Capítulo Vinte e Três

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Levo a colher aos lábios e me permito saborear o sabor doce do bolo. Meu compromisso do dia foi provar vários pratos e sobremesas para a recepção do casamento, o que eu amei fazer pois tudo estava uma delicia. Teria sido ainda melhor se John estivesse disponível pra me acompanhar, mas surgiu algo de última, então Colin, como ótimo amigo que é, se ofereceu pra me acompanhar. Ele parece estar gostando mais que eu.


- Esse foi o último, senhorita. - O funcionário ao meu lado diz.


- Todos estavam uma delícia. Obrigada. - Olho para a pequena folha de papel sobre a mesa, onde está listado tudo que provei. - Mas antes de decidir algo preciso falar com meu noivo e com a mãe dele. Posso lhe enviar a resposta amanhã? 

- Claro, senhorita. Não tenha pressa. 

Ele se afasta um pouco e Colin se aproxima.


- Não leve a sério o que ele disse, precisa se apressar, falta pouco para o grande dia. Se fosse você, escolheria todos os pratos. Com certeza seu noivo não ficaria menos rico por conta disso.

- Você é mesmo um guloso, Colin Bridgerton. Não vou escolher todos os pratos apenas porque você não aguenta um segundo sem estar mastigando. Mas caso queira você mesmo pode escolher todos. É só pedir a Penélope em casamento. 

Ele começa a  tossir. Acho que se engasgou com o pedaço de bolo que acabou de colocar na boca. Bato nas costas dele enquanto pressiono meus lábios um no outro. Colin percebe e me afasta.

- Está achando engraçado não é? Não sabia que era tão má.

- Eu sou muito má. - Sorrio. - Levante-se, já comemos demais, precisamos voltar. Senhor Lynch, muito obrigada por nos receber. - Me dirijo ao homem que nos atendeu. - Como o casamento está próximo, enviarei a resposta em breve. 

- Eu que agradeço a senhorita. Tenham um bom dia. 

Nos despedimos e saímos do estabelecimento. Como o dia estava ótimo para uma caminhada, não fomos de carruagem. E eu também gosto de olhar como são as ruas, a vida cotidiana, pra poder me lembrar pra sempre. Não seu se voltarei pra casa e, se isso acontecer, também não sei quando. Então quero aproveitar tudo.


*


Quando atravessamos o portão da casa dos Bridgerton estou rindo de uma das histórias de infância de Colin. Mas paro quando vejo uma carruagem desconhecida na frente da casa. 


Não sabia que receberíamos visita hoje.

- Conhece a carruagem Colin? 

- Não. Mas pela aparência parece ser alugada. Curioso. - Ele apressa o passo. - Vamos ver do que se trata. 


Tento acompanhar seus passos longos e quase tropeço ao subirmos os degraus até a porta, mas me mantenho firme. O mordomo abre a porta com um cumprimento. 

- A aguardam na sala de visitas senhorita Ballard. 


- Eu? - Ele assente. - Mas quem estaria a minha espera? O senhor sabe nos dizer?

- Não senhorita. Apenas sei que as pessoas que a aguardam são um casal.

Olho para Colin. 

- Bom... Não há como descobrir se ficarmos aqui. Quer que a acompanhe? 

- Se quiser. Não vejo problema.

- Então vamos. 


O mordomo nos segue e abre a porta para que possamos entrar. Me surpreendo ao ver John ali também. Ele levanta quando me vê. Com ele estão um casal e o senhor e a senhora Bridgerton. 

- Colin, pode nos dar licença? Precisamos falar com a senhorita Ballard. - O senhor Bridgerton pede. 

Colin parece hesitar, mas faz o que lhe é pedido. Sabe que o assunto abordado chegará aos seus ouvidos cedo ou tarde. Mas aquele pedido só me deixa mais nervosa. John segura minha mão e me guia até o sofá onde estava sentado antes.

O casal não tira os olhos de mim nem por um segundo. Eles não são jovens, provavelmente pouco mais velhos que meus pais. Estão de mãos dadas. 

- Esse casal veio até nós essa manhã. Você os reconhece? 

Olho bem para eles, depois para o senhor Bridgerton.

- Não. Não os reconheço. Eu deveria reconhecer?


- Eles disseram que são seus pais Cat, então, sim. - John fala ao meu lado.


- O que? - Olho para as pessoas na minha frente. Completos desconhecidos. - Não. 

- Calma. Calma. Nós sabemos que tudo está confuso devido a amnésia. Mas você vai se lembrar. - O homem diz.

- Mas eu não vou. Vocês não são meus pais. Sei disso. 

- Cat. Como pode ter tanta certeza? Lembrou de algo?

- Não. Mas sei que não são eles John. Acredite em mim. 

Ele segura minhas mãos e olha dentro dos meus olhos, então olha para os outros na sala.

- Podem nos dar licença por um instante? - Ele me leva até o outro lado da sala. - Tem certeza de que não conhece essas pessoas?


- Tenho. - Falo no mesmo tom  que ele. - Acha que não reconheceria meus pais?


- Você mesma disse que não se lembrou de nada. Nosso cérebro pode pregar peças as vezes. 

- Não. John...

- Não. O que acha de dar uma chance a eles? Quem sabe lembre de algo? Enquanto isso, pedirei ao detetive que os investigue. Se forem farsantes, os mandaremos embora no mesmo instante. Tudo bem?


Suspiro. Que outra opção eu tenho? Sei que com certeza eles são farsantes. Mas fui engolida pela minha própria mentira. 

- Tudo bem. Mas eu não me sinto bem perto deles.

- Eu compreendo. Também não estou feliz com isso, tudo que quero é vê-la bem. Mas vamos ter certeza antes de tudo. 

Assinto, olhando os meus pais falsos. Não sei o que eles planejam mas não vou deixar ninguém ser prejudicado por minha causa. Vou desmascará-los antes do que imaginam. 

*

E agora? Os "pais" da Cat apareceram pra deixar nossa prota doidinha. O que será que vai acontecer? 

Obrigada por ler até aqui. Não esqueça de dar uma passadinha nos meus outros livros. Beijão! Até o próximo.

Era uma Vez... Os BridgertonOnde histórias criam vida. Descubra agora