Era uma Vez... Os Bridgerton

Capítulo Três

Depois do que pareceu ser o melhor sono da minha vida, minha barriga começa a roncar. Roncar mesmo, e bem alto. Acho que foi esse barulho que me acordou. Me remexo um pouco na cama, com pena de deixá-la tão cedo. Mas a fome não permite que eu aproveite mais. Então abro os olhos.

Está mais claro do que eu imaginava, é a primeira coisa que penso.

- Senhorita? - Me assusto com a voz que vem... Do além? - Que bom que acordou. Está dormindo há muito tempo.

A dona da voz aparece ao meu lado. É, parece que a voz veio de mais perto do que imaginei. Ela sorri pra mim e coloca uma bandeja sobre a cama.

- Quem é você? - Consigo perguntar enquanto me levanto e percebo que não estou no meu quarto.

- Rose, senhorita. A senhora Bridgerton me pediu que trouxesse seu desjejum, eles já terminaram o deles há algum tempo, e não poderiam te deixar com fome.

- Senhora Bridgerton? - Ela assente, e... Ai meu Deus. Aconteceu de novo. Aconteceu de novo! Tenho que me controlar. - E como vim parar aqui?

- A encontraram desmaiada no jardim. Sorte a sua que o casamento foi ontem, ou não sei se teriam te encontrado com tanto tumulto.

- Casamento? Quem se casou?

- O senhor Benedict, segundo filho do visconde. Sabe de quem se trata, certo?

- Sim, claro. - Sorrio. - Obrigada.

- Só estou fazendo meu trabalho, senhorita... - Ela franze a testa. - Como é mesmo o seu nome?

- Catherine Ballard. Pode agradecer aos senhores da casa pela ajuda?

- A senhorita mesma pode fazer isso. - Meu coração dispara. É verdade, eu posso. Parece até mentira. - Quando terminar o desjejum a levo para vê-los. Volto em breve. Com licença.

Ela sai, me deixando completamente encantada. Olho ao redor. Parece tudo tão elegante, tão bonito. Muito melhor do que imaginei. Mas, é claro, são os Bridgertons. Que moram aqui, exatamente onde estou, que estão andando por esses corredores, que estão respirando o mesmo ar que eu! Acho que poderia mesmo desmaiar de emoção. Se eu não estivesse com tanta fome, claro.

Pego algumas frutas da bandeja e as coloco na boca, então coloco geleia nas torradas. Huuum. Está tudo uma delícia. Até o chá, que desconfio ser chá verde, está maravilhoso. O que a fome não faz. Tudo o que Rose trouxe acaba bem rápido, então, já saciada, me concentro em encontrar minha bolsa. Se é que ela veio junto. Olho embaixo da cama, mas não encontro, dentro da gaveta da criado mudo, nada. É, acho que eu vim sozinha. Melhor assim. Não seria bom se olhassem o conteúdo.

Ando até a penteadeira. Meu cabelo está um ninho, mas em compensação meu rosto está com a aparência boa, deve ser a mudança de tempo. Até meus olhos parecem mais verdes.

Pelo reflexo, vejo Rose entrar com um vestido azul em mãos. Viro na direção dela enquanto coloca a peça de roupa na cama.

- Trouxe para a senhorita. Já está com esse vestido há muito tempo.

- É muita gentileza. - Sorrio. - E o café da manhã estava ótimo.

- Direi a nossa cozinheira que estava do seu agrado. - Ela entra pela porta ao lado e volta bem rápido. - A água do seu banho está morna.

- Ah. Certo. - Ando até o quarto ao lado. - Obrigada. - Ela vem atrás de mim. - O que...? Não, não precisa vir. Posso fazer isso sozinha.

- Como quiser, senhorita Ballard. Estarei aqui fora, caso precise.