Capítulo Onze

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- Senhorita? - A voz me assusta. - Me desculpe. Minha mãe disse que não se sentia bem, então vim ver como está.

- Não é nada. - Olho na direção dele, que se aproxima. - Apenas calor. Uma bobagem.

Ele para ao meu lado. Sua mão cobre a minha. A sensação é reconfortante, mas me esforço pra me afastar do seu toque do mesmo jeito. Finjo que estou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. 

- Se é apenas isso, me sinto mais aliviado. - Ele desvia o olhar de mim e olha pra escuridão do céu. - Sei que não nos falamos por mais que dois minutos hoje. Me perdoe por isso. Mas precisava falar com o visconde.

Meu coração para.

- Sobre o que? - A antecipação parece me congelar. Quero mesmo ouvir a resposta?

- Sobre você. - Ele sorri. - Não pense que por não ter uma família serei desrespeitoso. Pedi a permissão do visconde para lhe cortejar, visto que é seu responsável.

- Mesmo? O senhor quer me cortejar? - Finalmente olho diretamente pra ele.

- Pensei que tinha deixado claro. - Ele levanta meu queixo. Eu deixo. - Não paro de pensar em você desde que nos vimos pela primeira vez.

- Mas nem nos falamos direito. Não nos conhecemos. E não acho que dará certo. Há moças bem melhores que eu em Londres.

- Podemos nos conhecer. E tenho certeza de que não há moça melhor para mim do que a senhorita. 

- Eu não sei... - Fecho os olhos quando ele toca minha bochecha. 

- Não pense, senhorita. Apenas sinta. O que seu coração diz?

Sorrio.

- Exatamente o mesmo que o senhor. Para não pensar. - Mas eu prefiro ouvir meu cérebro.  Abro os olhos e me afasto, tirando sua mão do meu rosto. - Mas não posso dar ouvidos a ele, me desculpe.  

- Porque não? O que a impede? 

Ele aproxima o rosto do meu. Meu coração dispara. Mas viro um pouco o rosto pra que nossos lábios não se toquem.

- Não sou a pessoa certo para o senhor. - Droga. Não era assim que eu queria que acontecesse! - Mas Francesca, ela é perfeita. Posso ajudá-lo a se aproximar dela. Tenho certeza que a amará assim que conhecê-la melhor.

- Não é por ela que meu coração bate mais forte. É pela senhorita. Estou tentando deixar isso claro desde que chegou, desde o nosso encontro no parque. 

- Me desculpe. - Dou um passo pra trás. Olho na direção da porta, não consigo ver ninguém então eles não devem ter visto o que estava acontecendo aqui. Bom. - Não posso aceitar esse tipo de aproximação com o senhor. Mas posso ajudá-lo com a senhorita Bridgerton, como já disse, vocês combinam.

- Acho que não é a senhorita quem decide isso. 

- Realmente, não. Mas quando o senhor se permitir conhecê-la, saberá que estou certa. - Me afasto mais, mesmo com a garganta fechada por conta das lágrimas. - Com licença. 

-  Claro. Pode ir. Mas não pode fugir da verdade, no fundo a senhorita sabe que não. 

Não respondo. Respiro fundo e continuo andando até as senhoras. A mãe de John é a primeira a notar minha volta. 

- Está se sentindo bem, querida? Seus olhos estão vermelhos. 

- Não. Acho que posso estar no inicio de um resfriado. Não me sinto bem. - Olho pra senhora Bridgerton. - Gostaria de voltar, se a senhora permitir. 

- Claro, Cat. Vamos todos para casa. Não queremos vê-la piorar.

- Mas vocês estão se divertindo, não quero atrapalhar, o cocheiro pode me levar. Não tem problema.

- Sua saúde é o mais importante. - Eloise fica do meu lado. - Não discuta. Vamos. 

Violet fala com o marido e todos se despedem. As senhoras me desejam melhoras e John beija minha mão, causando outra dor no meu peito. 

- Não desistirei assim tão fácil, senhorita. - Sussurra. - Espero que não seja nada e que fique bem logo. Farei uma visita quando se sentir melhor. - Fala mais alto.

Forço um pequeno sorriso para manter as impressões e me despeço. Quando me acomodo na carruagem, me permito relaxar. Suspiro. Vai ser mais difícil do que pensei. - Eloise segura minha mão.

- Cat? - Chama minha atenção. - Vi que o conde foi lhe fazer companhia. Ele não fez nada que a deixou assim não foi? Tentou forçá-la a algo?

- Não, claro que não. Apenas conversamos, não foi nada que ele fez. - Foi algo que eu fiz. - Não pense isso, o conde é um bom homem. Quero apenas descansar um pouco.

- Claro. Quando chegarmos em casa eu te acordo. 

- Obrigada. - Sorrio fraco pra ela.

Apoio minha cabeça no vidro e fecho os olhos, sem conseguir impedir que uma lágrima teimosa escorra pela minha bochecha. Mas o quanto antes eu afastasse o conde melhor pra nós dois. Eu fiz a coisa certa. 


Qualquer erro podem me falar.

Pra quem já leu na minha outra conta, a partir daqui as coisa vão acontecer de um jeito diferente, espero que gostem. Beijão, até o próximo capitulo. 😘

Era uma Vez... Os BridgertonOnde histórias criam vida. Descubra agora