Cat Ballard tem a vida mais sem graça de todas. Ela não sai, não tem muitos amigos e sente como se não pertencesse a esse mundo.
No seu último ano no colégio, ela não espera que sua vida sofra nenhuma mudança, mas se surpreende quando, de forma ines...
É estranho uma garota de dezenove anos nunca ter beijado? Tipo, nunca mesmo, nem um selinho? Essas perguntas surgiram na minha cabeça há poucos minutos, e continuam enquanto observo a minha melhor - e única - amiga, Nina, escrever freneticamente no caderno.
Estamos no meio da aula de história, nossa preferida, mas mesmo assim não consigo me concentrar. Não entendo porque, mas hoje estou agitada, e mal presto atenção enquanto o professor fala sobre os livros que os interessados podem ler caso desejem saber mais sobre a revolução russa e a família Romanov.
- Pode me passar suas anotações depois? - Falo, quando os alunos começam a sair da sala. - Não consegui aproveitar nada do que o professor falou.
- Te empresto, sim, claro. - Ela coloca a alça da mochila sobre o ombro direito. - O que vai fazer mais tarde?
- Nada. Estudar um pouco e ler. Comecei a ler a série sobre a família Bridgerton, estou no segundo, e super empolgada pra continuar.
- Sabia que iria gostar. Eles foram incríveis. Os livros nem parecem de história de tão divertidos.
- É. Você tem razão. Li o primeiro num piscar de olhos. Eles foram uma família incrível. Daquelas que a gente gostaria de fazer parte. Não sei porque demorei tanto pra começar a ler.
- Bom... - Ela guarda seus livros no armário. - Agora você já sabe que quando te indicar um livro é pra ler na mesma hora.
- Ah. Nem todos. E aquele sobre Henrique VIII? Eu não gostei.
- Só porque não gostou do Henrique não quer dizer que a obra não seja boa.
Dou de ombros, então dou um passo para o lado. Estou tão concentrada na conversa que quase não percebi a garota na minha frente. Mas desvio antes de esbarrar nela. Então seguimos para a lateral do colégio, onde sempre deixamos nossas bicicletas.
- Olha, eu tenho que ir pra casa da minha tia ajudar com o bebê, mas a noite nos falamos.
- Tá, claro. - Ela me abraça apertado. - Espero já ter avançado na leitura quando a noite chegar. Tchau.
Seguimos em direções diferentes quando saímos do portão. Eu vou direto pra casa, onde exatamente ninguém me espera, a não ser o bilhete grudado na geladeira.
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Amasso a nota e jogo no lixo, então vou até o microondas aquecer minha comida, que consiste em frango a parmigiana, uma porção de arroz e purê de batata. Eu odeio purê, mas tento não me chatear, ainda é cedo demais pra isso. Subo as escadas até o meu quarto pra guardar minha mochila enquanto a comida esquenta, e pegar meus livros. Temos um trabalho de química amanhã e quero estar pronta, mesmo que tenha que resistir a tentação de ler mais um pouco sobre a família Bridgerton.
Reviso a matéria enquanto como, então procuro algumas vídeo aulas na internet que me ajudam bastante, mas creio que não o suficiente. Fazer o que, certo? Nunca fui boa em química.
