Conversar com as irmãs Bridgerton me distrai. Mas não posso deixar de notar que Colin desapareceu desde que conversamos, e isso me deixa preocupada, mas deixo pra pensar sobre o assunto depois quando John e Penélope se aproximam de onde estamos. Ele deve convidar Francesca pra dançar.
- Com licença. A senhorita Ballard me deve uma dança. Posso roubá-la por um instante?
Não era o que esperava, mas entendo. Talvez seja melhor dançar comigo e depois com ela, teoricamente ele está me cortejando, afinal, então não falo nada.
- Claro. - Daphne dz. - Mas não esqueça de devolvê-la, ou teremos sérios problemas com minha mãe.
- Não esquecerei. Não se preocupe.
Ele segura a minha mão com delicadeza, então nos juntamos aos outros casais. A música suave começa e nos aproximamos um pouco mais pra poder conversar, mas não tanto, afinal não estamos no século XXI. E não quero alimentar um sentimento que não pode ser real.
- Senti sua falta durante esses dias. - Começa, me surpreendendo de novo. - Conversar por escrito não é tão divertido quanto pessoalmente. - Ah. Claro. Não tem nada de romântico nisso. - Consegui adiantar algumas coisas sobre a nossa propriedade, então podemos prosseguir com o planejado. Espero que dê tudo certo.
- O que tem em mente? Não decidimos o local do encontro.
- Talvez um passeio pelo parque, ou pelo museu. Soube de uma exposição que parece ser incrível, pode ser interessante.
- Acho que um passeio pelo parque seria ótimo, mas o museu é mais discreto não acha? Imagino que Francesca gostaria disso.
- Se você diz. Talvez devêssemos nos retirar para repassar o que diremos.
- Claro. Era o que iria sugerir. Vamos até a sacada.
-Vamos. - A música acaba, então começamos a andar na direção certa. John segura minha mão. - Por aqui.
Ele olha para os lados, então me tira do salão. Espero que ninguém tenha notado ou estarei encrencada. Eles não podem acreditar que teremos um encontro romântico em algum canto escuro ou tudo estará perdido. Nunca vão acreditar quando nos "separarmos".
- John. - Ao ver que passamos direto pela sacada, falo baixo. Nunca se sabe quem está escutando. - Onde estamos indo?
- Você verá. - Ele abre uma porta.- Aqui teremos mais privacidade. - Fecha a porta.
É uma biblioteca. Ando até ficar escondida pelas prateleiras e ele me segue. Não seria bom se alguém entrasse de repente.
- Sabe que não é apropriado. Se nos virem aqui pensarão mal.
- Me desculpe. Eu sei, mas... Não queria que ninguém nos ouvisse.
- Eu também não. Não é apropriado, certo. Mas alguns minutos não farão mal. É por uma boa causa.
- Uma ótima causa. - Ele sorri.
Fico encarando seu sorriso por um tempo. Parece que faz uma eternidade desde que o vi pela última vez. Quando percebo o que estou fazendo, pisco os olhos bem forte pra voltar a realidade e repasso as palavras que precisamos dizer.
- Então, primeiro, o que diremos ao convidá-la. - Começo.
Finalizo falando sobre nosso rompimento então, quando está tudo decidido e memorizado, estamos prontos pra sair, mas ouvimos a porta.
Nos olhamos em silencio e nos afastamos o máximo que podemos do barulho dos passos. John me segura meus braços e me faz encostar numa das prateleiras e fica de frente pra mim, escondidos de quem seja.
Estamos tão próximos que sinto sua respiração no topo da minha cabeça. Olho pra cima e vejo que ele olha na direção de onde estávamos, tentando ver se é seguro sair, mas logo desvia o olhar, me pegando no flagra. Não consigo não olhar pra ele. Ele também parece não conseguir.
Sua mão vem até o meu rosto e tira um fio de cabelo preso no meu cílio. Mordo o canto do lábio aproveitando o calor da sua mão na minha pele e ainda mais quando seu polegar toca minha bochecha. Levanto mais a cabeça pra olhar melhor pra ele.
John toca meu lábio inferior com o polegar e aproxima nossos rostos. Em pouco tempo, não resta distancia entre nós. Seus lábios tocam os meus com gentileza, apenas pressionados aos meus. Então levo minha mão até sua nuca e me coloco na ponta dos pés, abrindo meus lábios pra aprofundar o beijo. Ele é tão gentil e cada movimento dos seus lábios é lento, como se quisesse saborear cada momento. Uma de suas mãos vai até minha cintura e me puxa pra mais perto, juntando nossos corpos. Me seguro na sua camisa por baixo do casaco com minha mão livre e me permito aproveitar. Sem pensar em história, em certo ou...
Um barulho faz eu me afastar. Não muito, apenas o bastante pra interromper o beijo, que ainda parece um sonho.
Tento acalmar minha respiração pesada. Mas é um pouco difícil. Meu coração ainda está batendo muito forte.
- Acho que a pessoa foi embora. - John é o primeiro a falar.
- Claro. Precisamos ir. - Mas não nos afastamos. - Devem estar sentindo nossa falta.
- Devem. Tem razão.
Ficamos em silêncio
- Não devia ter me beijado. - Falo quase num sussurro. Ele fica em silêncio. - Porque fez isso?
- Eu pensei... - John fecha os olhos com força e suspira. - Nada. Me desculpe. Vamos.
Saímos do nosso esconderijo e andamos até a porta. Ainda consigo sentir onde nos tocamos, como se tivesse sido marcado em mim. Foi tão bom. Como posso ajudá-lo com Francesca depois disso?
Escuto um pigarro que me assusta e interrompe meus pensamentos. Uma voz chega até nós antes de termos a oportunidade de virar o corpo na direção de seu dono.
- John Stirling, não pensei que fosse do tipo que beijava donzelas em cantos escuros.
John olha para o homem de cabelos escuros sentado na poltrona e parece muito surpreso quando o reconhece. E também feliz.
- Michael? - Ele sorri.
Olho de John para o outro homem.
- Michael? - Deixo escapar.
*
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Era uma Vez... Os Bridgerton
FanfictionCat Ballard tem a vida mais sem graça de todas. Ela não sai, não tem muitos amigos e sente como se não pertencesse a esse mundo. No seu último ano no colégio, ela não espera que sua vida sofra nenhuma mudança, mas se surpreende quando, de forma ines...