Capítulo Vinte e Seis

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Já faz meia hora que estamos aqui. Pelo menos é o que eu acho.

Ninguem fala diretamente comigo, mas sinto o nervosismo deles além do meu. Acho que por mais que acreditem que o plano é perfeito, não tem certeza tanta certeza assim. Nem eu tenho tanta certeza se tem alguma chance de me encontrarem aqui. Então preciso pensar numa forma de me livrar desses dois farsantes. 

Mas como? Minhas mãos estão presas e não tem nada com que possa me defender. Talvez seja melhor esperar até saber como eles vão prosseguir antes de fazer alguma coisa.

A mulher se aproxima de uma mesinha próxima a onde estou sentada com um papel na mão.

- Traga ela até aqui. - O marido dela me levanta de onde estou no chão e me faz sentar numa cadeira. - Nós vamos desamarrar você, mas não tente dar uma de esperta.

Eugene puxa as cordas com força e meus pulsos doem mais ainda. Ele me entrega uma pena.

- Escreve.

- O que? - Tento dizer, mesmo com o pano na boca.

- Diga ao seu noivo que estamos com você e que a devolveremos depois que a quantia pedida for entregue. - Ela completa.

Tento pensar rápido. Não tenho informações suficientes pra colocar algo escondido no bilhete, não sei o endereço. Mas sei a direção que tomamos. Tem que servir.

Termino de escrever tudo o que pedem no mínimo de palavra possíveis, mas escrevo algumas letras com mais força, espero que John perceba.

Ela pega o bilhete e lê o que foi escrito. Fico nervosa. Ela me olha e bate com força no meu rosto.

- Não tente mudar enganar, garota. Sem letras mais escuras, sem letras maiusculas, nem nada que eu possa pensar ser suspeito, ou da próxima vez eu corto seu rostinho. - Ela aperta meu queixo. - Então vamos ver se seu Conde ainda vai te querer.

Ela me solta, jogando minha cabeça na direção da mesa, onde coloca outro papel. Meu rosto arde e meus olhos estão cheios de lágrimas. Mas me seguro. Dessa vez, escrevendo apenas o que ela dita.

- Bom trabalho. - Ela entrega o papel ao marido. - Faça como combinamos para que não desconfiem e não volte sem uma resposta.

- Eu volto logo. - Ele sorri e então sai.

A mulher sente de frente pra mim e respira fundo.

- Agora somos apenas nós, garota. Voi te amarrar de no o e você vai ficar quietinha, não tente nenhuma gracinha ou seu conde ficará viúvo antes mesmo de se casar.

Faço um gesto afirmativo com a cabeça e ela se aproxima pra amarrar o nó que prende meus braços. Percebo que meus pulsos estão avermelhados e ardem um pouco por causa do aperto.

Quando ela pega a corda novamente, espero um pouco e olho pra porta. Está perto o suficiente. E eles não amarraram meus pés. Então chuto a barriga da mais velha, a fazendo cair. Me levanto rápido e corro até a saída, mas ela agarra meu pé antes que possa alcançar a maçaneta. Caio de cara no chão, mas o protejo do impacto com a ajuda dos braços.

Antes de conseguir me levantar, sinto meus cabelos sendo puxados e algo pontiagudo nas minhas costas.

- Disse para não tentar nada. - Ela me faz levantar e quase choro dessa vez. A dor no meu couro cabeludo é enorme. - Sorte sua seu noivo parecer gostar de você. Senão a machucaria bem mais.

Ela me joga de volta na cadeira e prende minhas mãos e pés dessa vez, meio que sorrindo, meio que fazendo uma careta. Não entendo muito bem o que queria fazer, mas o resultado não é muito bonito. 

- Acha que vai conseguir escapar? Você é apenas uma garotinha boba, não se iluda. - Ela senta de novo.

Então o silêncio reina. Ela não tira os olhos de mim e eu nem tento buscar uma forma de fugir. Agora é que não vou conseguir mesmo.

O marido dela entra pela porta num dado momento, mas não me importo. Eles parecem felizes com a resposta, então John deve ter concordado em pagá-los.

- Onde faremos a troca?

- Deve ser em um local discreto, não queremos...

Ele para de falar quando o barulho alto da porta se abrindo nos chama a atenção. O alívio toma conta de mim quando vejo Michael e, em seguida, John entrando. Ele me procura com o olhar e, dessa vez, me permito chorar.

Eugene vai pra cima de Michael, que se defende com bengala que passou a usar, ainda por conta da perna. John vem na minha direção pra me desamarrar. Ele tira o pano da minha boca e então solta minhas mãos.

Vejo Mary vindo em nossa direção com uma faca e me assusto.

- John!

O empurro pro lado e ela acaba acertando a lateral do meu corpo. Caio no chão ainda presa na cadeira e a mulher vem junto, aumentando minha dor. John a tira de cima de mim e a afasta.

- Você está machucada. - Michael se aproxima e toca o tecido ao redor do corte com delicadeza, mas dói e arde tanto.

Ele desamarrar meus pés.

- Os oficiais estão chegando. - John aparece no meu campo de visão e me puxa pra perto. - Michael cuide dela por enquanto. - Acho que fala sobre Mary. - Vamos sair daqui, precisamos cuidar de você, está sangrando muito. - Ele beija minha testa. - Vai ficar tudo bem.

- Tudo bem. - Ele ergue meu corpo com cuidado, mas o sinto cada vez mais fraco. - Acho... Acho que vou...

Não consigo terminar, desmaio antes disso.

*

E é isso. Acho que tá melhor que a outra cena, mas ainda tô meio assim... Enfim, espero que tenham gostado. 
Se quiser, comente e vote pra me deixar feliz. Também vai lá n'A princesa dos corações partidos, não é porque é meu, mas é um ótimo livro kk. Beijão, até o próximo.

Era uma Vez... Os BridgertonOnde histórias criam vida. Descubra agora