Capítulo Dezoito

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No dia da exposição, John e Michael vêm nos buscar as dez da manhã. Eu fico um pouco nervosa, já que é a primeira vez que nos encontramos depois do baile e do que ele não viu, mas suspeita. Mas Michael não diz nada sobre isso. Talvez pra não arruinar as chances do primo com Francesca.

Na carruagem, não conversamos muito, mas Francesca parece interessada nas histórias que Michael conta e acabo me lembrando da perna machucada dele. Ainda deve incomodar, mas ele veio do mesmo jeito.

- Como passou desde que nos vimos? - John fala, quando saímos da carruagem.

Estou prestes a responder quando...

- Muito bem. Obrigada por perguntar. - Francesca responde. - Gostei bastante da sua visita ontem.

- Eu também. A senhorita é uma ótima companhia. - Ela prende o braço ao dele e os dois vão na frente. - Obrigado por aceitar meu convite.

- Como poderia recusar? - Ela sorri.

Não consigo ouvir o restante da conversa. Michael pigarreia é ergue o braço pra que eu possa segurar.

- Senhorita? - Apoio minha mão no seu braço, ainda tentando ver onde John e Francesca estão. - Gosta de arte?

- Gosto. Mas não entendo nada.

- Digo o mesmo. Estou aqui para apreciar a beleza das obras. - Percebo que me olha quando fala: - E a senhorita? Qual é o seu objetivo?

- O senhor sabe. Seu primo me disse que esclareceu tudo com o senhor. Ele não fez isso?

- Sim, mas queria ver com meus próprios olhos. - Vejo nossos companheiros pouco mais a frente e acelero o passo. Escuto uma risadinha vinda de Michael, mas ignoro. - Agora eu entendo o que ele me disse.

- Hum. - Os dois param e olham para trás, nos esperando, então diminuo o passo. Não quero que pensem que quero ouvir a conversa. - Porque não continuaram? Não nos importamos de ficar para trás.

- Não? - Michael sorri.

- Não. - Respondo.

- Bom saber. - John fala. - Mas queremos a companhia dos dois então vamos todos juntos.

Andamos pelo museu devagar, admirando cada pintura e escultura, são muito bonitas, mas algumas são um pouco... Irreconheciveis. Ou será que sou eu que não consigo entender? Talvez seja isso.

Paro em frente a pintura de uma clareira iluminada pela luz da lua e acabo pensando na minha amiga. Nina e eu com certeza adoraríamos passar uma tarde de bobeira num lugar assim. Isso me faz sentir ainda mais a falta dela.

Respiro fundo, expulsando as lágrimas nos meus olhos e volto a me concentrar na pintura. Vejo Michael e Francesca um pouco distantes observando outra obra e conversando empolgados. Eles gostam de arte tanto assim? Ele disse que não entendia.

- Senhorita Ballard? - Sinto a mão de John tocar meu braço, então olho pra ele. - Tudo bem? Parece triste.

- Não. Apenas... - Olho a pintura. - É tão linda, não acha?

- Sim. Muito linda.

Olho pra ele, que já estava me olhando.

- Me pergunto se já estive num lugar assim. Com minha família ou amigos. Queria poder me lembrar.

Dói mentir pra ele. Mas o que posso dizer? A verdade é muito complicada, então essa é a melhor desculpa que posso dar pro meu nariz vermelho.

John franze a testa.

- Então, agora quer ir embora? Quer voltar para casa? Pensei que não quisesse ir. Que quisesse ficar aqui. O que a fez mudar de ideia?

- Eu... - Agora quem está com a testa franzida sou eu. Desvio o olhar. - Não, não quero ir embora. Apenas estava me perguntando.

- Que bom. Faz tão pouco tempo, imaginei que não tinha mudado sua forma de pensar.

- O que quer dizer com isso? Faz pouco tempo?

Ele apenas me olha por algum tempo, então se aproxima antes de responder.

- No seu quarto. - Fala baixo. - Faz pouco tempo que me disse que não queria partir.

Abro a boca, mas nada sai. Ainda estou pensando. Não foi um sonho então? Tudo, os beijos, foram de verdade?

- Então, quer dizer que foi real? - Falo mais pra mim que pra ele.

- Sim. - Ele sorri. - Pensou que havia sido um sonho?

- É... Eu... - Fecho os olhos com força. - Na verdade, pensei.

- Por que?

- Você não estava no quarto quando acordei e logo em seguida a criada entrou pela porta que, aparentemente, eu havia trancado. Pensei que talvez tudo aquilo não tivesse sido real.

- Mas foi. Queria ter falado com você antes de ir embora, mas acordei tarde, não queria deixá-la numa situação comprometedora, então destranquei a porta e saí pela janela.

- E porque não tocou no assunto ontem?

- Não queria que tivesse a mesma reação que teve ao beijo, então achei melhor não falar nada.

- Entendo. Eu realmente não sei o que dizer sobre isso. - Mordo o lábio e olho ao redor. Não tem muita gente por perto e não vejo Francisca e Michael. - Onde estão a senhorita Bridgerton e seu primo?

- Não devem estar longe. Vamos. - Ele me oferece o braço. - Quero falar com você sobre algo.

Ele me leva até uma sala com menos movimento e nos afasta da entrada.

- Sobre o que quer falar?

- Sobre nós. E antes que diga algo, sim, existe um nós.

- Mas... E a senhorita Bridgerton?

- Ela quer que sejamos felizes. - Ele segura minha mão. - Não entende? Isso foi apenas uma desculpa para passar algum tempo com você. - John respira fundo. - Não era minha intenção revelar isso tão cedo, mas depois do beijo e do que me disse no seu quarto. Não é possível que não sinta nada por mim.

- John...

- Por favor, seja sincera. Se disser que não sente nada por mim, eu desisto. Não insistirei mais nesse assunto. Prometo.

- Eu... - O que eu digo? - Eu... - Cansei de mentir. - Estou apaixonada por você, John Stirling, e estou cansada de tentar esconder isso.

Ele sorri, então me beija. É só um leve toque de lábios, afinal estamos em público, mas nem por isso deixa de fazer meu coração bater ainda mais forte. Assim como as palavras que diz em seguida.

- E eu estou apaixonado por você, Catherine Ballard. - Ele segura meu rosto com delicadeza enquanto diz: - E quero que o mundo inteiro saiba disso.

*
Desculpem por qualquer erro.
Se gostaram, comentem e votem, me incentiva muito, vocês nem imaginam. Pode parecer bobo, mas assim eu sinto que o que tô escrevendo vale a pena.
Deem uma migalhinha de atenção pra essa escritora iniciante, hum?
Beijão, até amanhã.

Era uma Vez... Os BridgertonOnde histórias criam vida. Descubra agora