Capítulo Seis

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Colin dança muito bem. Me guia com leveza, até parece que somos um, que sei o que ele fará em seguida. Temos uma sincronia impressionante.

- Como passou os últimos dias, senhorita? Lembrou de algo?

- Não, ainda não. Espero lembrar em breve. É muito estranho não saber das próprias origens.

- Imagino. Poderíamos procurar as autoridades, ver se há alguém te procurando.

Sorrio.

- Está me expulsando da casa dos seus pais, senhor Bridgerton?

- Não, claro que não. Me desculpe se foi isso que pareceu.

- Não se preocupe, estava apenas brincando.

Ele sorri. Meu olhar cruza com o de Penélope, ainda na lateral do salão. Me lembro da promessa, e penso em como abordar o assunto sutilmente.

- Gostou de dançar com a senhorita Featherington?

- Sim. Penélope é uma boa dançarina. Nunca pisa no meu pé.

- E é tão simpática e inteligente. O homem que se casar com ela será muito sortudo. - Ele olha para a ruiva, eu percebo. - Sinceramente, ainda não sei como não está casada. Os homens daqui devem ser muito tolos para deixá-la escapar.

- E eu sou um deles?

Ele parece esperar por uma negação.

- É sim. Mas a sua tolice não é igual a dos outros, posso ver pela pouca convivência que tivemos.

- Obrigado? - Suas sobrancelhas se erguem. - Penélope é uma boa pessoa, eu sei, mas não estou interessado em me casar. E depois do que aconteceu, creio que ela não esteja nem um pouco interessada em qualquer coisa comigo.

Eu sei o que aconteceu. Mas franzo a testa.

- E o que aconteceu?

- Não, não posso dizer. Vai me achar um cretino.

- Não vou. Acho que isso é impossível, na verdade.

Ele permanece em silêncio por muito tempo. Eu não faço o menor movimento para interromper seus pensamentos. Se ele estiver confortável, com certeza vai falar.

- Disse a ela que nunca casaria com ela. Não diretamente. Mas ela me escutou quando falei aos meus irmãos.

- Ah. Isso é grave. Ela deve ter ficado bastante magoada.

- A senhorita quer que eu fique com a consciência ainda mais pesada?

- Não, apenas te ajudar a fazer as pazes. Penélope não tem muitos amigos e a família dela não ajuda, então se o senhor se aproximar talvez ela te perdoe. Aos poucos, sem tocar nesse assunto, assim ela não vai achar que está se aproximando apenas por sua consciência.

- Talvez eu deva seguir seu conselho. - Ele olha além de mim. - Ela agiu como se minhas palavras não atingissem, mas eu sei que sim. E não quero isso.

- Então faça o que eu disser. Prometo que não irá se arrepender.

- Estou contando com isso. - A música para e ele beija minha mão. - Obrigado pela companhia, senhorita. Depois conversamos mais sobre esse assunto.

- Claro. O senhor sabe onde me encontrar.

Ele me deixa perto de Kate, que estava conversando com a madrasta eu acho. Sorrio pra ela.

- Senhorita Ballard, amanhã daremos um almoço na nossa casa, e a senhorita está mais que convidada.

- Obrigada. Será um prazer. Estou ansiosa para conhecer seus filhos. Vocês formam um casal tão bonito, eles devem ser lindos também.

Era uma Vez... Os BridgertonOnde histórias criam vida. Descubra agora