02h25min, mensagem do Birma para o Frankfurt, reportando que se encontra a 127km da zona do naufrágio. No Californian, tripulantes notam que o navio ao longe desapareceu. Concluem que, após uma parada, seguiu viagem. Mas mal eles sabem que o navio já estava no fundo do mar.

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