Era uma Vez... Os Bridgerton

Capítulo Vinte e Dois

Alguns dias depois, na casa dos Stirling, levo a xícara aos lábios e tomo um pouco do chá enquanto ouço a senhora Bridgerton falando sobre a cerimônia de casamento com a mãe de John. As duas estão empolgadas. A senhora Bridgerton ficou feliz por mim como se fosse uma de suas filhas se casando e isso me deixa ainda mais ansiosa pra ver como tudo vai ficar. Ela sempre capricha em tudo. 

Estamos há quase uma hora na sala de visita da casa dos Stirlings falando sobre o assunto. Francesca, Eloise e Hyacinth também estão aqui. Olho na direção delas. Eloise me sorri com os lábios fechados, ela ficou feliz por mim e disse que já sabia que iria acontecer, então gostaria muito de ajudar. Sorrio de volta, e olho pra Francesca, que desvia o olhar.

- Então está decidido. O casamento será em dois meses. John sugeriu que fizéssemos uma visita à Escócia, para caso quisesse que o casamento fosse realizado lá.

- Seria ótimo. - Sorrio pra ela. - John me disse que é um lugar muito bonito, me deixou ainda mais curiosa.

- Em breve poderá visitá-lo. Será um prazer receber todos lá. Mas se quisermos que a cerimônia aconteça logo, não poderemos fazer a viagem. Estamos no meio da temporada.

- É uma pena não podermos ir agora. Mas obrigada pela gentileza. - A senhora Bridgerton responde. - Tenho certeza de que será um prazer para todos nós também quando os visitarmos. Mas temos que ir agora. Podemos marcar outro dia para decidir os outros detalhes. 

- Sim, claro. Foi um prazer tê-las aqui conosco. Catherine, não esqueça que quero acompanhá-la quando for à modista. 

- Não irei. Mando um recado quando marcarmos. 

Ela nos acompanha até a porta, mas antes que eu possa sair, ouço uma voz me chamando. 

- Boa tarde, senhora. Senhoritas. - John cumprimenta as Bridgertons. - Posso falar com você por um instante, Cat? 

- Se importa, senhora Bridgerton?

- Não, querida. Pode ir. Esperaremos na caruagem. 

Jonh segura a minha mão e me guia até a sala mais próxima.

- É algo sério? Não desistiu do casamento, desistiu? 

- Não. - Ele sorri. - Nunca faria isso. Não é nada relacionado. - Sentamos lado a lado. - Gostaria de falar sobre a situação da investigação.

- Da minha família? - Solto minha mão da dele devagar e coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha. - Você descobriu algo?

- Ainda nada concreto. O detetive fará uma viagem para o norte, tentará checar algumas informações. Ele me enviará uma carta assim que chegar. Se der certo poderá ver seus pais novamente. Isso não é bom?

- Claro. Mas... - Se conseguir vê-los de novo, significa que te perdi pra sempre. - Não sei. 

- Tem algo que queira me contar, Cat? Sobre sua família? Você nunca fala deles, nunca tentou voltar para casa. Eles te machucaram? Do que está fugindo? - Ele para um pouco. - Quer que pare a investigação?

- De nada. Eu só, não sei, fico triste por não me lembrar. Me desculpe. - Olho de volta pra ele. - Se te faz sentir melhor, pode continuar com a investigação. Seria ótimo que estivessem aqui num dia tão especial. 

- Tem certeza? 

Claro. Não vai encontrar ninguém mesmo.

- Sim. Por favor, não me leve a mal. Mas não fique frustrado caso não os encontre. Sei que fará seu melhor.

- Farei. - Ele segura meu rosto e beija meus lábios antes de levantar. - Agora deixarei você ir. A senhora Bridgerton a espera. Nos vemos amanhã?

- Nos vemos amanhã. - Beijo seus lábios uma última vez. - Tchau. E fique atento com seu primo. 

Ele ri e eu sorrio em resposta antes de sair.

* 

Subo as escadas na direção do meu quarto e percebo que Francesca ficou pra trás. Reduzo o passo pra ficar ao seu lado e passo o meu braço pelo dela. 

- Está triste? - Pergunto baixinho.

- Não. - Ela me olha. - Porque? Pareço triste? 

- Huumm... Talvez sejo por que o Stirling errado apareceu sem aviso? 

- Cat! - Ela olha ao redor enquanto rio. - Pare com isso. Já falei para esquecer.

- Como esquecer aquela cena? Com certeza você não esqueceu. Suas bochechas estão um pouco coradas. 

A cena volta a minha cabeça. Michael com os braços a redor dela e Francesca segurando as lapelas da roupa dele com força enquanto seus lábios estavam juntos. Fico feliz por eles estarem encontrando o caminho um para o outro.

Ela bate no meu braço e vira o rosto. 

- Disse que foi por impulso. 

- Claro que foi. Impulsionado pelo seu coração apaixonado, certo?

Não posso evitar de provocá-la com sua tentativa pouco convincente de mostrar que não foi nada demais.

- Não. Agradeço novamente por não falar - Ela diminui o tom da voz. - Sobre o beijo com ninguém, mas também não quero que fale sobre ele comigo. Agora, com licença.

Sorrio da forma como ela anda rápido até o quarto. Um dia ela irá admitir que gosta dele. É inevitável. 

Agora tudo está entrando nos conformes. Colin e Penélope já estão bem encaminhados, Francesca e Michael estão começando a se acertar, e John e eu estamos muito bem. Isso tudo me deixa muito aliviada.

Entro no meu quarto e me jogo na cama. Mesmo com toda a felicidade que sinto, ainda estou cansada. Pensar na minha família me deixa com um peso no peito do qual não consigo me lembrar com facilidade. E não sei como fazer esse sentimento passar.

E perguntas inevitáveis vem com esse pensamento. Será que vou ficar aqui pra sempre? Ou vou voltar quando menos esperar?